O sorriso radiante e a leveza no olhar de Diolice Barbosa, 29, conseguem ir além do preto e branco da imagem e mostrar um pouco a força e a alegria de uma mulher determinada que transcende as barreiras impostas pela vida.
Assim como muitas garotas, na infância, Diolice adorava brincar de modelo, desfilando e fazendo pose para fotos. Mas tudo mudou quando, aos 12 anos, ela ficou tetraplégica após um erro médico durante uma cirurgia, tendo que deixar de lado o sonho de infância.
Porém, o que, por muito tempo pareceu impossível, aos poucos, passou a tornar-se realidade. Foi quando conheceu a publicitária e fotógrafa Kica de Castro.
No ano 2000, Castro trocou a rotina caótica da vida publicitária por um cargo de chefia no setor fotográfico de um centro de reabilitação para deficientes. Após anos de estudo observando o impacto da fotografia na auto estima dos pacientes, Kica largou o emprego fixo e, em 2007, abriu uma agência de modelos só para pessoas com deficiência.
Atualmente com 89 profissionais, a agência funciona nos mesmos moldes das tradicionais. Entretanto, a fotógrafa faz questão de ressaltar que não usa nenhum tipo de retoque nas imagens das modelos. “Beleza e deficiência não são palavras opostas”.
Diolice foi uma das cinco modelos que iniciaram o projeto ao lado da publicitária. Ela conheceu Kica através de suas sessões no centro de reabilitação.
“Me sinto mais bonita cada vez que vejo uma foto minha sendo utilizada para mostrar nosso talento. Não tenho vergonha do meu corpo, gosto de mostrar como sou”, conta Diolice, que já foi capa de duas revistas e teve suas fotos exibidas na mostra “Além das Convenções”, realizada em 2015, na cidade de São Paulo, em comemoração ao Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.
Para o futuro, pensa grande: “quero ser destaque de várias campanhas publicitárias”, diz a modelo, que quer dividir as passarelas também com profissionais sem deficiência: “quero a verdadeira inclusão em ação”.