Arte: Adrielly Marcelino e Jorge Fofano
Foi na gestão de Marta Suplicy, em 2002, que a prefeitura de São Paulo passou a conceder direitos do uso de espaço para vendedores ambulantes – o “dogueiro motorizado” regulamentou os carros de rua que vendiam alimentos como o clássico hot dog. Hoje, donos de barracas de comida e food trucks no município devem optar pelo Termo de Permissão de Uso (TPU) ou pelo programa Tô Legal, inaugurado pela gestão Bruno Covas.
Celso Oliveira, representante da Associação Paulistana de Comida de Rua, gerencia quatro food trucks em eventos grandes – no currículo, já cobriu CCXP, Lollapalooza e Tomorrowland. O empresário paga 10% anuais sobre o valor do metro quadrado dos CEPs onde estaciona os carros. Se ocupa 10m² em quarteirão que custa 2 mil reais o m², paga 2 mil reais parcelados em até 3 vezes. Para Celso, “o TPU, embora seja precário e oneroso pelo preço público do metro quadrado e porque pode ser revogado a qualquer hora, antes precisa ser justificado”. Já no Tô Legal, a permissão de uso do espaço pelos ambulantes vale por 3 meses. “Essa modalidade serve para fazer um test-drive”, afirma o empresário.
Esse teste vem depois de conseguir a licença para atuar na rua, com os comércios que já existiam ali. Celso conta que não é incomum vender lanches no food truck perto de outras lanchonetes e criar uma tensão – lataria pichada à noite, pneus furados, abordagens pela Guarda Civil Metropolitana acionada pelos comerciantes mais antigos. “Essas coisas você não vai aprender com o Sebrae.”
O Sebrae oferece cursos de capacitação e consultorias gratuitas para todas as categorias de empresários. A consultoria, segundo empresários ouvidos, oferece um bom modelo de negócio para vendedores de comida iniciantes. Mas a queixa em comum é de que não há instruções específicas para os ramos de food truck ou barracas de comida, que têm demandas e passam por problemas muito específicos tanto para a atuação quanto para o uso do território.
Em relação ao uso do espaço, a consultora de negócios do Sebrae-SP, Juliana Berbert, afirma que as dificuldades na obtenção dos TPUs e a falta de planejamento fizeram com que muitos abandonassem o segmento. “Houve uma procura maior nos anos de 2015/2016, quando aconteceu o boom deste modelo de negócio, mas posteriormente essa busca caiu”, conta. “As políticas públicas e a legislação aplicada, pelo menos aqui no município de São Paulo, dificultaram a legalização”.