logotipo do Claro!

 

6 barreiras que fazem da internet um lugar não tão livre assim

 

Por Breno Leoni Ebeling e Felipe de Barros Marquezini

 

O maravilhoso mundo da internet é o lar de tantas informações, redes e conteúdos diferentes que pode dar a impressão de ser um ambiente livre de regras e fronteiras. Mas é só impressão mesmo. O Claro! selecionou 6 fronteiras que mostram que a internet não é um mundo sem lei e que até a web tem seus limites.

 

Tetris fail: quando a destruição da famosa barreira pode ser bem frustrante! Fonte 



1. As fronteiras nacionais

 

A muralha da China, um dos principais exemplos de fronteira. Fonte
A muralha da China, um dos principais exemplos de fronteira. Fonte

 

Hoje podemos ver as Olimpíadas no Rio de Janeiro, visitar o Louvre, ouvir um grupo sul africano apresentando uma canção folclórica local e aprender uma receita russa típica, tudo ao mesmo tempo. Na Internet, a separação entre países parece não significar muito, mas não é bem assim: se os rios e muralhas não podem impedir um sinal de chegar ao seu computador, os governos ainda podem, e impedem.

 

freedom of the net
Gráfico que mostra o ranking de censura na internet entre 65 países. Quanto menor a pontuação, menor a censura. Fonte

 

É o que diz o relatório anual Freedom of the Net, elaborado pela Freedom House. E essa barreira não é fenômeno exclusivo de países autoritários: das 65 nações analisadas no relatório, nenhuma foi considerada completamente livre. Os que mais censuram são China, Irã e Síria, onde os Estados impedem o acesso a sites que fazem denúncias de corrupção ou críticas a seus governos.

 

 

2. As fronteiras econômicas

 

Pokemon go1Pokemon go


No "Pokémon Go", o aplicativo do momento, é possível adquirir mais recursos pela compra das "pokécoins"

Outra ideia difundida é que a Internet tem o potencial para diminuir as fronteiras econômicas. São oportunidades iguais a todos os usuários: basta estar plugado à rede. Será? Além dos custos da conexão, dos aparelhos e assinaturas dos provedores, os gastos na rede não param por aqui, como você bem sabe!

Mesmo podendo acessar boa parte do conteúdo on-line sem pagar a mais, são inúmeros os conteúdos restritos que você precisa desembolsar uma quantia para ter acesso. São os chamados paywalls, uma alternativa de receita aos banners inconvenientes que aparecem quando você menos espera. Aplicativos são bons exemplos de serviços do tipo: aparentemente gratuitos, permitem alguma vantagem ou maior acesso quando pagos; muitos sites de notícias e jogos também usam esse recurso.

 

 

3. A Dark Web

 

New_league_of_legends_loading_screen
Fonte

 

 

Na “vida real” sempre existiram bocas de fumo, mercados negros e prostituição. As fronteiras entre o legal e ilegal não foram derrubadas pela Internet. Talvez você conheça esse “lado B” pelo seu nome popular, “Deep Web”, ou mais especificamente a “Dark Web”. Enquanto a Deep Web é toda a parte não indexada da internet, a Dark Web é aquela que além disso exige softwares, configurações ou autorizações específicas para acesso.

Nos seus exemplos mais inocentes, a “Dark Web” é a parte da Internet que armazena todas a suas senhas e logins. Mas a distância dos olhos do público (e da lei) torna a Dark Web um ambiente virtual atraente para práticas fora-da-lei. O caso mais famoso foi o fechamento, em outubro de 2013, do site “Silk Road”, um mercado negro virtual que vendia principalmente drogas e documentos falsos. Outros sites permitem comércio de armas, acesso a pornografia infantil e atividades terroristas, como fez o ISIS na organização dos atentados em Paris em novembro de 2015.

 

 

4. A fronteira da Justiça

 

whatsapp
Fonte

 

 

A decisão legal também serve como uma barreira: o restaurante fechado pela vigilância sanitária, o estabelecimento interditado pela polícia, o imóvel desocupado pela tropa de choque. Problemas como esse parecem nem chegar perto da esfera da internet, que pode muito bem ser interpretada como uma terra sem lei. Mas não foi o que se viu em diversar situações ultimamente. Quem não ficou irritado com os bloqueios do WhatsApp? O próprio fechamento do “Silk Road” mostra que a internet não é um lugar além do alcance da lei,  mas apenas um novo espaço onde as pessoas podem atuar.

Isso faz parte do confronto entre direitos individuais e o poder de investigação do Estado (que deve servir para preservar outros direitos também importantes). Os métodos de criptografia que se usam hoje em dia são tão eficientes que podem tornar impossível a recuperação de conversas – pelo menos é o que alegam as empresas. Por outro lado, se o acesso do Estado a mensagens privadas fosse facilitado, isso seria mal visto pela maior parte da população, o que acentua esse dilema.

 

 

5. A fronteira Física

 

google-mayes-county
Centro de dados do Google, localizado no estado americano de Oklahoma. Fonte

 

Você já se perguntou “onde” estão os sites que você visita, fisicamente falando? Já que lidamos com a internet em aparelhos eletrônicos e muitas vezes móveis, fica fácil supor que a internet é uma coisa que fica por aí “suspensa” no ar.

Na verdade, a grande quantidade de informação existente na internet precisa ser armazenada em imensos servidores, para que possa ser transmitida e acessada. Os centros de dados do Google são um ótimo exemplo, localizados em prédios que mais parecem verdadeiras muralhas de proteção que em nada lembram a ideia de queda de fronteiras.

 

 

6. A neutralidade de Rede

 

gol
Ao fazer uma pesquisa básica no Google, muitas vezes as primeiras opções de páginas são anúncios.

 

 

Faz bastante tempo que a liberdade de imprensa é valorizada como parte da democracia. A internet veio como ferramenta para ajudar nesse aspecto. Nela, o usuário vai até o conteúdo, e não o contrário. Isso deveria impedir que seus usuários só tenham acesso àquelas informações “peneiradas” pelas rádios e emissoras de tv, por exemplo. Mas mais uma vez, não é tão simples quanto parece. Essa fronteira é a questão da “neutralidade da rede”, o princípio pelo qual provedores de acesso à Internet devem permitir o acesso a todo conteúdo e aplicações, sem o favorecimento ou bloqueio de determinados produtos ou websites. A neutralidade pode ser rompida pelos provedores de diversas formas, como priorizando o tráfego para sites ou usuários que paguem pelo serviço ou criando pacotes de acesso especial (nos quais se paga mais para acessar conteúdo mais amplo e variado). Embora possa parecer vantajoso para o consumidor, prejudica os serviços concorrentes e, portanto, a diversidade de informação.

 

Edição: Sofia Mendes

 

 

 

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

Expediente

Contato

Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Bloco A.

Cidade Universitária, São Paulo - SP CEP: 05508-900

Telefone: (11) 3091-4211

clarousp@gmail.com