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Mitos da USP: O jubilado que virou cachorro

 

Por clarousp

 

FFLCH – Quando, certa manhã, Gregório Silva acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num canino monstruoso… Quer dizer, que a verdade seja dita: ele era até fofinho. Em plena cãosciência de sua situação cabeluda (ou felpuda), o estudante se levou para um passeio pelo vão do prédio da História. Acariciado e alimentado pelos generosos estudantes, Gregório fez da Faculdade seu novo lar.

A história acima pode parecer fantasiosa, mas não é novidade para aqueles que estudam na maior universidade da América Latina (e possivelmente a maior da América latindo também, visto o número de caninos que perambulam a quatro patas por seu campus verdejante). O sumiço de estudantes jubilados, ao mesmo tempo que a população de cachorros se proliferava, fez com que a comunidade universitária farejasse algo de estranho no ar.

Tudo começou na greve estudantil de 2013, quando estudantes ocuparam a Antiga Reitoria. O fundo falso de uma gaveta escondia um manuscrito, trazendo os dizeres de uma maldição. A praga ditava que todo estudante que vagueia pela Universidade por mais de dez anos seria transfigurado no corpo quadrúpede e fofuxo de um cão.

“Eu gostaria muito de ajudar esses cachorrinhos”, revela a estudante de Letras Anglo-Germânicas Renata Dobermann, aluna desde 2006 e entrevistada durante sua pausa para o cigarro no morrinho da Geografia. “Mas não tenho muita grana. Eu vivo de vender minha arte, das coisas que a natureza dá para a gente”.

O sentimento de Roberta é compartilhado por outros colegas. Segundo muitos deles, ao olhar profundamente nos olhos dos cães, é possível ouvir seu clamor por liberdade fora daquele corpo (e também por um carinho na barriga). Conforme reza a lenda, a maldição só pode ser desfeita em dias de estrogoclipse, ou seja, quando os planetas se alinham e o Cosmos conspira para os três Bandejões servirem estrogonofe.

Mitos da USP: IO = Iluminatti Organization?

 

Por clarousp

 

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REDAÇÃO – O Instituto Oceanográfico foi incorporado à USP em 1951 e, segundo o seu próprio website na rede mundial de computadores, trata-se de “uma instituição pública dedicada ao estudo das Ciências do Mar”. Curioso com o mistério que cerca o IO no ambiente universitário, o Claro! enviou um repórter para investigar o que, de fato, acontece no Instituto. Os achados são estarrecedores e demonstram que uma suposta unidade da USP pode ser, na verdade, a célula de uma organização secreta, os Iluminatti.

As provas já estão no brasão do Instituto Paulista de Oceanografia, entidade que deu origem ao atual IO. Uma série de elementos maçônicos-iluminatti são encontrados. Como se pode ver, o IPO está no centro da rosa dos ventos (simbolicamente, no centro do mundo). Além disso, as letras N, O e S estão interligadas, formando o lema iluminatti “Novus Ordo Seclorum”. Da mesma forma, W e E não representam as direções oeste e leste (por que não colocariam O e L?), mas a palavra “we” que, em inglês, significa “nós”. A conclusão é simples: o escudo, na verdade, diz: nós, o IPO, somos o centro do mundo e a nova ordem secular.

“Assim, quer dizer, como que eles estudam o oceano se não tem mar aqui em São Paulo?”, questionou um estudante ouvido pela reportagem. Desde 2007, não há nenhum ingressante em Oceanografia chamado “João”, um dos nomes mais comuns da língua portuguesa, o que leva a crer que o ingresso pela Fuvest é apenas um engodo – em uma enquete realizada pelo Claro!, ninguém conhecia um estudante do curso. Como se isso não fosse o bastante, a unidade ainda conta com um navio (apenas os poderosos iluminattis poderiam comprar um navio – a FFLCH, por exemplo, não possui nenhum) denominado Alpha-Crucis, ou seja “A Cruz”, que custou 11 milhões de reais. Quem pagou essa conta? A USP, em crise, ou a organização secreta mais poderosa do mundo? O Claro! continuará investigando.

