logotipo do Claro!

 

pelas veias colecionistas

 

Por Murillo Cesar Alves

 
Arte: Adrielly Kilryann e Guilherme Castro

De objetos mundanos àqueles considerados mais excêntricos, os colecionadores ganham as prateleiras das casas e estantes dos museus. No centro de São Paulo, há um playground para um nicho da sociedade que tem neste hobby um estilo de vida. As ruas Sete de Abril e Barão de Itapetininga são ocupadas por um shopping a céu aberto, com escadas estreitas e dezenas de lojas, como a Galeria Nova Barão, que surgiu com comércio de pedras preciosas e se transformou ao longo dos anos. Hoje, conta com 23 lojas dedicadas às coleções de vinis.

Relatório da Associação da Indústria Fonográfica dos EUA de 2022 revela um número recorde de vendas de vinis em 35 anos – 41 milhões. Flávio de Paula, 53, colecionador de vinis há mais de duas décadas e dono da Medusa Records, na mesma galeria, observou um crescimento nas vendas desse item na mesma proporção ao longo dos anos desde que fundou o local, em 2017. No caso da música, os preços variam pelo estado de conservação e a raridade do produto. “The Dark Side of the Moon”, do Pink Floyd, é vendido por Flávio em seu estabelecimento por R$ 900. O álbum, de 1973, preserva sua embalagem original em exemplar da loja, o que explica seu preço.

O hobby também se espalha pelo mundo virtual e para além dos discos. De acordo com Néliton Carrumba, 37, fundador da “Casa do Colecionador”, loja virtual focada no hobby, os itens mais buscados são as moedas. Seu pai, colecionador, morreu há três anos e foi inspiração para que Néliton fundasse o negócio. A cada mês, vende mais de 400 objetos, sendo 50% destes moedas ou cédulas.

O colecionismo serve também para a conservação destes itens. Paula Pestana, mestre em museologia, iniciou sua tese na USP a partir de cartões postais doados ao Museu Histórico e Cultural de Jundiaí. “Artigos pessoais não tinham valor para pesquisa. Mas é possível decifrar costumes de certas épocas a partir destes itens.” 

Além da análise histórica, as ciências naturais ganham destaque. Ângelo Alves, 28, é tatuador e, como hobby, reúne e comercializa itens considerados mais excêntricos, como meteoritos e conchas. Começou sua coleção aos 18 anos e doou parte a museus, como forma de incentivar a prática. O Museu de Geociência da USP, que foi escolhido por ele, utiliza as doações para pesquisa e exposição. Alves também expõe seus artigos naturalistas na instituição. “Mais pessoas precisam ver e se apaixonar pelo universo dos meteoritos.”

COLABORADORES: EDSON JUNIO, COLECIONADOR DE MOEDAS E ESPECIALISTA EM MERCADO NUMISMÁTICO, DAVID FOXEN, COLECIONADOR DE CAMISAS E FABIANO RODRIGUES, MESTRE EM PSICOLOGIA.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

Expediente

Contato

Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Bloco A.

Cidade Universitária, São Paulo - SP CEP: 05508-900

Telefone: (11) 3091-4211

clarousp@gmail.com