Há muitos produtos industrializados com preço salgado à venda para o público vegano. Porém, alimentos baratos do dia a dia são suficientes para se alimentar bem sem comer carne, leite, ovos, mel e outros itens derivados de animais, como prega essa filosofia. Essa é uma das mensagens difundidas nas redes sociais para levar informação sobre veganismo à periferia.
São páginas mantidas por ativistas que moram em comunidades de baixa renda e mostram que refeições simples e baratas podem satisfazer os critérios de uma dieta vegana. Arroz e feijão é a combinação mais comum encontrada nos posts. Uma dica das páginas para economizar nas frutas é comprá-las na feira, e só se estiverem na estação. A tapioca é muito presente, pois além de ser barata, é versátil na cozinha.
Uma dessa páginas é a “Vegano na Quebrada”, no Instagram, criada por Igor Oliveira, de Campo Grande, na periferia de Campinas. Igor diz que iniciativas como a dele são necessárias porque na TV as pessoas são constantemente induzidas a ter uma dieta com carne, e a possibilidade de uma alternativa não chega à periferia: “O veganismo é elitista demais. Na quebrada as pessoas não têm idéia de que existe a palavra vegano, muito menos sua filosofia”. A página protesta contra a exportação de animais para abate no exterior, explica que os peixes também sentem dor e mostra que é possível fazer um bolo sem leite nem ovos.
Com mais de 30.000 seguidores, a página “Vegano Periférico”, no Instagram e no Facebook, evita estrangeirismos para tornar as informações mais acessíveis. Em um dos posts, a dica para temperar uma salada é usar uma maionese de abacate — também conhecida como guacamole. “Criamos a página para mostrar a nossa realidade sendo veganos e periféricos e como é simples ter uma vida sem causar dor e sofrimento”, diz Leonardo Santos, que criou a página com seu irmão Eduardo Santos.
Os dois, que moram no Parque Itajaí, também na periferia de Campinas, contam na página que foram recentemente a um evento sobre veganismo em São Paulo. O preço para assistir às palestras era de R$ 420,00. Havia produtos caros à venda e uma das reuniões era chamada “Plant-Based Conference”, em inglês mesmo. “Poderia ser um evento muito mais abrangente. Pobres e periféricos só estão ali para servir. Tem as exceções, mas são raras”, comentaram os irmãos no Instagram.