Após receberem uma higienização especial, cães carismáticos adentram as portas de um hospital infantil. Lá, entram nos quartos e recebem, na mesma medida em que dão, carinhos de crianças que passam por tratamentos difíceis, como uma quimioterapia. Fazem o mesmo em asilos, com idosos que carecem de afeto. A prática, que usa cães, cavalos, peixes, tartarugas e pássaros, aumenta o sentimento de afetividade e a socialização em que está sendo tratado.
É a chamada Terapia Assistida por Animais (TAA), que utiliza animais para auxiliar na reabilitação de pacientes, nas áreas psíquicas (como estresse e depressão) e sociais, e também na reeducação física e sensorial. Cavalos, por exemplos, são utilizados para estimular respostas do sistema nervoso central enquanto pacientes com problemas motores cavalgam neles. É também utilizada em situações educacionais, em que o animal entra como uma espécie de co-educador e auxilia na socialização de crianças com pouca desenvoltura.
Apesar de parecer algo simples e prazeroso, a terapia é contestada por alguns ativistas que pregam a liberdade dos animais. Segundo eles, a zooterapia seria uma forma de exploração. Em entrevista, Robson Fernando, dono do blog consciencia.blog.br, expressou sua opinião. Segundo ele, a prática é inevitavelmente uma forma de usar animais em prol de interesses humanos, e tem como premissa “a crença moral de que eles são nossos e podemos usá-los para tirarmos proveito”.
Juliana Camargo, da ONG AMPARA Animal, diz que não deve existir o abuso em forçar o animal a fazer aquilo que ele não quer fazer. Segundo ela, cães são mais recomendados para a zooterapia porque são animais que gostam de ser acarinhados e do contato humano. Ela ainda acrescenta: “Somos extremamente contra o uso de silvestres, pois são animais que deveriam estar na natureza”. Juliana ainda diz que na relação com os cães, quando é diagnosticado seu perfil da forma correta, isso também se torna um momento de prazer para ele.
“O ativista precisa conhecer um pouco. Eu vou deixá-lo de lado”, respondeu Maria de Fátima Martins — Professora Doutora da USP e coordenadora do Laboratório de Pesquisa, Ensino e Extensão em Zooterapia e Helicicultura, Campus Pirassununga —, às críticas que a zooterapia recebe. “Quando um cachorro é adotado, também não se sabe se ele está contente com isso”, exemplifica. Ela afirma que apenas os animais que apresentam o perfil correto, e respondem positivamente através de seu comportamento, são utilizados na terapia.