Instantes de cão

 

Por Thiago Neves

 

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Lobisomem – ou licantropo -, é uma lenda nascida na mitologia grega, segundo a qual um homem pode se transformar em lobo em noites de lua cheia, só voltando à forma humana ao amanhecer.

Sentada no sofá de casa, via meu irmão na parede oposta da sala. Concentrado em uma revista, ele se mantinha estático, com a respiração desacelerada. Antes, inquieto, parecia um bicho buscando incessantemente uma maneira de se instalar. Era uma daquelas noites claras, não sei se de lua cheia, mas o silêncio era absolutamente harmônico.

Sabia que minha irmã me observava, quase que adimirada. Dali, daquela poltrona desconfortável, compartilhava com ela a tranquilidade do ócio. A medida que passava meus olhos pelas letras das páginas, notei que, aos poucos, minha visão se tornava turva, como se estivesse dentro d’água. Fechei os olhos, quando os abri, percebi que estava no corpo de um enorme cachorro.

Em psiquiatria, licantropia é um distúrbio no qual indivíduo pensa – por alguns instantes – ter se transformado em um cão ou lobo. É tratada pela medicina como uma psicose presente em uma parcela mínima da população mundial. Quando em uma experiêcia licantrópica, o indivíduo se comporta de forma desconexa, imitanto um animal. Segundo relatos, o paciente consegue se perceber, de forma detalhada, no corpo de um cão ou lobo. Há ainda aqueles que narram experiências com outras expécies de seres vivos. Para tal fenômeno, dá-se o nome de zooantropia .

Num susto, meu irmão começou a se contorcer na poltrona. Subitamente, estava encharcado em suor, urrando. Parecia que dentro dele havia algo que quisesse sair. Fiquei com medo de me aproximar. Aos murros contra si mesmo, gritando sons guturais impossíveis de serem compreendidos, eu não sabia como interceder na dolorosa agonia de meu irmão. Tentei detê-lo, mas fui recebida como um cachorro recebe quem tenta tocar em seus filhotes: com uivos e violência.

Quando abri os olhos, notei que era um quadrípede. Meu corpo era protegido por pelos que me privavam do frio daquela noite clara, sem cores. Via a lua, sentia cheiros ao meu redor. De repente, fui tomado por uma dor em todo o corpo. Ante o meu desespero, notei que uma mulher me agredia, ininterruptamente. Sem desistir, lati e uivei, tentava chamar minha matilha, inutilmente. Aos poucos, me acalmei, com minhas patas machucadas, caminhei até o canto onde permaneci, alerta, imóvel, preparado para qualquer nova investida do meu predador. Eu era um bicho selvagem, solitário, indefeso em uma noite na qual não havia onde se esconder. Ao ameaçar um novo ataque, fugi.

Acredita-se que as contribuições culturais influenciam fortemente o conteúdo das psicoses e de experiências licantrópicas. A interação entre a natureza humana e a cultura na qual o indivíduo é imerso é inevitável.

Depois da violência, ele se instalou em um canto, acuado, assustado. Resolvi não abandoná-lo, e fiquei observando sob a perspectiva de quem tenta capturar um animal. Ele, que se sustentava sobre joelhos e mãos, não me olhava nos olhos, buscava uma rota de fuga. Tentei mais uma vez me aproximar. Meu irmão, atacado, fugiu lentamente, movimentando o corpo de homem como se fosse um cão. Até que desmaiou.

Ao acordar, percebi que estava banhado em suor. Ao voltar à realidade, notei que fui por alguns instantes um cão. Com patas, pelos e medos, uivei e lati pela minha matilha, que não conseguiu me acudir ante os ataques de uma mulher, que até se parecia com o minha irmã. Ela, por um acaso, não conseguiu acreditar na minha experiência: exerci a licantropia.

Vamos ousar hoje?

