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Existir e resistir

 

Por Emanuely Benjamim e Lorena Corona

 

Arte: Nathalie Rodrigues

A partir de 1500, com o genocídio causado pela colonização portuguesa, a população originária do Brasil sofreu uma drástica redução. À época, os povos indígenas representavam cerca de 3 milhões de pessoas, segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio). Em 1991, o país abrigava apenas 294.131 indígenas, número que, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), subiu para 1,7 milhão de pessoas em 2022.

A destruição desses povos fez com que suas tradições passassem a ser uma lembrança remota e, os que sobreviveram, foram silenciados. Diversas etnias vivem isoladas, o que é um direito garantido pela legislação desde a década de 1980. Algumas possuem poucos sobreviventes, como os Piripkura, que acredita-se ter apenas dois membros atualmente: Tamandua e Baita, que vivem na Terra Indígena Piripkura (MT), onde é proibido o ingresso de pessoas não autorizadas pela Funai.

Um símbolo de resistência, o “índio do buraco” ou “índio Tanaru” foi avistado pela primeira vez em 1996, em Rondônia. Ele foi o último de sua etnia e era conhecido por construir habitações com um buraco no interior. Segundo a Funai, seus últimos companheiros foram assassinados por fazendeiros em 1995. Tanaru viveu isolado por quase 30 anos, até que foi encontrado morto em 2022. Seu nome e sua língua são desconhecidos até hoje.

Contrariando o senso comum, a pesquisadora do Instituto Socioambiental, Tatiane Klein, explica que “as culturas humanas não são objetos que possam estar fadados ao desaparecimento, são fenômenos dinâmicos”. Neste caso, se Tanaru ainda fosse vivo, poderia ensinar sua língua e tradições para passar seus saberes adiante.

Foi com esse intuito que Nhenety, índigena Kariri-Xocó, deu início ao processo de revitalização do idioma de seu povo: “A partir dos registros de comunidades do grupo dialetal, da memória social e as fontes deixadas pelo colonizador, pude trabalhar na recuperação da língua”. 

O semelhante aconteceu com a língua Ofayé, conhecida e falada por apenas 11 pessoas. “A última notícia que recebi é que estão produzindo um material escrito em Ofayé para o ensino da língua”, conta Maria Pankararu, índigena que estudou e contribuiu para a restauração do dialeto em sua tese de doutorado.

Não só pertinentes às próprias comunidades, as influências e contribuições das culturas indígenas para a sociedade vão desde a sócio-diversidade até aspectos básicos como hábitos alimentares. Tatiane destaca que, ao se aproximar de uma etnia, percebe-se a extensão do conhecimento a ser adquirido sobre sua cultura. Mesmo essa interação já representa uma grande riqueza.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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