O “F5” quase quebra, mas garanto o ingresso. A aflição termina para a ansiedade começar. Cada dia é um a menos para o espetáculo e, conforme o tempo passa, maior é o frio na barriga.
Minha escolha vem de influência familiar e as lembranças mais distantes que tenho são dali, ainda criança, cercado de gente cantando em uníssono diante do palco.
Sempre me encantei com a capacidade dos artistas. Mágicos que tiram da cartola o inimaginável e quando percebo, eles já fizerem aquilo que jamais suspeitaria.
Há aqueles que são máquinas, executam cada movimento com perfeição à custa de treino e trabalho duro. Eu prefiro a criatividade porque meus ídolos encarnam o talento.
O dia do show chega e logo cedo meu coração bate mais forte. A presença deles não se limita ao estádio e os símbolos aparecem pelo caminho. Quatro horas antes, já chego e encontro outros fãs vestindo a camisa.
Enquanto esperamos a chegada do ônibus da equipe, em meio ao canto e à dança, nos empurramos em busca do melhor ângulo para foto.
Entramos no estádio e as memórias invadem minha cabeça, como meu tio quebrando a cadeira de vime enquanto assistia pela TV. A trajetória deles reflete a minha história de vida: eles sofrem como sofro e vencem como venço.
Como um só corpo, aumentamos o volume do hino. Abriram-se as cortinas, começou o espetáculo. O juiz apita e a bola rola.
Colaboraram para este texto: Mariana Mandelli e Silvia Pereira, torcedoras da Sociedade Esportiva Palmeiras; Leonardo Sousa, sócio-torcedor do São Paulo Futebol Clube