O ser humano sempre buscou ser notável na sua existência e hoje isso está mais fácil. “As redes sociais possibilitaram a hipervisibilidade para qualquer pessoa. Na história da humanidade, sempre buscamos reconhecimento”, explica Fábio Goveia, professor e coordenador do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Essa trilha em busca da atenção é facilitada com a utilização de filtros interpessoais na construção de uma imagem, seja por uma pessoa anônima ou figura pública. Uma das principais plataformas usadas é o Instagram, que possui mais de 1 bilhão de usuários ativos. Profissionais que lidam com essa construção, definem esse processo como sendo baseado na identidade e personalidade de cada um, indo além de fotos no feed e tutorial de maquiagem: há a impressão de opiniões sobre assuntos contemporâneos.
Aretha Procópio, social media e relações públicas de influencers, revela que é muito comum as pessoas quererem falar abertamente sobre diversos temas nas mídias sociais, por exemplo, os incêndios na Amazônia. Mas, se posicionar sobre isso, principalmente por existir usuários que possuem visões contrárias às apresentadas, requer um cuidado para não manchar a imagem de quem está falando. “Se uma pessoa quer falar sobre algum assunto, vamos estudar o tema e abordar de uma maneira que minimize ‘cargas negativas’.”
Isso é exatamente o que faz Júlia Horta, Miss Brasil 2019, jornalista e influenciadora, que recebeu suporte de Aretha durante o ano passado. Ela fala que muitas vezes se sentiu pressionada pelo público que a acompanha para fazer posicionamentos que ela não tinha conhecimento, reconhecendo que não precisava falar sobre. Uma linha semelhante seguida por outros influenciadores, como Gabriel Moraes “Gabb”, criador de conteúdo sobre lifestyle, humor e moda, que diz preferir lidar somente com assuntos da sua zona de conforto.