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Sexo é escolha, amor é sorte

 

Por Luana Benedito e Luana Franzao

 

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Arte por Bruna Irala e Mayara Prado

 

 

Mais da metade, ou 55,8%, dos estudantes brasileiros de 16 a 17 anos das redes pública e privada já tiveram relações sexuais, segundo dados do IBGE de 2019.  Na faixa etária de 13 a 15 anos, a porcentagem é de 24,3%, e, entre todos esses adolescentes, 36,6% transaram pela primeira vez com 13 anos ou menos. 

 

Embora possa parecer que os brasileiros têm pressa em começar os trabalhos, ainda há pessoas convictas que, contrariando o clichê de que no Brasil é “Carnaval” o tempo inteiro, escolhem esperar até o casamento antes de dar a primeira mordida na maçã. O que causa estranhamento, por diversos motivos. E se a lua de mel for horrível? E se não houver compatibilidade? Não é importante experimentar com pessoas diferentes? São algumas perguntas que rondam a mente dos jovens sexualmente ativos.

 

Só que os adeptos do celibato tendem a dar de ombros para esse tipo de questionamento. Para eles, o estranho não seria, justamente, se precipitar?

 

Saia da casa dos seus pais, arrume um cônjuge e só aí a vida sexual pode começar, diz Nelson Junior, pastor e fundador do movimento cristão Eu Escolhi Esperar, citando Gênesis 2:24 – isso, claro, se deseja viver fora do pecado. Se seguir a palavra divina, Deus colocará a pessoa certa no seu caminho, e, depois de unidos na saúde e na doença, o sexo consumará uma aliança eterna. 

 

Para a influenciadora digital cristã Duda Leal, 24, que escolheu esperar, o casamento é um espelho do que foi a relação de Cristo com a Igreja – um amor tão forte que um seria capaz de dar a vida pelo outro. “Eu quero ter isso com um companheiro”.

 

E não é apenas a fé que leva à tardança, mas também a busca pela alma gêmea ou a falta de parceiros. Tive alguns rolinhos sérios, mas não confiei em ninguém”, diz Letícia, 20, ao relatar que gostaria de escolher “alguém especial” para o ato e que sua espera “não tem nada a ver com motivos religiosos”.

 

Malu e Danilo, ambos 23, que são casados e esperaram a união, citam a vontade de ter uma conexão amorosa antes da física como um dos principais motivos da decisão: “Um relacionamento não depende do toque”. Eles relatam que foram questionados várias vezes e já sentiram resistência em falar sobre com opositores: “Tem gente que joga uma bomba em cima disso, mas é um propósito”.

 

Impressões externas à parte, a decisão de esperar deve ser tomada com cautela, alerta a sexóloga Bruna Fernandes. Muitas vezes, escolher esperar envolve a busca por uma pessoa perfeita, o que pode gerar frustração. Afinal, todos têm defeitos.

 

Ela também diz ser muito comum receber em seu consultório pacientes que, mergulhados em comunidades conservadoras, passaram a acreditar que seus desejos sexuais – puramente biológicos – são errados, o que pode levar a disfunções na “Hora H”.

 

Mas isso não significa que o celibato leva sempre a problemas, ressalta. O risco é o jovem não estar consciente do funcionamento de seu corpo e confundir seus impulsos sexuais com algo ruim.  “Não existe virada da chavinha depois que a pessoa casa; isso é algo que ela vai levando para a vida.”

 

Colaboraram:

Bruna C. Fernandes, sexóloga e psicóloga

Darci Vieira da Silva Bonetto, doutora e membro do Departamento Científico de Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)

Curso Básico disponibilizado pela organização Eu Escolhi Esperar, ministrado por Nelson Junior, pastor, e Angela Cristina, pastora

Maria Eduarda Leal, estudante e influenciadora

Letícia Anção, estudante

Malu Ponso, influenciadora

Danilo Cantieri, dreadmaker

Valentina W., estudante

Andressa F., estudante

Juliana R., estudante

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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