logotipo do Claro!

 

Germinar

 

Por Vanessa Evelyn

 

IDENTIDADE_Prancheta 1_Prancheta 1

Arte por Gabriella Sales e Mariana Catacci

 

Um jovem, recém entrado no ensino médio, via sua imagem refletida no espelho, mas não se envergava naquele corpo. Não entendia quem era e porque passava por tudo isso. Assim foi a adolescência de Pedro Pinheiro, até que, aos 18 anos, teve contato com a questão da identidade de gênero e descobriu o T da sigla LGBT.  Homem trans, Pedro sabe que se reconhecer como tal é parte essencial de sua identidade, que para ele é aquilo pelo qual é lembrado e apresentado. Aquilo que o define como único.

 

Para completar essa definição de identidade, a cientista social, Karen Florindo, explica que podemos entendê-la como características sociais e culturais que são atribuídas a nós. Ela está diretamente ligada ao ambiente ao qual pertencemos e ao lugar que ocupamos na sociedade:  “[diz respeito] sobre outros indivíduos com quem me relaciono, sobre o espaço, a cultura, a história…”.

 

Mas como encontrar a sua identidade quando o ambiente ao seu redor não te representa? Larissa Barbosa viveu isso durante a infância. Estudando com bolsa de estudos em escolas particulares, nunca se sentiu parte do universo das crianças brancas que a rodeavam. Foi no ensino médio, quando passou a fazer parte de um coletivo negro, que entendeu o motivo de não se sentir parte daquele ambiente. Só a partir disso que Larissa percebeu que ser negra era um fator definitivo para a formação da sua identidade. Para além de defini-la, encontrar parte de sua identidade foi essencial para que se sentisse pertencente a um grupo.

 

Essa busca por pertencimento é natural para Karen Florindo, e está ligada ao fato de sermos seres sociais. “A gente está constantemente  buscando espaços de acolhimento onde a gente possa, de fato, ser.”. Esse processo não aconteceu apenas com Larissa. Pedro iniciou sua transição hormonal enquanto fazia faculdade longe da família e durante alguns meses escondeu esse processo de seu núcleo familiar. Ele viu nos amigos LGBT o suporte que precisava e se apoiou nisso. “Você tem certeza que não é o único… Você tem sempre alguém que te entende para estar com você, para te ouvir, para te aconselhar.”

 

Para Larissa e Pedro, a construção e a aceitação de suas identidades foram processos ligados a outras pessoas e vivências. Foi necessário ter ajuda do exterior para compreender o interior.  Karen resume bem esse processo: “todas as trocas sociais deixam ‘marcas’ em nós e incorporamos – consciente e inconscientemente – algumas delas, as descrevendo como identidade. O meio é a estrutura fundamental nessa construção.”.

 

Colaboraram:

Larissa Barbosa — Estudante e parte do coletivo negro Opá Negra

Pedro Pinheiro — Gestor de Eventos

Karen Florindo — Cientista Social e curadora do blog “Lute como uma gorda”

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

Expediente

Contato

Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Bloco A.

Cidade Universitária, São Paulo - SP CEP: 05508-900

Telefone: (11) 3091-4211

clarousp@gmail.com