É impossível ser feliz sozinho, Tom Jobim acertou. Na vida, vínculos nascem a todo instante, mas é difícil marcar o momento exato do surgimento desses elos. A forma, a intensidade e a duração são igualmente misteriosos. O que a gente sabe é que essas ligações se mostram em situações banais.
No silêncio confortável enquanto dividimos pipoca com o irmão mais novo. Na necessidade desesperada em contar a novidade em primeira mão a um amigo querido. No olhar de cumplicidade quando palavras não podem ser ditas. No disparar do coração ao avistar de longe quem você mais esperava. No aconchego de um abraço depois de um dia caótico.
E mesmo que os laços dêem nó, se desfaçam ou se embaracem, as marcas ficam, em forma de voz, cheiro e sabor. Sabemos disso, e é por esse motivo que os buscamos. Por todos esses sentimentos que nos tornam humanos. Que nos fazem sentir parte do todo.
Afinal de contas, somos componentes de uma conexão muito maior do que nós mesmos. Somos o colo que segura a criança mais nova da família, o grito de surpresa na festa de aniversário do melhor amigo, o suspiro aliviado quando apita a mensagem: “cheguei”. É essa a verdade inevitável da vida: pessoas precisam de pessoas.