logotipo do Claro!

 

MISTÉRIOS À PARTE

 

Por Júlia Galvão

 

Arte: Luana Takahashi

Em um dia comum de trabalho, Ben* recebe um pedido inusitado em seu WhatsApp: “Você pode seguir o meu marido até uma rodoviária?”. A solicitação é feita por uma mulher que jura saber que seu companheiro há 20 anos esconde algo.

O pedido, apesar de estranho, é atendido e a constatação chega após algumas horas: o homem está a traindo com um de seus melhores amigos. A descoberta foi feita por um detetive particular e, mesmo sendo incomum, é só um dos casos coletados por esses investigadores.

A profissão, além de lidar com a delicadeza dessas situações, enfrenta a ausência de detalhamento em sua regulamentação. A ocupação foi reconhecida no país em 2017, com a Lei nº 13.432, mas a legislação ainda não determina aspectos importantes sobre o seu exercício — como um curso ou especialização de formação.

Anderson Araújo, detetive da Alfa Investigações, explica que isso faz com que a aplicação de golpes por parte de indivíduos que se passam por investigadores seja costumeiro.

Luiz Gomes, presidente da Associação Nacional dos Detetives e Investigadores Privados do Brasil (Anadip), indica que a falta de detalhamento da lei muitas vezes afasta a sociedade da profissão. “As pessoas ainda enxergam o detetive como uma pessoa que faz coisas erradas. Uma mudança deve ser feita para a profissão passar a ser vista como aliada”.

O processo de investigação enfrenta, assim, a falta de reconhecimento, a manutenção de uma série de segredos e grandes custos para garantir o sucesso da operação. Os detetives explicam que as investigações conjugais, por exemplo, costumam custar uma média de R$ 5 mil reais, mas trabalhos mais complexos — como aqueles que necessitam de dispositivos específicos — podem ultrapassar os R$ 50 mil.

O caso descrito no início do texto chama atenção para o fato da profissão envolver uma condição humana delicada: o sentimento de traição. Nesse cenário, os entrevistados apontam que é necessário que os investigadores humanizem o processo.

“O detetive particular não está na lista de prioridades de ninguém. Quando a pessoa busca esse serviço, ela já está muito fragilizada e, por isso, tomar cuidado durante a investigação é essencial”, complementa Gomes.

*O nome da fonte foi alterado para preservar sua identidade

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

Expediente

Contato

Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Bloco A.

Cidade Universitária, São Paulo - SP CEP: 05508-900

Telefone: (11) 3091-4211

clarousp@gmail.com