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Cultura estrangeira por todo lado

 

Por Daniel Terra e Marcelo Canquerino

 

Basta ligar o rádio ou abrir o catálogo da Netflix para você enxergar a grande quantidade de produções culturais dos mais diversos países. Músicas como Sour Candy, parceria entre Lady Gaga, cantora americana e BLACKPINK, grupo sul-coreano, e séries como Dark, da Alemanha, e Elite, da Espanha, são alguns exemplos. 

Pensar na forma como a cultura estrangeira adentra no Brasil é falar sobre como são estabelecidas relações entre as nações. Essa influência ocorre de modo sutil, a partir de inserções culturais externas capazes de formar projeções de outros países no imaginário popular. Uma moeda de dominação definida como soft power.

 

Infográfico - Marcelo e Daniel (Novo)

 

A era dos streamings e os mecanismos de influência do soft power

 

“A principal arma do soft power atualmente é a tecnologia computacional, ou seja, o mundo integrado a partir da internet e das redes sociais”, explica Wagner Pereira, professor de história da UFRJ e do programa de pós graduação em psicologia social da USP. Acesso a filmes, séries e músicas através dos streamings é cada vez mais comum no mundo e, a partir destas plataformas, a disseminação cultural tornou-se uma das maiores da história. 

A mídia também é outro fator importante. Por meio dela a população conhece as produções culturais de massa. Antônio Xavier, doutor em comunicação e semiótica pela PUC-SP, explica que os meios de comunicação são veículos não só de disseminação de cultura, mas também de esquecimento. “A partir do momento que tomamos a mídia como ponto de partida para conhecer culturas, tudo que não está veiculado/midiatizado passa por um apagamento.” 

No nosso dia a dia, esse poder fica até mais claro em algumas situações, como a influência de uma crítica na hora de escolher o que ver no cinema ou em casa. Neste caso, o poder de sedução do soft power também está atrelado a psicologia. Quando muitas pessoas estão consumindo um produto, a música ou série do momento, aquele que “está de fora”, vai buscar consumi-lo. Isso é instintivo do ser humano, segundo Wagner. 

 

 

O resultado da influência 

 

Atualmente, é possível falar de certo hibridismo cultural, uma junção entre elementos estrangeiros e brasileiros. A forma como consumimos, por exemplo, foi sendo assimilada a partir de um modelo dos Estados Unidos. Ao longo do tempo comer fast foods e comprar na tão esperada black friday se tornou muito comum na vida do brasileiro.

A influência cultural dos Estados Unidos se mantém como uma das mais fortes, não só no Brasil como no mundo, em função de ocorrências histórias, segundo Virgílio Arraes, professor no Departamento de História da UnB. Desde a 2ª Guerra o soft power está presente em sua política revelando seu aspecto não apenas ideológico, mas econômico. A política de boa vizinhança, implantada à partir de 1933, levou nossa imagem para a América do Norte, e trouxe a imagem dos estadunidenses para o Brasil através de ferramentas como filmes. 

No clássico média metragem de Walt Disney “Você já foi à Bahia?”, Pato Donald vem conhecer a Bahia e conhece Zé Carioca, que representa o Brasil, e o Galo Panchito, representando o México. 

https://www.youtube.com/watch?v=NLuHm9x2S14 

A construção dessa visão dos EUA perdura até os dias atuais. A influência que o Brasil sofre vai desde o consumo dos diversos produtos culturais, até a imagem “perfeita” que os brasileiros têm com os estrangeiros, refletindo no que assistimos, ouvimos e comemos.

 

Colaboraram: 

Ernesto Magalhães: Gerente de comunicação no Consulado Britânico do RJ.

Luana Caroline Kunast Polon: Mestre e Licenciada em Geografia (UNIOESTE); Professora Formadora na UNIPAMPA. 

Paulo Henrique Heitor Polon: Mestre em Sociedade, Cultura e Fronteiras (UNIOESTE) e Licenciado e Bacharel em Ciências Sociais (UEL); Professor do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS). 

João Reino: Vice-Cônsul do Brasil nos EUA.

Thaís Matos: Jornalista Cultural do Portal G1

Eduardo Filho: Jornalista Cultural da Revista Veja 

Isso não é um publipost (mas é um texto sobre publis)

 

Por Eduardo Passos e Lígia de Castro

 

Você passa pelo feed do Instagram e, no fundo da foto de um famoso, está lá o logo de um produto. No Youtube, você se depara com 15 segundos de anúncio (coincidentemente sobre o mesmo assunto comentado pelo youtuber do vídeo). No Facebook, um ídolo oferece um curso pago.

A publicidade em si não é recente, mas o fenômeno de aplicá-la às redes sociais, pelos chamados influencers, é sim. Mas quais regras de fato guiam as publicações e a relação entre influenciadores e marcas? E onde o espectador entra nisso?

 

Os influencers

Os influencers podem ser encaixados em 4 categorias: megainfluenciador (mais de 1 milhão de seguidores), macroinfluenciador (de 500 mil a 1 milhão), intermediário (de 100 mil a 500 mil) e microinfluenciador (de 10 mil a 100 mil seguidores). Essa definição é dada pela agência “influency.me”, especializada em marketing de influência, e é seguida por várias das figuras que têm ganhado espaço nas redes.

Uma delas é Marla Honorato. Seu feed do instagram está repleto de fotos e vídeos em que ela apresenta dicas e produtos de beleza para os seus 98,6 mil seguidores. A capixaba ainda é considerada microinfluenciadora, mas tem crescido tanto nos últimos dois anos que, em breve, já se encaixará no perfil de “intermediário”.

Ela trabalha sobretudo com um nicho: os cuidados com o cabelo. Esse é um ramo que lhe permite apresentar várias marcas diferentes, tornando seu feed um potencial para publiposts.

 

 

As agências

O crescente interesse das marcas por influenciadores gerou até um mercado próprio, no qual agências intermediam a publicidade online. Felipe Oliva, cofundador da paulistana Squid — criada em 2014 e pioneira desse serviço no Brasil — explica que a ponte é feita tanto por análise de dados quanto pela avaliação do conteúdo.

“Nossos algoritmos identificam os perfis que possuem as métricas e o target que trarão resultados para o cliente. E então entra nosso time de especialistas em influenciadores”, explica, enfatizando que os técnicos analisam dados de comportamento online para escolher influenciadores certos a anunciantes, que vão de bancos a companhias aéreas e eventos esportivos.

Ainda de acordo com Oliva, o Instagram é a rede onde mais se usa a influência para vender, enquanto no YouTube, por exemplo, “o criador de conteúdo adiciona a publicidade ao tema que se relaciona.”

 

Ligia e Eduardo - Infográfico 1 (v3)

 

Os Direitos do Espectador

A publicidade inserida nas redes sociais é tão corriqueira que os espectadores acabam se deparando com ela sem ter a intenção. Por ser um fenômeno recente, eles muitas vezes não sabem quais os seus direitos e como se proteger de eventuais abusos.

Lucas Lehfeld é advogado especializado em Direito do Consumidor. Ele explica que a publicidade sempre deve ser clara, de imediata identificação pelo usuário, cabendo ao fornecedor, por exemplo, “a manutenção de dados fáticos, técnicos e científicos que sustentam a mensagem passada pela peça publicitária”.

Lígia e Eduardo - Info 2 (segunda versão)

Fontes

  • Marla Honorato, influenciadora digital
  • Lucas Lehfeld, coordenador do Curso de Direito do Centro Universitário Barão de Mauá, e advogado especializado em Direito do Consumidor 
  • Felipe Oliva, cofundador da agência Squid (especializada em marketing de influência)

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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