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O fim que vira meio

 

Por Barbara Cavalcanti

 

“Todos têm uma dor”. É seguindo esse pensamento que Vicky Bloch, psicóloga pela PUC de São Paulo, entendeu por onde deveria atuar antes mesmo de dedicar-se ao coaching. Pensou especificamente na dor de quem não consegue visualizar um futuro profissional. E engana-se quem pensa que essa dificuldade afeta apenas jovens executivos. A surpresa é que pessoas à beira da aposentadoria vêm a procura de Bloch em busca de aconselhamento sobre o que fazer quando o tempo em empresas acaba, mas a vontade de trabalhar está longe do fim.

Colunista de “Carreiras” na BandNews e uma das pioneiras do coaching no Brasil, Vicky trabalha com uma classe de aposentados que está longe de ser a média brasileira. Segundo cálculos do Ieprev (Instituto de Estudos Previdenciários), o máximo que um trabalhador que fez ao menos 80% das suas contribuições por valores iguais ao teto previdenciário ganha é de R$5.525, enquanto sessões com a coach podem passar dos mil reais cada.

“A ideia de que aposentadoria é colocar os chinelos e parar de trabalhar não existe mais. Todos querem ter uma participação em algo que dê sentido para a vida”, conta com voz firme. Uma parcela dos clientes de Vicky é composta por profissionais que viram suas identidades se misturarem com as de empresas e, quando esse ciclo termina, o recomeço não é tão fácil quanto parece.

Essa dificuldade de desapego é um dos grandes diferenciais do coaching dedicado a aposentados que buscam uma forma de redirecionar seu conhecimento para uma nova atividade, enquanto uma considerável parcela dos executivos busca o coaching como auxílio no desenvolvimento de habilidades. É o que mostra o levantamento Executive Coaching in Latin America, de 2010, que consultou dados de 182 empresas de 16 países latino-americanos (39 delas brasileiras) e constatou que 84,6% utilizam o coaching executivo como ferramenta para desenvolver a liderança.

Um de seus casos, por exemplo, envolve o médico gestor de um respeitado hospital em São Paulo, que, com quase 80 anos, virou coach. Ele já havia participado de projetos de oncologia no auge de seus 77 anos e, sob a orientação de Vicky, segue na medicina aconselhando outros médicos.

A vivência como diretora de RH no mundo corporativo ajudou a profissional a entender como as dinâmicas profissionais funcionam. “Tenho um cliente que foi primeiro presidente de uma determinada multinacional no Brasil. Depois de um intenso trabalho como executivo, seria um desperdício impedir que ele passe esse conhecimento para outras pessoas”, explica.

Para Vicky, o tempo de trabalho dedicado a uma empresa é apenas uma das partes da jornada profissional de uma pessoa. Portanto, o fim de uma função não representa o término da vida profissional e sim um meio para que os planos individuais de cada cliente se concretizem.

Com a família como prioridade em sua vida, principalmente a sobrinha, que é considerada uma filha para a profissional, Vicky Bloch se mostra uma mulher de causas. “Cada movimento deve ser um passo para um plano maior. Em 20 anos onde eu vou te encontrar?”, finaliza.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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