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Estranha fixação

 

Por Carolina Fioratti

 

Após ser bloqueado, seguiu mandando mensagens. Criou contas falsas no Instagram para interagir com a vítima. Apareceu em sua casa sem avisar e procurou suas amigas para ter notícias. Falava que estava apaixonado e não administrava as próprias frustrações. 

 

As situações acima foram descritas por vítimas de stalking, um tipo de perseguição. Ela pode chegar a durar anos e apresenta perigo ao observado, pois esse tem desde sua intimidade até sua vida posta em risco. 

 

O stalking é uma forma de exercer dominação e garantir controle sobre o outro. “Fiquei com medo, ele começou a pesquisar sobre minha faculdade, horários e ruas que eu passava”, conta uma vítima de perseguição online, chamada cyberstalking. O psiquiatra Mario Louzã explica que o stalker, nome dado ao perseguidor, tem noção do erro, mas não liga. Suas ações são premeditadas. No caso citado, ele usava disso para mandar mensagens e importunar a vítima. 

 

Mario diz que a prática é uma característica que acompanha pessoas com transtornos e questões comportamentais. “São problemas de personalidade ou dificuldade de lidar com a rejeição”, completa. A explicação conversa com a história de Robert Bardo, um fã da atriz americana Rebecca Schaeffer. Ele desenvolveu uma obsessão, dizia amá-la e não gostou de vê-la contracenando com outro homem. A perseguição durou três anos, então, em 1989, descobriu seu endereço e apertou o gatilho, tirando a vida da atriz. O episódio motivou a criação de leis nos EUA.

 

No Brasil, em 2016, Ana Hickmann também foi vítima de um fã. Ele invadiu seu hotel e a manteve refém. O stalker acabou morto por tiros disparados pelo cunhado da apresentadora, que conseguiu entrar no quarto. Há registros apenas de casos famosos como esse no país, já que por não ser considerado crime no Brasil, os episódios acabam não sendo contabilizados no meio jurídico.

 

Mas Ana Lara Camargo, promotora de justiça, explica que o ato pode se enquadrar em outras leis, como a Maria da Penha e a das Contravenções Penais. Ela também afirma que, na maioria das vezes, os responsáveis são homens atrás de suas ex-companheiras ou mulheres no geral.

 

O texto foi baseado no relato de vítimas e testemunhas de stalking.

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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