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É só brincadeira?

 

Por Ana Carolina Guerra e Ana Paula Alves

 
Arte por Rebeca Alencar

 

O que a Karol Conká e o Olavo de Carvalho têm em comum? Os dois têm memes que dividiram opiniões. Na internet, muitas trends repassam preconceitos, ofensas ou polêmicas. As “piadas” nunca são vistas da mesma forma por todos e muitas vezes são usadas como ferramenta de poder.

 

Mateus Gruda, especialista em psicologia social, fala que tem muito mais por trás de uma piada. Para ele, o humor é uma forma de expressão muito efetiva, que transmite ideias de forma profunda, rápida, e invade várias áreas da sociedade, desde um bate-papo até a política e arte. Gruda reforça que, com uma brincadeira, é possível falar a coisa mais séria do mundo, continuar padrões sociais e preconceitos ou revolucionar e trazer novos ideais.

 

O humor também possui uma grande capacidade de união. Com seus códigos, ele forma grupos baseados em uma visão de mundo e sobre o que é engraçado ou não. Ao mesmo tempo, possui um caráter segregatório, pois esses grupos são fechados em si, e muitas vezes usam o humor para ridicularizar ou atacar outros. 

 

Na web, os algoritmos fazem com que navegar por assuntos de interesse seja uma experiência mais rápida e, muitas vezes, inconsciente. Ficou mais fácil encontrar conteúdos nas redes sociais que produzem humor de seu agrado, aproximando milhares de pessoas.

 

Esse espaço aparentemente livre para expressar suas opiniões com “brincadeiras” e vê-las aceitas por pessoas com crenças semelhantes cria uma sensação maior de pertencimento. Por isso, muitos utilizam o humor como forma de extravasar ideias e sentimentos reprimidos.

 

Assim surge o humor politicamente incorreto, que se diz transgressor das normas sociais mas, ao atacar minorias, apenas reafirma um padrão existente e se recusa a mudar junto com a sociedade. Gruda aponta que a atração por esse tipo de humor talvez venha pelo desejo do que é “proibido” e da liberdade de se dizer o que quiser.

 

Essa polêmica tem um alvo certo quando envolve figuras públicas sendo tema de piadas ofensivas. Gruda diz que isso se relaciona às múltiplas interpretações do humor: se você odeia a pessoa, é engraçado, se você gosta, é desrespeitoso. Isso varia do contexto de cada caso, mas no geral, figuras públicas são mais propensas por estarem nos holofotes. E com figuras políticas, isso está ligado com um movimento de contraposição ao que elas representam, e o humor, quase incontrolável, é um protesto eficiente. 

 

Seja uma cantora e participante de reality como Karol, figura política influente como Olavo, esses mecanismos do humor e das redes vão muito além de uma simples brincadeira.

Colaboraram:

Mateus Gruda, doutor em psicologia pela Universidade Estadual Paulista

Bianca Tito, mestra em direito pela Faculdade de Direito do Sul de Minas 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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