FFLCH – Quando, certa manhã, Gregório Silva acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num canino monstruoso… Quer dizer, que a verdade seja dita: ele era até fofinho. Em plena cãosciência de sua situação cabeluda (ou felpuda), o estudante se levou para um passeio pelo vão do prédio da História. Acariciado e alimentado pelos generosos estudantes, Gregório fez da Faculdade seu novo lar.
A história acima pode parecer fantasiosa, mas não é novidade para aqueles que estudam na maior universidade da América Latina (e possivelmente a maior da América latindo também, visto o número de caninos que perambulam a quatro patas por seu campus verdejante). O sumiço de estudantes jubilados, ao mesmo tempo que a população de cachorros se proliferava, fez com que a comunidade universitária farejasse algo de estranho no ar.
Tudo começou na greve estudantil de 2013, quando estudantes ocuparam a Antiga Reitoria. O fundo falso de uma gaveta escondia um manuscrito, trazendo os dizeres de uma maldição. A praga ditava que todo estudante que vagueia pela Universidade por mais de dez anos seria transfigurado no corpo quadrúpede e fofuxo de um cão.
“Eu gostaria muito de ajudar esses cachorrinhos”, revela a estudante de Letras Anglo-Germânicas Renata Dobermann, aluna desde 2006 e entrevistada durante sua pausa para o cigarro no morrinho da Geografia. “Mas não tenho muita grana. Eu vivo de vender minha arte, das coisas que a natureza dá para a gente”.
O sentimento de Roberta é compartilhado por outros colegas. Segundo muitos deles, ao olhar profundamente nos olhos dos cães, é possível ouvir seu clamor por liberdade fora daquele corpo (e também por um carinho na barriga). Conforme reza a lenda, a maldição só pode ser desfeita em dias de estrogoclipse, ou seja, quando os planetas se alinham e o Cosmos conspira para os três Bandejões servirem estrogonofe.