Imaginado como sexo exótico, o Tantra vai além. Sua filosofia pode ser definida como estado de presença, no qual instintos mandam menos. Para seus adeptos, é respeitar e conhecer a própria natureza. Sem se castrar, sexualmente ou não, pelo controle moral. É, no fundo, um tesão pela vida. Uma vida orgástica.
O conjunto de preceitos é amplo. Sem uma data de origem definida, sabe-se apenas que seus princípios remontam uma sociedade que existiu onde hoje é o Paquistão e a Índia. Lá, florescia uma cultura onde o feminino era cultuado, a natureza era parte integrante da vida e a relação com a sexualidade e os corpos era outra. A energia sexual era vista como criativa e transformadora.
Hoje, a prática surge não apenas como forma de se ter mais prazer no sexo, pelo prolongamento e multiplicação dos orgasmos. A real intenção é levar a energia sexual, Kundalini, para todas as esferas da vida. Desvincular orgasmo de genitália e penetração. Afastar-se de modelos pornográficos e de prazer imediato. Tudo por meio de respiração, meditações ativas, mantras. E as famosas massagens.
No método Deva Nishok, os quatro níveis delas seguem uma ordem específica. Isso garante que a mente se afaste, aos poucos, da fantasia erótica. Na sensitive massagem, há o primeiro contato: um leve toque da mão por todo o corpo. Depois, parte-se para as genitais, sem se limitar a esse local: as massagens do Êxtase Total, do Yoni/Lingam (vagina e pênis, respectivamente) e de estímulo à glândula de Gräfenberg, o ponto G feminino, e à próstata, o ponto P masculino.
Para seus adeptos, as técnicas são meios para se ampliar a consciência. Com isso, nos valorizamos mais e passamos a compreender a fundo o eu e o outro. Daí um motivo pelo qual o Tantra age na cura de disfunções sexuais, transtornos psicológicos e na liberação de hormônios do prazer.
Ultrapassando visões de sexo como algo pecaminoso, busca-se viver o prazer em sua plenitude, com o uso dos cinco sentidos. O sexo torna-se mais natural, libertador. Empodera a vida em sua totalidade.
Ao mesmo tempo, há ressignificação de experiências traumáticas e derrubada de interdições impostas desde a infância por família e religião. Nesse sexo, ninguém existe para dar prazer ao outro. Prazer apenas se compartilha, pois está em nós.
Colaboraram as/os terapeutas Rosana Cidrão, Junior Ciuniti (que possui um projeto para homoafetivos) e Thais Kaveesha (que desenvolve um trabalho exclusivamente com mulheres).