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Entre. Cabeça aberta

 

Por Guilherme Caetano

 

“A Devassa vem sempre aqui com o marido e o amante”, conta a crossdresser Pâmela*, enquanto nos leva para conhecer a casa de swing que frequenta, na zona leste de São Paulo. “O marido gosta de assistir [à esposa transar com o amante]. Ela vai para o quarto e arregaça. Às vezes, até nos atrapalha, porque os meninos vão todos para lá”.

 

Frequentadora assídua da casa, Pâmela descreve o estilo do local. Trata-se de uma espécie de clube liberal para casais que desejam praticar o swing –relacionamento sexual entre dois ou mais casais como forma de entretenimento. Liberal, sim, mas com limites.

 

A casa é composta por vários quartos (particulares ou compartilhados), cômodos escuros e preservativos à vontade. O objetivo é ser convidativo para que os clientes possam se divertir. Uma mesa cheia de comida está sempre servida e há diversos bancos do lado de fora, próximos ao bar em que as bebidas são vendidas, para incentivar o vendidas, para incentivar o bate-papo. A dona da casa, Vanessa*, conta que gosta quando os casais fazem amizade entre si antes das “brincadeiras”.
“Ninguém é obrigado a nada. Eu posso estar sentada ali no canto, assistindo a um casal transar. Se eles não permitirem, ninguém encosta. Fora isso, a gente assiste à distância, para respeitar o momento do casal. Há sempre regras”, afirma Pâmela, enquanto checa as mensagens no Whatsapp e traga seu cigarro.

 

O “não” tem que prevalecer sempre e os casais precisam estar à vontade para demonstrar sua vontade. É comum, segundo Pâmela, que o homem ou a mulher peça a permissão ou a opinião do outro para dar qualquer passo. A crossdresser diz que a pergunta mais frequente é “você quer, amor?”.
O público desse tipo de ambiente não é, no entanto, sempre tão resolvido. O consenso entre eles é que o casal precisa trabalhar muito bem essa ideia antes de experimentá-la. Não raramente há desacordo e até consenso entre eles é que o casal precisa trabalhar bem a ideia antes de experimentá-la. Não raramente há desacordo e arrependimento por conta de um ciúme imprevisto.

 

Há pessoas que extrapolam os limites. “Às vezes temos que dar uma podada em alguém. Eu sempre repito: a casa é liberal, desde que seja de comum acordo”, diz Vanessa. “Não é ‘gozou e vai embora’. Não precisa ter romance, mas não pode tratar ninguém como depósito de esperma”.

 

Questionadas sobre a palavra que melhor define o swing, ambas foram consensuais: respeito. O perfil dos frequentadores é múltiplo. “Aqui vem gente de todo o tipo, do ‘mamando’ ao ‘caducando’. Apareceu, a gente brinca. E não discriminamos, pois a pessoa não pode se sentir isolada, excluída”, afirma Pâmela. Ter cabeça aberta e saber que “não é não”. Sem isso, repete ela, não rola nada.

 

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Por Guilherme Caetano

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

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