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Cuidado, esse produto pode causar alergia

 

Por Edson Junior e Emylly Alves

 
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Arte por Bruna Irala e Mayara Prado

 

 

Pele vermelha e inchada, com uma sensação de ardência e coceira, foi o que algumas pessoas que testaram o sérum facial da marca Boca Rosa Beauty sentiram em 2019. O produto, que era assinado pela influenciadora Bianca Andrade, foi retirado das lojas e passou por novos testes após os relatos de alergia.

 

Cosméticos, dos mais diversos tipos, são um sucesso entre os consumidores. Segundo dados da agência Corebiz, as vendas digitais desse setor cresceram em 68% entre março e junho de 2020 no Brasil, durante a pandemia.

 

Mas eles podem causar algumas reações indesejadas. E a mais comum delas é a alérgica, como diz Mônica Ramos, docente da disciplina de dermocosméticos na Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Os componentes que mais causam alergias são as fragrâncias, que servem como matéria prima para dar um odor satisfatório a diversos produtos. E se engana quem pensa que os perfumes são os únicos que possuem fragrâncias na composição, ou tão somente os cosméticos. 

 

Quem nunca foi para uma loja de produtos de beleza e recebeu “amostras grátis” de mais de dez perfumes diferentes? Ou entrou em uma galeria fechada com um cheiro bem característico? Ou até mesmo comprou aquele lanche tão adorado com um odor gostoso? 

 

Tudo isso se inclui na indústria do cheiro, termo utilizado por Mônica. “Tudo ao nosso redor tem fragrância. Além dos perfumes, a encontramos no que comemos, nos produtos de higiene pessoal e demais cosméticos e até nos ambientes.” 

 

Entre as diferentes possíveis reações causadas pelas fragrâncias – e, em consequência, pelos cosméticos – estão espirros, dor de cabeça e até irritações na pele. Caso sinta alguma reação alérgica com o uso dos cosméticos, “o consumidor deve suspendê-lo e, em seguida, procurar um dermatologista. Hoje é possível diagnosticar a que tipos de produtos temos maior disposição de desenvolver processos alérgicos”, aponta Mônica.

 

Para evitar adversidades, os cosméticos passam por rigorosas avaliações antes de chegar à pele do consumidor. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é a responsável por classificar e fiscalizar esses processos.

 

Há passos para a escolha dos ingredientes, análise de potenciais efeitos tóxicos e, em alguns casos, até estudos práticos que possam comprovar a segurança para o público alvo. Segundo a dermatologista Flávia Addor, da Sociedade Americana de Dermatologia, “a margem de segurança dos cosméticos é muito grande, e quando ocorre reação, normalmente são irritações de leve intensidade”. 

 

Um dos fatores que podem agravar a possibilidade de reação é o uso dos produtos em situações diferentes das previstas nos testes científicos. Anax Oliveira, membro da Sociedade Brasileira de Toxicologia, explica que as avaliações de segurança de cosméticos “levam em consideração as condições esperadas de uso” e  recomendadas pelo fabricante.

 

Aquele “atchiiim” e a coceira na pele após usar um cosmético podem ser os primeiros sintomas de uma irritação, então é importante ficar atento às reações do nosso organismo e procurar um médico se os sintomas persistirem.


Colaboraram:

Anax Oliveira, membro da Sociedade Brasileira de Toxicologia (SBTox)

Flávia Addor, da Sociedade Americana de Dermatologia

Mônica Ramos, professora da disciplina de dermocosméticos na Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Alerta! Comida Vermelha

 

Por Beatriz Quesada

 

 

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Molho de tomate, gelatina de morango, hot dog – “Eu amava cachorro-quente”. Poucas coisas fazem tanta falta para Paula de Lira quanto este último. Há 15 anos ela evita produtos com corante vermelho: passou a ter inflamações na pele ainda criança, sempre que comia um produto colorido artificialmente. Hoje, aos 25 anos, a salsicha não causa mais reações na pele da assessora de imprensa, mas fecha a garganta – não pode comer de jeito nenhum.

 

A alergia a corantes é rara e difícil de ser identificada, afirma a médica e diretora da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatogia (ASBAI), Ana Paula Braga. Como reações a determinados alimentos são mais comuns, o pigmento é deixado de lado como possível origem das inflamações.

 

Cabe ao médico estabelecer a correlação entre os sintomas e a alimentação do paciente, para depois conduzir os chamados “testes de provocação”, uma tentativa de reproduzir os efeitos para verificar se de fato o corante é a causa da alergia. Depois disso, o que tinha a fazer era evitar o contato com esses produtos artificiais. Tarefa complexa numa sociedade com tantos alimentos industrializados, e ainda mais difícil para uma criança.

 

No caso de Paula, essa correlação aconteceu em casa mesmo: ao lado da mãe experimentava e anotava o que poderia ou não fazer mal. Quando pequena, se lembra bem de não poder comer pipoca doce e ter que manter um corte “joãozinho” por conta das feridas no couro cabeludo causadas pela alergia ao corante vermelho.

 

 

Já para Lívia Mersson, 22, o difícil era evitar os doces sabor morango: “Sabe bicho de pé? O doce rosinha? Acho lindo e nunca pude comer”. A radialista conta que a resistência baixa contribui para deixá-la mais vulnerável a ter uma reação ao escarlate artificial, tanto através de alimentos como de produtos para a pele.

 

A descoberta veio quando ela ainda era muito nova, e itens comuns da infância – como danoninho rosa e mertiolate de cor escura e avermelhada – passaram a causar coceira no braços, nas pernas, no peito. Já adulta, lida com a falta do corante de forma quase automática. Um batom nude no lugar do magenta que inflama o lábio, e a maquiagem não perde nada com isso.

 

Paula também encontrou um jeito de conviver com a alergia. Anos de experiência com vermelho artificial fizeram com que soubesse seus limites – sempre com a precaução de carregar seu antialérgico. “Sofri bastante sendo criança e tendo que saber o que comia, mas evitar os corantes acabou me levando para um lado mais natural, mais saudável”, conta.

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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