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Longe de ser suficiente

 

Por Laura Guedes e Maria Carolina Milaré

 

Da pressão nos primeiros anos escolares até o vestibular, passando pelo desenvolvimento de novas habilidades, a cobrança de pais sobre filhos pode desencadear danos psicológicos para toda a vida. Este tipo de criação, com exigências exageradas de uma perfeição inalcançável, constrói uma mentalidade em que o erro não pode existir e o indivíduo precisa deixar sua marca no mundo sendo sempre o melhor. Mas quais cicatrizes esta pressão pode ocasionar?

Há uma diferença entre impulsionar os filhos para um bom futuro e exigir altas performances, de forma não saudável. “Uma criança ser incentivada a fazer seu melhor é uma coisa, mas ser cobrada por isto não pode dar um bom resultado”, explica Sandra Regina Silva, psicopedagoga. “Quando não é aceito que você não seja o melhor em tudo, é maléfico em toda e qualquer situação, pois tira o direito de ser humano, e o ser humano erra”, completa.

Situações assim criam uma mentalidade de atrelar a própria valorização ao alcance de bons resultados. Quando chega o momento de encarar desafios na vida adulta, que nem sempre são resolvidos de forma satisfatória, problemas como ansiedade, crise de pânico e depressão podem se manifestar, ressalta Maya Eigenmann, pedagoga e autora do best seller “A raiva não educa. A calma educa”, de 2022.

Esse comportamento, porém, não fica restrito ao período escolar, atingindo até a vida profissional. Muitos pais depositam em seus filhos expectativas frustradas de sua própria trajetória. Segundo uma pesquisa realizada pelo LinkedIn, cerca de 26% dos entrevistados afirmaram que a família está entre as maiores influências na hora de escolher a carreira. Ana Araújo, universitária, conta que escolheu seu curso por ser um sonho frustrado de sua mãe. A autoestima e confiança da jovem foram abaladas ao ponto que ela “sabia que era boa, mas não conseguia enxergar que era o suficiente”.

Por esta constante busca de atender às expectativas elevadas dos pais, muitos indivíduos crescem com a ideia de que seus esforços nunca são o bastante, refletindo em várias áreas da vida. “Quero ser muito boa em tudo e não consigo dizer ‘não’ para algumas demandas de trabalho. Mesmo eu já estando atolada, prefiro ficar trabalhando até mais tarde”, conta Alessandra Rodrigues, administradora de empresas, ao relatar como a pressão que sofreu na infância ainda a afeta seu dia a dia. 

Colaboradores: Larissa Souza, Julia Neves e Diogo Leite, estudantes. 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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