Você já deve ter se perguntado se não era melhor seguir caminho pela rua ao invés de andar pela calçada. De árvores, postes, lixeiras e guaritas a buracos, desníveis e degraus, as calçadas de São Paulo parecem oferecer uma prova de obstáculos para desafiar ainda mais o dia a dia do paulistano. Curioso é pensar que, em muitos casos, somos nós mesmos os desafiantes. Com exceção daquelas em vias estruturais e rotas estratégicas denominadas pela Prefeitura, as calçadas são de responsabilidade dos proprietários dos imóveis ou de seus usuários. Isso significa que deveríamos mantê-las adequadas e estáveis, e, para isso, seguir algumas normas, como manter livre uma largura minima de 1,20 m para a circulação de pedestres e admitir inclinação transversal máxima de 3% em relação à rua. Métricas à parte, o bom senso na escolha do piso – que seja antiderrapante, por exemplo – e a priorização de um trajeto reto no lugar de uma rampa que facilite o acesso do carro à garagem já seriam meio caminho andado.
Para quem escolhe a rua como rota, é a vez da Prefeitura desafiar os paulistanos com buracos, desníveis, ondulações, tampas de bueiros afundadas e sinalização precária. Para quem passa motorizado, o prejuízo é para o veículo e consequentemente para o bolso, com gastos na manutenção de pneus e amortecedores. Pode levar-se em conta a quantidade de carros circulando, as altas temperaturas e a grande quantidade de chuvas, mas a má qualidade do cimento – que é mais barato – é peça chave para que o pavimento se deteriore e que a rua necessite de recapeamento constante. Em 2013 (último dado atualizado no portal da Prefeitura), o governo diz ter investido R$ 36,6 milhões no recapeamento de cerca de 550 mil metros quadrados de vias, o que corresponde a mais de 1% da receita do município naquele ano e mais de 6% do montante arrecadado com o IPVA do estado paulista. No entanto, esse valor é referente apenas à primeira etapa do plano de 2013, que recapeou um total de 2.342.120,50 metros quadrados de vias na cidade. Isso sem falar nas operações “tapa buraco”, que a Prefeitura diz serem complementares aos serviços de recapeamento. Só em 2015, a média mensal foi de mais de 27 mil buracos tapados. Investimento, material e serviço não faltam. Mas a população segue pulando buracos.
Pula buracos
   O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.
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