 

Por clarousp

 

Marília Westin já foi dona de um sex-shop. Por causa do tipo de produtos que vendia, ela lidava com um público de perfil muito variado, mas todos tinham em comum uma coisa: procuravam o sex shop atrás de alguma coisa para apimentar a relação, realizar fetiches e fantasias. Em conversa com o Claro!, Marília revelou que tem muita coisa mais requintada que as tradicionais algemas, chicotes e vibradores. Neste mundo, com o consenso das partes (duas ou mais!), vale tudo para ter prazer. Confira alguns dos fetiches que são obscuros apenas pra quem não os pratica.

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Coimetrofilia: Desejo de transar no cemitério. Muitas pessoas procuram realizar o fetiche à noite, no escurinho mesmo, mas a brincadeira pode ser acompanhada por velas e até incríveis candelabros. É diferente da necrofilia, que é o desejo de transar com pessoas mortas. Pode ser comparado a assar o frango em cima do presunto.

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Menofilia: Atração sexual pelo sangue da menstruação. A coisa fica ainda mais quente quando um dos parceiros vai direto na fonte, faz sexo oral na mulher menstruada e fica com os lábios e nariz lambuzados de sangue. Por isso mesmo, o fetiche também é conhecido por “palhacinho”. Pode parecer nojento, mas tem gente que gosta.

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Hipopotomonstrosesquipedaliofilia: Excitação ao ouvir o parceiro dizer palavras grandes durante a transa. Não é novidade para ninguém que as pessoas gostam de ouvir sacanagem durante o sexo. No entanto, há quem prefira palavrões como paralelepípedo, papibaquígrafo ou inconstitucionalíssimo.

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Sexo em público: Marília conta que vendeu em seu sex shop um minivibrador com controle remoto sem fio para uma professora. E quem controlava era uma de suas alunas, durante a aula! O acessório, chamado Butterfly, se encaixa perfeitamente na vagina e o controle tem alcance de 20 m.

Dendrofilia: Atração por árvores, legumes e frutas. Uma amiga contou à Marília sobre um cliente feirante que separava legumes de formato fálico para se divertir por trás. Certa vez, um tomate explodiu no ânus do cara. Ele ficou muito bravo e não quis pagar pelo programa.

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Plushofilia: Referência por fazer sexo com bichos de pelúcia. As pessoas podem se masturbar com os bichos ou pedir que alguém se disfarce numa fantasia de pelúcia. Lembra da sensação de dormir abraçadinho com seu o Teddy Bear? Algumas pessoas levam isso muito a sério!

Pelo amor de Satã

 

Por Sara Baptista

 

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Pedro* é satanista. Ele é um jovem comum, faz faculdade, se diverte com os amigos e se passar por você na rua talvez nem chame a sua atenção. Começou a estudar satanismo na adolescência, por curiosidade própria, e quanto mais lia, mais se interessava. Alguns anos depois teve seu primeiro contato com o satanismo moderno, em um grupo de estudo.

Eu não sei se Pedro pratica rituais, ele não pode falar sobre o assunto. Também não sei se Pedro reza. A família dele sequer sabe que ele é satanista. Porém, eu sei que Pedro não sai na rua chutando cachorro e desejando mal aos outros. Conversei com Pedro mais de uma vez e não faltou educação e simpatia. Pedro é até muito amável.

Há de fato uma certa obscuridade no satanismo. “Acho que o satanismo é tratado com muito medo e ignorância, fomentados por um preconceito criado na Idade Média pelas igrejas cristãs. Graças a isso nos fechamos tanto. Acho que o cristianismo é o grande criador e violentador do satanismo”, conta Pedro.

Os primeiros grupos satanistas surgiram na Alta Idade Média, tempo de forte domínio da Igreja Católica. E, apesar de não terem surgido como uma afronta, provavelmente apresentaram certa ameaça. Talvez por isso até hoje aqueles que se denominam satanistas sejam mal vistos pela sociedade. “Eu evito falar muito sobre isso para as pessoas, amigos normalmente ou se chocam ou não levam a sério”, diz Pedro.

Frente a tanta hostilidade, Pedro e seu grupo preferem se manter discretos. Não falam sobre o assunto com qualquer pessoa e preferem não ter seus nomes expostos na mídia. No entanto, essa é a posição de um grupo.

