Arte por Danilo Moliterno e Gabriella Sales
Tinha uma pedra no meio do caminho. A frase simples sintetiza a aventura que é viver. Aventura, sim, afinal o que é enfrentar um obstáculo senão a maior das epopeias para quem está tentando chegar ao destino final? Destino esse que pode ser a Lua, ou a sua cama quentinha a noite.
Se aventurar é encontrar o inesperado ao dobrar cada esquina. A aventura é o imprevisível, o surpreendente. Ela não manda recado, não é controlada. É uma curva sinuosa com uma pitada de destino, tendo você decidido pegar essa estrada ou não. É o ousado, desafiando riscos e perigos.
A obra mais antiga da literatura, a Epopeia de Gilgamesh, escrita pelos sumérios em torno de 2000 a.C., é uma história de aventura. Hoje, é quase impossível encontrar uma única narrativa que não seja aventuresca — seja ela romance, terror ou fantasia.
E seja a vida imitando a arte ou a arte imitando a vida, não foram poucos os que abandonaram uma cama quente movidos pelo espírito aventureiro. Entre 1385 A.C. e 1285 D.C., os austronésios e seus barquinhos povoaram praticamente todas as ilhas do Pacífico, navegando quase 11 mil km, sem saber o que encontrariam pela frente.
Em 1932, Amelia Earhart atravessou sozinha o Oceano Atlântico, voando por 14 horas e 56 minutos, tendo de enfrentar ventos fortes, gelo e problemas mecânicos. Mas aventurar-se não está só no extraordinário.
Desafios podem ser fazer baldeação em tempo recorde, ou atravessar um vulcão. O frio na barriga pode surgir escalando o Everest, mas também encarando o desconhecido. Por essas aventuras, propositais ou obra do destino, banais ou fora do comum, por vivência ou simples sobrevivência, vivemos.