Arte: Nathalie Rodrigues
No Brasil, cerca de 2,9 milhões de pessoas se identificam como gays, lésbicas ou bissexuais, o que equivale a aproximadamente 1,8% da população adulta. Uma pesquisa realizada em 2021 pelo Center for Talent Innovation — organização sem fins lucrativos focada em pesquisas sobre grupos subrepresentados no ambiente de trabalho — revelou que 33% das empresas brasileiras não contratariam pessoas LGBTQIAPN+ para cargos de liderança.
As ações afirmativas, derivadas dos movimentos sociais que emergiram após a redemocratização brasileira em 1985, demandaram uma postura mais ativa do Poder Público em relação a questões como raça, gênero e etnia. Elas são uma alternativa para a integração, retenção e ascensão dessas pessoas no mercado de trabalho, já que visam combater a discriminação enraizada na sociedade.
No entanto, não existe nenhuma regulamentação específica para esse grupo. Por isso, os dados indicam que a porcentagem desta população em posições de liderança ainda é baixa. De acordo com a consultoria Great Place To Work, apenas 8% dos profissionais brasileiros em cargos de liderança se autodeclaram homossexuais, bissexuais ou transgêneros. Entre os que ocupam uma cadeira na presidência, o número cai para 6%.
Para a população trans, esse número é mais agravante. Apenas 4% das mulheres trans no Brasil estão formalmente empregadas. A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) estima que 90% desse grupo recorre à prostituição como fonte de renda principal e única possibilidade de subsistência.
Felipe Carvalhal, pesquisador na área de diversidade, considera que não existe uma inclusão de pessoas LGBTQIAPN+ em cargos de liderança, mas sim uma tentativa de entender e mapear este cenário. Outros fatores que contribuem para a baixa ascensão profissional desse grupo incluem recortes de raça, classe e gênero. O pesquisador aponta que as oportunidades são significativamente menores para pessoas negras e pobres em comparação com homens brancos da mesma classe social: “Essas disparidades, combinadas com uma sexualidade considerada desviante, agravam ainda mais a situação”.
Colaboradores: Alexandre Putti, diretor de comunicação do Fundo Positivo; Daniela Damiati, gestora de ESG no Instituto Ethos; Felipe dos Anjos Almeida, especialista em marketing digital na Accenture; Niodara Faria, CEO da consultoria Novas Narrativas.