
Imagem: Juliana Santos
Em 2017, o físico Stephen Hawking alertou para a necessidade de se colonizar outro planeta em até 100 anos. Se, de fato, precisássemos nos “mudar” para além da Terra, o que precisaríamos saber e levar em consideração? Quais as perspectivas para uma expansão humana interplanetária?
Afinal, o ser humano viverá em outro planeta?
A resposta para essa projeção ecoou de forma unânime entre os entrevistados: é inevitável. “A Terra é o berço da humanidade. Mas o ser humano não fica no seu berço a vida inteira”. A frase, menção de um pesquisador, é do cosmonauta russo Konstantin Tsiolkovsky, um dos cientistas desbravadores de estudos espaciais.
Esse pensamento reflete bem as afirmativas dos pesquisadores. E também permite entender que, apesar de concordarem com essa tendência, o consenso é que a realidade da exploração espacial ainda se ancora no nível de incipiência.
Mas quais os destinos prováveis para uma primeira colonização?
De bate pronto, Marte e Lua. O primeiro, além de ser mais vantajoso do que nosso satélite natural do ponto de vista de pesquisas científicas, é o planeta mais próximo da Terra e possui a atmosfera mais semelhante à terrestre.
Em 2015, a Nasa revelou o seu plano de viagem para o planeta vermelho: uma colônia humana em território marciano a partir de 2030. Nossos entrevistados que quiseram arriscar a projeção de tempo acreditam levar ainda várias décadas — cerca de cinco, para ser mais exato.
A Lua, por sua vez, é considerada por alguns dos entrevistados como o passo inicial para uma colonização e tem a estimativa mais curta, estipulada para a próxima década. Além do ser humano já ter chegado lá, interesses econômicos de extração mineral podem ser decisivos para a implantação de uma base lunar.
A Nasa também possui planos de enviar astronautas à Lua em 2024, na batizada missão Artemis. Esta será a primeira expedição, em 50 anos, a enviar uma astronauta mulher ao nosso satélite natural. O administrador da Agência Espacial dos EUA, Jim Bridenstine, afirmou recentemente que a Lua será o “campo de provas” para a chegada do ser humano a Marte.
Check-list: o que precisamos levar em consideração para viver além da Terra
Ao colonizar um planeta, é importante ter em mente que os parâmetros listados não possuem ordem. Dito isso, comecemos pensando:
Transporte: de preferência totalmente reutilizável, com maior potência, menor custo e mais seguro — a aterrissagem, tanto na Lua como em Marte não é das mais suaves, fazendo um eufemismo.
Autossuficiência: precisamos pensar que um abastecimento vindo da Terra é inviável. Por isso, é fundamental que uma colônia de longo prazo consiga suprir e reciclar suas necessidades de nutrientes, microorganismos, oxigênio, água, dejetos e energia.
“Sobrevivência”: para uma colonização perene, é preciso recriar as condições que propiciam a vida como a conhecemos: toda uma biosfera desenvolvida, sem falar na preocupação com temperatura, atmosfera controlada, alterações de gravidade, efeitos biológicos no ser humano, campo magnético protetor e blindagem contra radiação. E ainda tem os fatores culturais e psicológicos.
Colaboraram: Antonio Bertachini, pesquisador em Engenharia Espacial do Inpe, e os integrantes do Laboratório de Astrobiologia da USP, Ana Schiavo e Gabriel Gonçalves, mestrandos, e Fabio Rodrigues, professor.