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Faça você mesmo (ou não)

 

Por Bianca Camatta e Maria Carolina Milaré

 
Arte: Mariana Carneiro

A Torre de Pisa ou os prédios tortos da Orla de Santos podem impressionar — ou assustar — quem vê suas irregularidades. Essas construções cederam ao longo dos anos e trazem consequências aos que ainda moram lá. Em Santos, por exemplo, há prédios que possuem inclinações de mais de um metro. Ali, os moradores dão um jeitinho, colocando calções nos móveis e reforçando trancas de janelas e portas. 

Mas não é preciso ir tão longe para encontrar anormalidades estruturais. Habitações que por fora aparentam ser ideais, com paredes retas e solo estável, geram dores de cabeça igualmente desconfortáveis aos moradores. 

A porta emperrada que precisa de uma força a mais para abrir e fechar. Os tímidos pingos de água quente durante os banhos no inverno prestes a queimar o chuveiro. A porta da geladeira fechada por uma corda. O jeitinho certo de ligar o fogão para que as chamas continuem acesas. Tomadas sobrecarregadas na iminência de causar algum desastre.

Essas cenas dificultam o bem-estar e complicam tarefas simples. No fim, como se adaptar e reparar tudo isso? Da única forma possível, claro: com ajuda da internet.

Eletricista? Arquiteto? Isso é da época em que não existia YouTube. Agora tudo é mais fácil. “Como esconder trincas da sua parede. Isso ninguém te ensinou.” “Tire o ar do seu chuveiro…sem chamar ninguém.” “Emenda sem fita isolante, saiba como fazer.” “Veja o que fazer quando seu chuveiro está cheirando queimado.” As preciosidades dos tutoriais ensinam a consertar quase tudo. Poucos minutos e está resolvido, você tem uma perfeita gambiarra!  

Não importa se é gambiarra, “gato”, ou o jeitinho brasileiro, a verdade é que ninguém está ileso. Você pode tentar consertar um vazamento na sua pia e falhar. No máximo o problema e os dígitos da conta de água vão aumentar. Mas tudo tem limites. Querer isolar um fio elétrico com sacolinha de mercado é testar até onde sua fé te mantém vivo. Ou os puxadinhos nas casas para aumentar o espaço, que afloram o arquiteto interior dentro dos moradores, que nem mesmo sabem quanto peso as vigas podem suportar. 

Em Santos, foram as camadas de areia e argila que deixaram os prédios instáveis, a estrutura não foi suficiente para sustentar o peso dos edifícios. Em situações mais simples, a falta de espaço e o uso de materiais duvidosos são o que dão início às adaptações e “consertos”. 

Afinal, tudo é um pouco torto e remendado à sua medida. Na dúvida, fica apenas uma sugestão: consulte um profissional ou você acabará caindo junto com sua própria gambiarra.

COLABORADORES: Leila Oliveira, que passou recentemente por reforma. Lívia Bianchi, moradora de um kitnet. Thiago Silva, estudante. Felipe, eletricista. Denise Nunes, arquiteta.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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