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Por Camila Sales

 
Arte: Ca Andrade

Os ávidos consumidores de produtos de beleza talvez já tenham ido em alguma loja de maquiagem e reparado na empolgação das meninas de 7 a 12 anos. A Geração Alpha se esbalda em meio aos testers, passando o gloss de um, o pó de outro, uma base em cada lado do rosto. Em geral, são acompanhadas por um adulto exclamando “espera, não passa direto na boca!”.

São cenas comuns nas lojas da Sephora, onde estão algumas das marcas mais celebradas nas redes sociais. A projeção de crescimento para o mercado de beleza global é de cerca de 5% ao ano até 2031, quando acumulará um capital de 663 bilhões de dólares, nos números da Transparency Market Research. Esse fenômeno jovem viral que se espalhou pelo mundo foi apelidado de “Sephora Kids”.

Mas o apelo ao público infantil não é exclusividade das marcas mais luxuosas. Lojinhas por aí compilam tudo que é sonho de consumo da criança que começa a se enxergar como “mocinha”: chaveiros fofos, tiaras brilhantes, maquiagens rosa e skincare baratinho.

A vontade de se sentir adulto é uma parte totalmente normal da infância, já que nessa fase a repetição de comportamentos faz parte do processo de aprendizado, como explica Danielle Adnomi, psiquiatra da infância e adolescência.

Antes, o ato de observar a mãe se pintar, numa cena quase ritualística, agora é uma menina assistindo a uma digital influencer descrever em detalhes o quão magnífico é aquele produto para o qual ela está fazendo “publi”.

Os números refletem também um fenômeno cultural. A consultoria Kantar Brasil mostrou que, para garotas de 11 a 16 anos, as preocupações e inseguranças cresceram entre 2022 e 2023, como o medo da pele cansada e sem brilho, ou das rugas e linhas de expressão. De um ano para o outro, 14% a mais passaram a procurar recomendações de produtos de beleza nas redes sociais.

A pediatra Paula Lenfers define entre o saudável e o problemático desta maneira: “É perigoso quando vira ‘eu preciso passar isso [o produto] para estar bonita’”. A partir daí, podem ser gerados transtornos de imagem, sexualização e, inclusive, culminar em puberdade precoce. Paula orienta que passar maquiagem, se arrumar e se cuidar são atividades que precisam manter sempre o tom lúdico, uma brincadeira de experimentação.

Colaboradores

José Roberto Fraga, dermatologista

Joana Darc Diniz, diretora científica da Sociedade Brasileira de Medicina Estética

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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