O satanismo tem tantas correntes que seus princípios básicos tornam-se quase obscuros. Formalmente, o ponto comum entre eles não é um culto ao demônio como o imaginamos. Não há relatos na Idade Média sobre a existência de cultos específicos acerca das entidades que compõem os demônios da época e mesmo atualmente, os satanistas em geral não cultuam entidades superiores. Eles focam a sua atenção no avanço espiritual e/ou hedonista do indivíduo, ao invés de focar na submissão a uma divindade ou a um conjunto de códigos morais. Mas isso não impede que alguma corrente diferente, que não siga tais princípios, se autodenomine satanista.

Segundo a Igreja de Satã, criada por Anton La Vey em 1966, satanistas são ateus e a existência do satanismo teísta é desconsiderada. Pedro é satanista teísta, e afirma que quem segue a mesma corrente vê como uma crença, uma doutrina, e alguns até encaram como religião. “Acho religião um termo bem forte… mas há quem chame assim”, completa. Por outro lado, há quem nem considere os laveynianos como verdadeiros satanistas.

Religião ou não, fato é que o satanismo não está aí apenas para afrontar o cristianismo e, assim como as outras crenças sejam elas filosóficas, ideológicas ou religiosas, ajuda a satisfazer algum tipo de anseio pessoal. “Na minha vida, o satanismo me apresenta pessoas e conhecimentos, me alivia das dores do mundo por me tranquilizar, me colocar um foco”, finaliza Pedro.

* nome modificado a pedido da fonte

“Is there anybody out there?”

 

Por Otávio Nadaleto

 

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“O que é mais assustador? A idéia de extraterrestres em mundos estranhos, ou a idéia de que, em todo este imenso universo, nós estamos sozinhos?” – Carl Sagan

Contemplar a imensidão do céu noturno nos faz embarcar em uma série de divagações nem sempre agradáveis. O que existe além de toda essa escuridão? O quão pequeno somos perto da imensidão do universo? E, é claro… tem alguém aí? Cada vez mais cientistas e estudiosos se convencem da ideia de que podemos não estar sozinhos. Enquanto nada é efetivamente provado, carregamos o peso existencial da dúvida. Mas por que ainda nos assustamos com a possibilidade de haver vida em outros cantos da galáxia?

“A existência de vida fora da Terra inaugura uma série de questões teológicas difíceis de se lidar. Os alienígenas são filhos de Deus? Caso sim, eles também pecam? Caso não, eles são seres perfeitos? E por aí vai”, afirma o psicólogo Leonardo Breno Martins, que há anos estuda a relação entre humanos e supostos alienígenas. Além disso, a existência de vida em outros planetas exclui a humanidade do centro simbólico do universo. “Copérnico foi revolucionário ao tirar a Terra do centro do universo, mas boa parte da humanidade ainda se sente no centro dele enquanto a obra prima da existência”. Comparado a raças alienígenas, podemos ser meros primatas. Nossa insignificância cósmica é perturbadora.

1. Universo visível tem aproximadamente 92 bilhões de anos-luz de diâmetro.

2. Há pelo menos cem bilhões de galáxias no universo.

3. Só na Via Láctea, há 20 bilhões de estrelas similares ao sol. Pelo menos 5% têm um planeta habitável. O resultado é 1 bilhão de planetas parecidos com a Terra na galáxia.

4. A Via Láctea tem 13 bilhões de anos. A Terra, 4 bilhões de anos. Antes disso, outros planetas com condições habitáveis tiveram muito mais tempo para desenvolver vida inteligente.

5. Segundo a MUFON, rede colaborativa de investigações de UFOs, entre 90 e 95% dos avistamentos de ovnis são facilmente explicáveis. Em 2013, 6448 casos foram considerados “não resolvidos”.

6. A pesquisa do psicólogo Leonardo Breno Martins concluiu que pessoas que alegam terem avistado OVNIs são tão ou mais mentalmente sãs que a maioria das pessoas.

Mitos da USP: Um espectro ronda a USP. O espectro de um reitor!

