logotipo do Claro!

 

Para além da noite

 

Por Natane Cavalcante e Vitor Cavalari

 
Ilustração Bruno Kristoffer


Lembrar-se dos sonhos pode ser um desafio. O momento do sono que antecede o despertar ou o prejuízo da memória pelo cansaço cotidiano podem afetar a reconstrução dos acontecimentos oníricos. Mas prestar atenção aos sonhos está na base de um processo fundamental para muitas culturas: a interpretação das representações da nossa mente enquanto dormimos.

O sonho muitas vezes se baseia em experiências passadas ou simula possíveis futuros, inclusive de maneiras inusitadas. Freud foi o primeiro a dizer que o sonho é produzido naturalmente pela mente e traz para a superfície medos e desejos do inconsciente. Para o neurocientista Sergio Arthuro, nem todo sonho precisa ser interpretado, mas os recorrentes merecem uma atenção especial porque podem sinalizar bloqueios emocionais ou traumas do passado. 

Para interpretar os sonhos e entender seus sinais, um dos primeiros passos é narrá-los para alguém. Essa prática é imprescindível para muitas culturas, como a do povo indígena Yanomami, que os considera avisos para a comunidade. Hanna Limulja, antropóloga e autora do livro “O desejo dos outros: Uma etnografia dos sonhos Yanomamis”, explica que para essa etnia, o sonho tem uma dimensão coletiva para protegê-los contra inimigos.

A prática de narrar os sonhos e valorizar os seus significados se perdeu um pouco desde a descoberta da eletricidade, ou seja, a invasão da noite por atividades que eram tipicamente diurnas, segundo Arthuro. Ainda assim, há quem continue a compartilhá-los com amigos e família e quem busque ajuda de psicólogos e oraculistas para atribuir sentido a eles.

Alguns sonhos precisam de mais tempo para serem compreendidos. A oraculista e terapeuta Tall Pereira, que dedica parte do seu trabalho à interpretação de sonhos, ressalta que esse processo necessita de acompanhamento para entender quais são os padrões que uma pessoa tem. Na visão dela, pautada por uma abordagem de espiritualidade, uma das importâncias de interpretar sonhos é entender como o divino oferece previsões ou até mesmo soluções para problemas da vida cotidiana ao imaginar outros mundos.  

Há técnicas que ajudam a lembrar-se das mensagens que o inconsciente deixou, como criar um diário de voz ou um caderno. O exercício de resgatar as relações com os sonhos e entender-se como sonhador pode garantir bons presságios.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

Expediente

Contato

Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Bloco A.

Cidade Universitária, São Paulo - SP CEP: 05508-900

Telefone: (11) 3091-4211

clarousp@gmail.com