Denver, 9 de outubro de 1987
Meu precioso Teddy,
Toda noite me pego pensando em você! Espero que esteja bem, tão bem quanto me fez.
Quando te mandei a primeira carta, estava muito frágil. Tudo me parecia ser negado. Me sentia sozinha, incompleta. Então, vi uma entrevista sua na televisão. Aquilo me intrigou. Como um assassino podia estar no seu momento mais vulnerável e ainda se mostrar tão gentil e calmo nessa situação? Eu precisava saber se me entenderia.
Então, você me respondeu, com tanto carinho e atenção, muito mais do que mereço. Você sempre sabe o que dizer no momento certo: as palavras de apoio, os elogios. Me faz sentir a mulher mais especial do mundo, como nunca havia acontecido antes. Estou apaixonada!
Acabo me isolando das pessoas, que fazem com que me sinta errada por ter esse amor. Eles já não entendiam pelo que estava passando e não compreendem o porquê te procurei.
Meus pais e amigos vivem a me importunar, dizendo que me relacionar com você é o que traumatizados ou quem tem problemas familiares fariam. Eles não conseguem entender que não é a falta de algo que me fez te amar, mas o sentimento que você despertou em mim.
Você consegue entender o que sinto melhor do que eu mesma. Só não entendo porque, às vezes, você assume uma postura áspera, fria e rude, como o monstro que dizem que você é, não o homem galante que amo e desejo.
Estou fazendo de tudo para juntar o dinheiro que me pediu. Para compensar a demora, mandarei presentes, mesmo que não tenha me pedido nada desta vez (cigarros, alguns doces e remédios para lhe dar um pouco de conforto no resto de sua pena).
Entendo sua situação e por isso peço que fique calmo. Seu amor já me ajudou a curar as minhas feridas e sei que o meu irá curar as suas, é só questão de tempo. Até lá, continuarei te ajudando aqui de fora da forma que conseguir.
Não perca a esperança, pois eu não perderei. Um dia, iremos nos encontrar e fugir para bem longe dessas pessoas que não entendem nosso amor e, então, poderemos trocar nossos votos em paz.
Mal vejo a hora de sentir meu corpo em seus braços.
Morrendo de amor,
Louise Mae Welsh Bundy
Colaboração: Gilmar Rodrigues, “Loucas de amor”; Adelle Forth, “Psychopathy and the Induction of Desire”; Thais Castoldi, psicóloga