 

Por clarousp

 

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ANTIGA REITORIA – Uma das sedes da administração da Universidade está passando por um problema sobrenatural – e, desta vez, não são os militantes da LER-QI (Liga Estratégia Revolucionária – Quarta Internacional) em uma ocupação. Um espectro ronda a Antiga Reitoria – o espectro de um ex-Reitor.

(NOTA DA REDAÇÃO: O que poucos estudantes sabem é que a Antiga Reitoria foi, por 50 anos, a Nova Reitoria e passou a ser utilizada a partir da Ditadura Militar. A atual Reitoria, que hoje chamamos de Nova, já foi a Antiga Reitoria. Para esclarecer sua leitura, quando o Claro! fala de Antiga Reitoria, estamos falando da antiga atual e não da outrora antiga, a nova.)

Funcionários de institutos abrigados na Antiga Reitoria, como a SCS (Superintendência de Comunicação Social) e o IEA (Instituto de Estudos Avançados), confidenciaram que um fantasma transita pelo mal-assombrado edifício.

Marcamos ponto na copa do prédio à espera do dito cujo e nada ouvimos até a 1h04 da madrugada, quando escutamos o sussurrar de nomes que tomamos o cuidado de anotar: “Mário Schenberg, Fernando Henrique Cardoso, Nuno Fidelino
de Figueiredo, José Cruz Costa…”.

Ao ouvir o nome do ex-presidente da República, pensamos que se tratava de uma reunião tucana. A suspeita, no entanto, foi dissipada com a visão da própria assombração.

Ele seguia com sua procissão de nomes. Era calvo, os poucos cabelos grisalhos todos escorridos para trás. Carregava um sorriso macabro. Nas suas mãos, uma pasta com o timbre do Ministério da Justiça e o título “Ato Institucional V”.

Na manhã seguinte, conversamos com 10 pessoas que transitam diariamente pelo edifício: oito confirmaram conhecer alguém que já tenha visto a assombração, uma delas afirmou ter presenciado uma aparição, mas outra funcionária assumiu
ter conversado com um dos fantasmas. Segundo ela, ele lhe pediu uma “lista de subversivos para o Doutor Gama”. Sem saber o que fazer,
a secretária entregou-lhe a lista. Foi essa pista que permitiu ao Claro! solucionar o mistério do Fantasma da Reitoria. Trata-se de alguém que já recebeu o título de Ilustríssimo Reitor: Luís Antônio da Gama e Silva.

Durante sua gestão, de 1963 a 1969, o Reitor-assombração criou uma lista de professores, estudantes e funcionários a serem expurgados da Faculdade. Os nomes que os repórteres do Claro! ouviram naquela noite correspondem aos da lista.

“Ele geralmente aparece no 3º andar, onde fica a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão. Cultura eu sei o que é, mas e Extensão? Deve ser extensão com o coisa ruim, porque na Universidade a gente sabe que quase não tem”, denuncia um dos vigilantes.

Os funcionários estão com medo de andar sozinhos no prédio. “Os elevadores não param nos andares, eles param entre eles. Eu trabalho no segundo andar e o elevador
para entre o primeiro e o segundo. De qualquer jeito preciso subir um jogo de escada. Tem que ser algo de outro mundo para explicar isso”, afirma um funcionário do SCS. “Fantasma não precisa subir escada”, sugere uma colega sua.

No início do ano, surgiu a informação de que outra assombração rondava a Nova Reitoria, fugindo ao ser perguntada sobre denúncias de crimes na Faculdade de Medicina. “Achamos que era mais uma história do Reitor Gama. Mas acabamos descobrindo que não tinha nada de sobrenatural. Era o Reitor Zago mesmo”.

Sai desse corpo!

 

Por Júlia Pellizon

 

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Cresci em uma Igreja Católica Apostólica Romana. Nesse domingo, resolvi conhecer a Igreja Católica Renovada, notável pelos rituais performáticos e exorcismos coletivos. No número 174 da Rua Guarapuava, perto da estação Bresser-Mooca, localiza-se o Santuário do Bom Jesus. Na fachada há um letreiro escrito à mão com as palavras “Padre Jader Pereira”. Era o padre exorcista que procurava.

