Geleia de pitanga, risoto de mandioquinha, manjar de tapioca. Não, esse não é o menu de um restaurante com comida típica brasileira. São só esmaltes de uma coleção – chamada, é claro, “Gastronomia”. Tem ainda o suflê de goiaba, que é da corzinha da fruta. Já o marshmallow de alfazema é um roxinho que não lembra nem o marshmallow, nem a alfazema.
Dizer se é claro, escuro ou médio é pouco pra descrever a quantidade de cores e tons no mundo dos esmaltes. O branquinho não é só branco. É renda. Top pop. Noivinha. Ou batida de coco – ih, olha a comida de novo.
Tá um dia meio amargo. Roll down the window. Deixa o ar entrar. Abre alas pro cinza passar, nem sempre é ruim.
A cada ano, novas coleções. As empresas fazem reuniões e pesquisas entre clientes e blogueiras para decidir cores e nomes, que devem sempre conversar com o assunto da linha. Escolha o tema: comida, viagens, amor, futebol, a benção das famosas.
E as brasileiras gostam mesmo de colorir as unhas. Uma pesquisa de 2013 da Euromonitor mostra que já somos o segundo mercado de esmaltes do mundo, só atrás dos Estados Unidos.
Ô Meu Santo Antônio… Leo mandou flores. Se é beijo roubado? Zaz! Deixa beijar – mas só se a mina quiser, claro.
“É quase um vício”, diz a blogueira Nah Melo. Aos 27 anos, ela é dona de uma página no Facebook onde mostra suas unhas, pintadas até dez vezes por dia. A pernambucana se apaixonou pela arte de “esmaltar” quando ainda era pequena. Hoje, sua coleção é feita de produtos que recebe das marcas, e já passa de mil cores.
Ainda que longe de trocar de cor dez vezes ao dia, as unhas da estudante Gabriella Alves, 19, também ganham vida com o conteúdo das dezenas de vidrinhos que ela guarda organizadamente em seu quarto. “Os esmaltes são importantes porque ajudam a transmitir nosso humor. Sempre que uso vermelho é porque quero arrasar. O rosa é tipo “ei, estou toda romântica”. O nude é como se eu dissesse “tô de boa hoje”’, diz.
A Gabi chama de pintar. A Nah, de esmaltar. No dicionário, a palavra significa ‘dar realce a; abrilhantar, ilustrar’. “Já é quase um acessório”, diz a blogueira.
Oxi, que preguicinha. Acho que pede um cochilo na rede. Quase uma siesta de Milão. Ciao Milão.