
Ganhar na loteria é tarefa árdua. Talvez mentalizar e emanar energias para o Universo sobre esse desejo seja “O Segredo”. Acrescentar alguns post-its afirmativos na receita de sucesso também não seria nada mal…
Escrever planos como se eles já estivessem concretizados ou afirmar que um dia é da forma que se espera antes de levantar da cama são formas de praticar a Lei da Atração. O exercício é baseado na Lei da Vibração, que considera que tudo emana energia, incluindo os pensamentos.
Segundo essa lógica, é preciso programar a mente para a frequência energética correta sobre o que deseja, e o propósito será alcançado.
Mas talvez o Universo e a Física não estejam tão em sincronia com nossos desejos. Romário Fernandes, professor de astronomia, esclarece que energia é, para a Física, a capacidade que uma partícula tem de influenciar seu meio. Mas que nosso pensamento não possui carga energética ou ligação vibracional com fenômenos físicos verificados.
A suposta energia emanada, então, pode ter mais a ver com nosso universo mental. Saulo Veríssimo, doutor em Psicanálise e especialista em neurociência e comportamento humano explica que, segundo estudos, “a mente não consegue diferenciar a imaginação ativa [a auto-construção de imagens mentais] do real”. Ou seja, as mesmas áreas cerebrais são acionadas tanto para cenários imaginários quanto reais.
Essas ideações da mente são a base do trabalho de pessoas que ensinam a Lei da Atração. Com mais de 100 mil seguidores no Instagram, Sandra D’Addona se declara ativista quântica e compartilha conteúdos que prometem ensinar qualquer pessoa a atingir metas.
Porém, apesar dessa capacidade cerebral de entender e agir como se um desejo do indivíduo correspondesse à realidade, não existem provas científicas de que a simples crença seja capaz de atrair a realização de objetivos.
D’Addona conta que as pessoas que a procuram estão em busca de melhores condições financeiras ou de relacionamentos, que dependem de fatores externos ao cérebro para se concretizarem.
Para Veríssimo, a frustração por não conseguir realizar o desejo pode ser o maior prejuízo para o público, que tende a não se considerar merecedor da conquista, e se culpar pela falha da prática. Bola pra frente, ainda existem as raspadinhas de dois reais.