Eram 14h56 e a Missa de Cura e Libertação começava em minutos. Às 15h15, entra Padre Caetano no altar. Puxa cantos e anda de um lado para o outro sem parar. Os fiéis, agora somando uma centena de pessoas, não parecem muito concentrados. Uns chegam, outros se abraçam e crianças correm pelos corredores durante a missa.

Enquanto canta, Padre Caetano averigua uma sala em um recuo do altar. Lá estava o criador do santuário, Padre Jader. Seu discípulo pede para todos se erguerem e o padre exorcista entra aplaudido de pé pelos fiéis. Durante a homilia*, Jader cita a distribuição de água benta exorcizada ao final da missa, “para levar a quem possui males espirituais”.

Depois de alguns rituais iniciais, ocorre a libertação, uma espécie de exorcismo coletivo.

Padre Jader pede aos presentes para esticarem os braços com as velas nas mãos, compradas em uma loja ao fundo da igreja. Cada uma corresponde a um anseio: vela branca, para curar doenças físicas; vela azul, para transtornos espirituais; e mais umas seis cores, cada uma referente a emprego, família, amor e outros possíveis desejos de um ser humano. Os fiéis erguem a vela e o padre atenta: “Se alguém, ao acender a vela, passar mal, fique tranquilo”. Os ajudantes do santuário, vestidos com um colete amarelo, passam com as velas acesas e repassam o fogo.

“Fechem os olhos”. Os presentes colocam as velas no chão, cerram as pálpebras e Jader começa a sessão. Amansa a voz, profere palavras de elevação de auto-estima e expulsão de negatividade. Para tirar do corpo quaisquer “males, macumbas e feitiços”, diz. “Agora é a hora da LI-BER-TA-ÇÃO”. No “-ção” a música Fortuna, de Carmina Burana invade o santuário. As pessoas choram e se entregam ao momento. Os ajudantes passeiam entre os fiéis para caso alguém se sentisse mal. Não, todos se mantiveram sob controle.

Os ânimos se acalmam.

As velas usadas ao longo da celebração não podem ser levadas para casa. É como se os problemas fossem transferidos para elas. Por isso, são colocadas na Gruta Milagrosa do Bom Jesus, ao lado da lojinha no fundo da igreja.

Velas, óleos para curar dores, água benta, terços e até pequenos travesseiros com a estampa do rosto de Padre Jader são encontrados nesse bazar. Rosa, uma pernambucana faladeira, conheceu o sacerdote por meio de seu programa matutino de rádio. Frequentadora do santuário, há quase três anos passou pelo exorcismo (libertação). Buscou a igreja pelas dores de cabeça intensas e, com auxílio do padre em sua primeira visita, descobriu que haviam feito uma “macumba” contra ela. Uma colega de trabalho confessou e confirmou e feito. Após pegar um absorvente usado de Rosa, e colocá-lo em um papel com o nome dela no meio, a colega ateou fogo nesse pacote. Assim, de acordo com Rosa, jogou sua alma para todos os males do mundo. Porém, conseguiu se libertar com o exorcismo de Padre Jader.

O ritual dura por volta de 1h30. Emocionei-me no momento da libertação. A mistura de música e palavras volumosas fez meus olhos lacrimejarem. Desde então, uma grande dor de cabeça me atingiu e só reparei a intensidade ao sair do Santuário. Sou, de certa forma, cética. Mas, quem sabe, a libertação não passou por mim também?

*Palestra dada pelo padre após a leitura do Evangelho, trecho retirado do Antigo ou Novo Testamento.

Entrevista com espírito: Apresentando, Charlie Charlie

 

Por Maria Alice Gregory

 

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Depois de desenhar uma cruz em uma folha de papel, com as palavras “sim” e “não” intercaladas nos setores, faço a pergunta para chamar nosso entrevistado… “Charlie Charlie, você está aí?

