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A medida de uma beleza sem medida

 

Por Bianca Muniz

 

O que Robert Pattinson, considerado um dos rostos mais harmoniosos do mundo, tem a ver com o “Homem vitruviano”, de Leonardo Da Vinci? Matemática: ambos se aproximam da razão áurea, ou 1,618, representada pela letra grega phi. Esse número estima o equilíbrio entre formas na natureza, na arquitetura, na anatomia e para muitos, isso é sinônimo de beleza.

A busca por um corpo bonito leva milhares de pessoas aos consultórios e clínicas de estética. De acordo com dados do último censo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, mais de um milhão de pessoas realizaram cirurgias estéticas em 2018, cerca de 25% a mais que o censo anterior. Adriana Fernandez é uma delas: na busca pelo corpo ideal, a criadora de conteúdo já fez diversos procedimentos, como cirurgia bariátrica, mastopexia (procedimento para reposicionamento dos seios) com prótese, rinoplastia, aplicação de botox, preenchimentos na face, entre outros. Tudo isso para garantir o ideal de beleza magro e sólido, afinal, ela acredita que ser bela abre portas nesse mundo.

Mas a valorização de medidas proporcionais começou muito antes das transformações de Adriana. Pensadores da Grécia Antiga associavam a beleza à imagem dos deuses da mitologia. Isso explica algumas correntes artísticas que tiveram força no ocidente. O corpo representado nas pinturas e esculturas da época projetava como o homem se via ou como queria se enxergar – como um deus grego, com a distância entre partes do corpo e comprimento dos membros seguindo uma proporção que se aproximasse de phi. Isso representava a virtude e a beleza, seguida por muitos anos em diferentes campos além das artes, como na moda e na arquitetura.

Para a repórter Izabel Gimenez, esse ideal de proporções surte efeitos na autoimagem até hoje, e é estimulado pela moda e pela imprensa. A ausência de manequins plus size e a criação de peças que desvalorizam o corpo gordo, por exemplo, reforçam que medidas fora do padrão não são bem aceitas e levam aqueles que não se encaixam nas proporções a buscarem um corpo que não é o seu.

Além disso, a busca por um corpo “capa de revista” por meio da razão áurea pode não garantir a beleza desejada. O cirurgião plástico Jeimeson Costa conta que, apesar da aplicação dessa proporção em alguns procedimentos estéticos, a medicina não é uma ciência exata e a anatomia não é igual para todas as pessoas. Alcançar uma medida ignorando as proporções de seu próprio corpo pode gerar resultados frustrantes e comprometer a funcionalidade do organismo.

Colaboraram:

Claudinei Roberto (professor das oficinas de criatividade do SESC Pompeia e artista plástico),

Izabel Gimenez (criadora de conteúdo e repórter de Moda e Beleza na Revista Capricho),

Jeimeson Costa (médico cirurgião plástico).

Os dados da pesquisa apresentada fazem parte do Censo 2018 da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, publicado em 2019.

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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