logotipo do Claro!

 

Pitadas de Raiz

 

Por Adriana Teixeira e Marina Caiado

 

novo-prato-claro

Arte por Bruna Irala e Mayara Prado

 

 

Uma comida que pode te envenenar se não for preparada da forma correta, ou te machucar com espinhos, ou ainda, deixar sua boca dormente. Estranhou? Tudo isso existe aqui no Brasil mesmo, e são comidas queridas por muita gente.

 

Um desses alimentos peculiares é a maniçoba, também conhecida como “feijoada paraense”, que ao invés de levar feijão é feita à base das folhas da mandioca brava, que têm alto teor de cianeto, veneno que pode ser fatal. Por isso mesmo seu preparo é diferenciado, resultando em um prato de textura pastosa e gosto forte, como conta a editora da sessão Comidinhas da Veja São Paulo, Gabriela de Almeida:

 

 

maniçoba Folha de mandioca brava, folha moída, maniçoba cozida e a “feijoada paraense”

 

Para o professor de gastronomia Alessandro Pereira, a maniçoba é um dos pratos brasileiros que pode causar mais estranhamento para quem nunca comeu. A culinária da região Norte do Brasil tem forte influência indígena, o que a torna uma das mais recheadas de ingredientes nativos.

 

Já no centro-oeste, um alimento que rouba a cena de qualquer refeição é o pequi. O nome desse fruto típico do cerrado vem do Tupi, e significa “pele espinhenta”. Não é à toa, já que os caroços amarelos e carnudos têm espinhos em seu interior. Melhor não morder muito forte!

 

unnamedPequi dentro da casca, caroço de pequi cortado (repare nos espinhos), pequi cozido e arroz com pequi

 

Gorduroso e com sabor marcante, o fruto não costuma agradar de primeira e geralmente é consumido junto a outros ingredientes. O chef Álvaro Gasparetto é natural de Mogi das Cruzes (SP), mas mora em Goiânia há cinco anos e aprecia a culinária local, incluindo o pequi, que incorpora em seus cardápios. Mas ele conta que nem sempre foi assim:

Se para ele foi difícil pegar costume, na rotina de Maria Ferreira, que mora no interior de Goiás, o pequi sempre foi algo muito comum e apreciado por toda a família:

 

 

Falando em costume, consegue adivinhar qual é o prato apresentado abaixo?

 

 

A comida descrita por Minéia Teixeira, natural de Manaus, é o tacacá. Ele chama atenção pela dormência na boca causada pelo jambu e pela acidez trazida pelo tucupi, que é a base do prato. Caldo extraído da mandioca e reduzido, o tucupi é um dos ingredientes preferidos do chef rondoniense Diogo Sabião, não só pelo sabor, mas pela história que carrega:

 

 

tacacaTacacá, tucupi, flor de jambu e camarão seco

Para Max Jaques, chef-pesquisador do Instituto Brasil a Gosto, apesar das disparidades, temos ingredientes em comum que unem e aproximam as culinárias regionais do Brasil, como a mandioca, que também pode ser aipim ou macaxeira e é base tanto para a maniçoba e o tacacá quanto para o purê e a farofa. A diferença só depende da tradição e do gosto de cada um.

 

Colaboraram:

-Alessandro Pereira, chef de cozinha e professor de gastronomia no Centro Universitário Araguaia e no SENAC-GO

-Álvaro Gasparetto, chef de cozinha em Goiânia

-Diogo Sabião, chef de cozinha rondoniense à frente do projeto Niá Amazônia

-Gabriela de Almeida, editora da sessão Comidinhas da Veja São Paulo

-Maria Ferreira, do lar, goiana

-Max Jaques, chef-pesquisador do Instituto Brasil a Gosto

-Minéia Teixeira, gerente administrativa, amazonense

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

Expediente

Contato

Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Bloco A.

Cidade Universitária, São Paulo - SP CEP: 05508-900

Telefone: (11) 3091-4211

clarousp@gmail.com