Alguns o conhecem pelo trabalho com o Jogo do Copo™, seu projeto mais famoso. Outros só tomaram conhecimento da sua atuação em sua nova empreitada, o viral Charlie-Charlie Challenge. Mas quem é a figura por trás desses jogos sombrios de pergunta e resposta com o sobrenatural? Abaixo, você confere a entrevista exclusiva do Claro! com o gênio por trás do copo.

Charlie-Charlie, você está aí?

[risos] Estou sim. Mas não precisa desse tipo de formalidade agora, podemos conversar numa boa.

Tudo bem então. Você pode nos contar um pouco sobre o que você faz?

Assim, de maneira geral, eu trabalho com consultoria. As pessoas usam o meu serviço para tirar dúvidas e resolver problemas pessoais. A princípio era uma coisa universal, qualquer um podia pegar o Jogo do Copo™ e resolver seus dilemas, mas o caldo começou a engrossar. Tinha gente querendo falar com avô morto pra resolver coisa de herança, o outro queria que eu resolvesse por ele se ele deveria deixar a carreira de médico pra virar dançarino, uma moça chegou até a me perguntar se ela e o marido deveriam desligar as máquinas que seguravam uma tia rica viva pra pegar o dinheiro dela. Sabe? Começou a pesar demais e eu não queria a responsabilidade dessas decisões ruins das pessoas nas minhas costas depois. Então de uns tempos pra cá eu tenho me concentrado mais em um público pré-adolescente, que ainda não conhece os problemas da vida e não me estorva com esse tipo de picuinha.

Interessante… a experiência com o público jovem tem sido mais proveitosa, então?

Ah, mais ou menos. É aquela coisa: outro dia eu estava voltando da feira tranquilo quando três meninos começaram a me chamar numa escola. Eu corri pra lá, cheguei esbaforido, dei início à sessão e o que eles queriam saber era se era o José ou o Luís Antônio que tinham peidado na aula de ciências. Ah, por favor, né? A gente arruma um serviço legal pros moleques e eles desrespeitam assim. Criança caga e anda pra essas coisas. Mas no geral é legal porque, quando eu estou num dia ruim e quero fazer o doido, é muito mais fácil de assustar. E agora como os materiais se resumem a material escolar mesmo, não tem perigo de eu me empolgar e quebrar alguma coisa, o que já rendeu uns processos bem chatos em projetos passados.

É verdade, o Charlie-Charlie Challenge™ não é seu primeiro projeto no ramo. Como foi a sua vivência durante os projetos anteriores?

Eram esquemas diferentes. Assim, de forma geral, você tem que conhecer bem o seu público. Não adianta eu chegar pra criança brasileira com jogo de tabuleiro como eu faço com Ouija™ nos Estados Unidos que não vai rolar, aqui ninguém curte soletrar. Aqui a galera procura algo mais rápido, na base do sim-e-não, que eles podem sentar, perguntar, dar tchau e ir embora. No Japão, por outro lado, é um respeito muito maior com o sobrenatural, dá pra reunir um grupão pra um ritual e ainda pedir que todo mundo participe ativamente só pra responder uma única pergunta. É bem interessante. Mas como eu disse, agora estou mais focado com o público infanto-juvenil, então tem toda uma série de outros fatores pra levar em conta: não pode ter nada que eles não tenham acesso na escola, que é onde a maioria usa o serviço pra não tomar bronca dos pais em casa por não estar estudando; não pode envolver objetos cortantes ou qualquer coisa que machuque, porque Deus me livre de ter que lidar com criança que não soube usar uma tesoura e cortou o dedo do amigo…

Entendi. Bom, e quais são os próximos passos para Charlie-Charlie?

Estou tentando alguma parceria. Meu assessor está conversando com o time da Loira do Banheiro pra ver se a gente bola algo interessante já pro verão de 2015. Mas se não rolar, parece que o Palhaço da Kombi está tentando um revival entre os adolescentes, então dependendo da proposta a gente pode pensar em algum novo projeto conjunto.

+ Você sabia?

Cada país tem suas preferências quando se trata de conversar com espíritos. Nos Estados Unidos, a prática mais comum é a conversa por meio da Ouija Board, uma placa com o alfabeto que soletra respostas às perguntas de quem a utiliza.

