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Sangue raro

 

Por Caroline Santana e Guilherme Valle

 

Arte: Nathalie Rodrigues

Em 2017, repercutiu o caso de Ana Sofia, uma bebê colombiana de um ano e três meses, com um tipo sanguíneo raro, que precisava urgentemente de uma transfusão. Doada por Ewerton Ribeiro de Sousa, uma bolsa de sangue percorreu 4885 km desde o Ceará até Medellín para salvar a vida dela, isso porque ambos são portadores da síndrome de Bombaim.

Registrada pela primeira vez em 1952, em Mumbai, na Índia, a prevalência na região é de um em cada dez mil habitantes, e globalmente é identificada em uma a cada 250 mil pessoas. Segundo a hematologista da equipe de Pesquisa e Desenvolvimento do Grupo Fleury, Maria Carolina Tostes, o surgimento da síndrome pode estar ligado aos casamentos consanguíneos.  Mas nem sempre é o caso: os pais de Ewerton, por exemplo, não têm grau de parentesco ou casos de casamentos entre parentes.

A síndrome é caracterizada pela ausência do antígeno H, que funciona como apoio para os carboidratos A e B, que definem o tipo sanguíneo no sistema ABO. A hematologista explica que quando ambos estão presentes o tipo sanguíneo é AB; na presença de um só; A ou B, e na ausência dos dois, é definido como O.

Pacientes com Bombaim não tem o antígeno H, o que impossibilita a identificação das moléculas A ou B e resulta em um falso O.

A condição não afeta a rotina do portador, a menos que seja necessária uma transfusão, já que devido a incompatibilidade do sangue com qualquer outro do sistema ABO, pode resultar em choque anafilático e morte.

Patrícia Garcia, supervisora da Seção de Hemoterapia do Hemocentro de Botucatu, explica que um teste comum não permite detectar a condição. É necessário um exame chamado PAI (Pesquisa de anticorpos irregulares), onde são detectados anticorpos não naturais presentes no sangue. Também são realizados exames adicionais de fenotipagem para outros antígenos sanguíneos, além do ABO e do fator Rh, que só podem ser feitos em um Hemocentro.

No Brasil, onde há 11 registros no Cadastro Nacional de Sangue Raro, segundo a Secretaria de Saúde do Ceará, realizar a transfusão pode ser um desafio. A alternativa, conta Patrícia, é congelar o sangue do portador para evitar problemas futuros, como já aconteceu com uma de suas pacientes.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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