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De olho na tecnologia

 

Por Larissa Silva

 

Antes de me conhecer, Joana Belarmino, professora da Universidade Federal da Paraíba, enxergava os livros tocando em suas páginas ásperas, já amareladas pelo tempo. Reconhecia a idade do livro pelo cheiro – odor que preenche os pulmões em uma única respirada. Cega desde seu nascimento, ela está entre os 6,5 milhões de brasileiros que têm alguma deficiência na visão, segundo último censo do IBGE.

 

Doron Sadka, diretor da Mais Autonomia, me trouxe de Israel para o Brasil em 2017, com a intenção de ajudar pessoas como Joana. Para ela, ler é ouvir a transcrição de parágrafos, como nos AudioLivros. Porém, a necessidade de áudios feitos em tempo real 一 para todo tipo de ocasião 一 permitiu o desenvolvimento do meu trabalho e de muitos outros projetos.

 

Quando as palavras estão na distância que a visão humana alcança, eu escaneio e as transformo em um áudio que é direcionado para o ouvido da Joana, por meio de um discreto fone. Outros dispositivos também fazem isso, como é o caso do projeto de Rodrigo Ferraz, co-fundador da Sintesoft Tecnologia, que recentemente desenvolveu um sistema para celulares que cria áudios instantâneos de qualquer material escrito. O lançamento foi este ano, em parceria com a Samsung 一 agora a ideia é levar essa tecnologia para dentro das salas de aula, para ajudar na formação de crianças com deficiência visual.

 

Porém, diferente deste aplicativo, também posso reconhecer o rosto de até 150 pessoas e dizer os seus nomes e gêneros. Como peso 23 gramas, Joana me acopla na haste do seu óculos, podendo, assim, me levar para qualquer lugar. Já na questão da acessibilidade, o preço me torna inacessível para muitas pessoas – cerca de R$ 17.900 à vista.

 

O Paraná foi o primeiro Estado brasileiro que disponibilizou meus serviços em sua biblioteca pública, e hoje posso ser encontrado em muitas outras bibliotecas, como nas de São Paulo.  Para Joana, ter acesso a tantas criações tecnológicas é a consumação de um antigo desejo, “os computadores com leitores de voz ampliaram nossas possibilidades. Realizo um grande sonho que é ler sozinha os meus livros de comunicação e jornalismo”, relata a professora. O meu desenvolvimento abriu as portas da independência para muitos cegos pelo mundo. Meu nome é OrCam MyEye e eu sou uma inteligência artificial.

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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