O Jogo do Copo já rendeu vários projetos audiovisuais, entre eles um longa-metragem de terror brasileiro que inclusive foi baseado em fatos reais (Jogo do Copo, 2014)

The Charlie-Charlie Challenge viralizou de tal forma nos últimos meses que a busca pelo título do jogo rende mais de 13 milhões de resultados no Youtube e cerca de 120 páginas do Facebook (cada uma com 10 a 100 mil likes em média)

O lado obscuro da internet

 

Por Anita Abdalla

 

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Se você acredita na máxima “se não está no Google, não existe” sinto lhe dizer que você esta profundamente errado. A internet que você acessa todos os dias é conhecida como Surface Web, ou seja, é meramente a superfície do todo que compõe a web. Estipula-se que o que exploramos online todos os dias seja apenas 4% desse todo.
Mas então, onde está o restante?

Pense bem. Você sabe a resposta dessa pergunta. Sim. O restante está naquela parte obscura da internet conhecida por Deep Web.

Fase 1: Como chegar lá

A Deep Web não é ilegal. A polêmica acerca do seu uso está no fato de que ela permite que você navegue de forma anônima, sendo o local ideal para armazenamento e compartilhamento de arquivos sigilosos pelo exército e governos, por exemplo, e também um território propicio para venda de produtos ilegais.
Para acessar a Deep Web você não precisa necessariamente de um navegador próprio, mas sem ele o conteúdo disposto é muito limitado e você deixa seu computador vulnerável.

Dentre os navegadores possíveis, o mais famoso é o Tor. E essa é a parte fácil, é só procurar-lo no Google convencional e fazer o download.

Agora não se iluda: após baixar o Tor e começar a fazer buscas, você não vai encontrar de cara sites e vídeos bizarros ou pornografia infantil. Como no Google, você vai encontrar diversos sites relacionados a sua busca e somente os sites finalizados com “.onion” (uma referência a cebola que simboliza o Tor – que é, por sua vez, um acrônimo para “The Onion Router”) são aqueles escondidos da rede comum. E que, mesmo assim, não vão te mostrar nada bizarro – a não ser que você esteja procurando.

Fase 2: Como encontrar o que você procura

Não somente de ilegalidade vive a Deep Web. Nela é possível encontrar livros raros, por exemplo. E para encontrar o que você procura, um caminho é a wikipedia da Deep Web, a Hidden Wiki. A partir dela é possível acessar diversos sites que vão desde vendas de produtos Apple até uma identidade nova. Uma forma comum de realizar essas compras é por meio das bitcoins, as moedas eletrônicas – que podem ser encontradas na internet comum, mas que são mais utilizadas na Deep Web por não serem rastreáveis como os pagamentos comuns.

Todos esses links são finalizados com o tal .onion, que o difere do conhecido .com da surface web. Não a toa a cebola é um símbolo tão usado: a Deep Web é disposta, assim como o vegetal, em camadas. Essa parte encontrada na Hidden Wiki são só as primeiras camadas de toda a imensidão que existe. O acesso às outras camadas depende da sua habilidade e das ferramentas que você possui – em certo ponto até mesmo o Tor se torna limitado.

Fase 3: As Fossas Marianas

Conhecido como o lugar mais profundo dos oceanos, as Fossas Marianas serviram de inspiração para o nome do local onde ficam as “últimas camadas” da Deep Web, a Mariana’s Web.

Nessa parte o nível de criptografia é extremamente avançado. O que se sabe baseia-se em pesquisa em fóruns sobre o assunto, feitos por frequentadores assíduos da Deep Web. A hipótese é de que é nesse território que é possível encontrar comércio de pessoas e órgãos, organizações terroristas e planos militares. É também aí que grupos hackers se organizam para tentar combater a pedofília na Deep Web e organizações piratas chinesas se associam em busca de maior liberdade no país. Ou seja, não são só coisas bizarras que se abrigam ali.

A verdade mesmo é que pouco se sabe e muito se especula sobre o que está escondido dentro da Mariana’s Web. E é isso que torna os mitos que rodeiam a Deep Web tão populares.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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