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Cuidado! Frágil

 

Por Ricardo Thomé

 

Arte: Gabriele Mello

Quem deseja importar da Coreia do Sul um cachorro que cabe numa xícara de chá só precisa de duas coisas: bolso cheio e muita coragem. Caso a busca seja por um filhotinho ainda mais específico em raça, gênero, cor ou tamanho, basta desembolsar mais mil dólares, além do valor do animalzinho e da estadia no hotel. Isso garante que, se mesmo assim o cãozinho não agradar, seja possível requerer sua substituição por até duas vezes. Realizado o processo, o valioso amigo do homem pode, finalmente, encontrá-lo. 

Mais do que a aquisição de um companheiro, fala-se de um investimento de risco. Fabiana Michelsen de Andrade, geneticista da UFRGS, explica que a priorização por aspectos estéticos na seleção artificial pode levar a problemas de saúde. Esse processo, que já aconteceu com raças mais consolidadas, como Pug, Bulldogue Francês e Dachshund, agora é ampliado, com ênfase na busca por animais mini ou com pelagens diferentes. É a procura pelo “exótico”: “Cães muito pequenos tendem a ter mais problemas imunológicos, ortopédicos e de desenvolvimento, porque suas articulações não são formadas corretamente”.

Além disso, ela conta que, para selecionar rapidamente as características, os criadores recorrem ao acasalamento consanguíneo, que traz sérios riscos à saúde dos animais. “Na mesma ninhada do mini, há filhotes com doenças sérias ou que nem sobrevivem. Mas o comprador não sabe disso”. Sobre as pelagens, um animal filho de dois merle ou de dois arlequim, tende a ser cego e surdo.

O site de doguinhos coreanos assegura vacinação e proteção completa até que os animais cheguem às suas novas casas, e estipula que a expectativa de vida “depende de como for cuidado e espera-se que seja semelhante à de outros cães de sua espécie (que não existe na natureza)”.

Mas não se preocupe: se por alguma eventualidade o cão vier a falecer dentro do período de um ano, tem garantia! Tal qual um carro ou uma TV, ela é válida para casos de problemas cardíacos ou congênitos graves que resultem na morte do animal ou ameacem sua vida. Se for o caso, é fácil acionar o seguro — mai$ dinheiro! O pai ou a mãe de pet deve enviar os laudos de exames e uma foto do animalzinho perecido para comprovar o óbito por essas questões. Isso feito, aí a empresa pode analisar o caso e enviar um novo, com as mesmas especificidades. “Finge de morto, mas é só para ganhar um irmãozinho!”

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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