TEXTO: LUÍS HENRIQUE FRANCO
ARTE: PEDRO GRAMINHA
Sim, você mesmo. Não precisa fingir. A maioria das pessoas já mentiu em suas
vidas. Aposto que você já mentiu para não ferir os sentimentos de alguém.
Essa é uma das desculpas mais usadas, mas ninguém vai lhe dizer que já
a usou, porque todos sabemos o quanto a sociedade odeia mentirosos.
Você sente culpa quando mente? Provavelmente sim. É comum. A gente
usa a mentira muitas vezes quando falamos com outras pessoas, mas
nos sentimos tão mal ao fazê-lo, porque é algo tão anormal. A própria
psicologia, você pode acreditar, fala que não é natural mentir, porque
toda mentira tem um motivo por trás de tudo.É só ver ao seu redor:
pessoas mentem porque não querem problemas, brigas e castigos, ou en-
tão para fazerem parte de um grupinho que elas gostam ou ganharem uma
posição de respeito. Crianças mentem por medo de seus pais.
Ok, você até pode ter “bons motivos” para mentir. Ainda assim, você sentiu
um frio na barriga ao mentir, não é mesmo? Culpa, ou algo a mais? Veja
bem, a mentira é uma escolha de falar algo falso e, por ser escolha, ativa a
parte do nosso cérebro que toma nossas decisões. Mas mentir é um risco,
e isso também ativa uma outra parte do corpo, o sistema límbico, que
controla nossos sentimentos e vivência emocional. Esse é o seu frio na
barriga. É o medo… somado à culpa, obviamente.
“Mas é só uma mentirinha”, você vai dizer. Para você, real-
mente, aquela pequena enganação não é ruim e pode até
ser benéfica, enquanto a pessoa enganada talvez não veja
diferença alguma.
Eu também já contei algumas pequenas
lorotas. Seus amigos também, algumas até para você. Mas são só
“mentirinhas”, certo? Não tem porque se preocupar sobre em quais mo-
mentos os outros estão te enganando, não é mesmo?
Colaboração: Rita M. T. Russo, Psicóloga Clínica e docente de Pós-Graduação pela Faculdade CENSUPEG; Katerina Lukasova, psicóloga e professora de Bacharelado em Neurociências da UFABC