Minha própria realidade
As máscaras da mitomania
As máscaras da realidade
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Construções da realidade
Quantas mentiras contamos por dia? “Chego em cinco minutos” quando na verdade não chegaremos, “sua roupa é muito bonita” quando não gostamos, são algumas das mentiras que contamos no dia a dia, para conviver melhor em sociedade. Porém, as pessoas impõem um limite aceitável das mentiras que falamos e ouvimos.
Quando uma pessoa passa a mentir de maneira exagerada, e isso se torna uma compulsão, a mentira passa a fazer parte de um quadro clínico, e em alguns casos esta pessoa pode desenvolver a mitomania.
A mitomania é um distúrbio psicológico que faz a pessoa mentir compulsivamente, até não conseguir mais sair das suas mentiras, da sua nova realidade.
A professora Leila Tardivo, do Instituto de Psicologia da USP, explica que esse distúrbio geralmente acompanha outros quadros clínicos, como transtorno de personalidade antissocial, como a psicopatia vícios e outras síndromes.
As causas também são diversas, e muitas vezes o desenvolvimento do distúrbio está ligado ao ambiente adverso em que a pessoa cresceu: uma infância conturbada, violenta, ou repleta de mentiras pode fazer com que a pessoa passe a mentir.
Leila explica que, às vezes, a compulsão por mentir também tem origem nos problemas com a autoestima, de pessoas que não aceitam suas condições de vida. “A pessoa diz conhecer lugares que não conhece, viajar para lugares que não foi. Essa pessoa faz sem querer e faz tanto que acaba acreditando”, afirma a professora.
Os casos de mitomania são diversos, mas a professora lembra que a terapia é , em geral, a melhor forma de tratar o mitomaníaco. De acordo com ela, é necessário reconhecer o tipo de mentira que se conta, para então saber o melhor jeito de lidar com o mitomaníaco. O primeiro passo é o paciente se conhecer como compulsivo e aceitar que possui um distúrbio.
Grupos no Facebook que discutem o distúrbio podem ajudar mitomaníacos a se aceitarem, e também amigos de pessoas com distúrbio a compartilharem experiências. Carla* tem uma amiga com mitomania. Ela diz que a convivência, às vezes torna-se bem difícil, pois é difícil confiar na amiga. De acordo com ela, a amiga não revelou ter baixa autoestima, mas algumas de suas atitudes demonstram esse problema, como mentir a roupa que estava usando, mentir sobre seu jantar (o que vai comer), ou até mesmo colocar um refrigerante de outra marca mais barata dentro de uma garrafa de coca-cola.
José*, que faz parte do mesmo grupo no Facebook que discute o distúrbio, diz que manter as mentiras torna-se um “fardo” na vida de quem mente. “Eu acredito que para cada história que se conta tem-se de sustentar uma máscara diferente, às vezes várias”.
Para a professora, pessoas próximas não devem tentar desmascarar um mitomaníaco de forma brusca. Para ajudar, é necessário que se entenda o contexto do mitomaníaco, e que se saiba a melhor maneira de abordar o tema.