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Guia (quase) definitivo para escrever um best-seller

 

Por Isadora Vitti

 

“Okay? Okay”. O pequeno diálogo do best-seller “A culpa é das estrelas”, de John Green, estampou colares, camisetas e capas de facebook de centenas de adolescentes por aí. O livro tinha todos os elementos para virar um best-seller.
O primeiro deles era, isso mesmo, a palavra “OK”. Segundo um programa criado por dois pesquisadores da Universidade de Stanford e Nebraska, essa palavrinha triplica as chances de um livro se tornar um best-seller. A pesquisa dos norte-americanos Jodie Archer e Matthew L. Jockers analisou 20 mil livros aleatoriamente, a partir de listas dos mais vendidos do The New York Times dos últimos 30 anos. O programa tem um algoritmo capaz de identificar os elementos que se repetem entre eles. Na pesquisa, eles também perceberam que os livros que usam muitas vezes os verbos “precisar”, “querer” e “fazer” têm o dobro de chance de se tornarem um sucesso de vendas.
Segundo elemento: ele é protagonizado por uma mulher forte. O consumo entre os jovens de livros com personagens femininas independentes em papéis principais foi um fenômeno que estourou com Harry Potter. Hermione, a mais esperta do grupo, virou uma inspiração. Mais tarde veio Katniss, protagonista de Jogos Vorazes. “Essa procura por livros protagonizados por mulheres sempre existiu, mas havia poucos com essa temática. Com esse aumento da discussão sobre o papel da mulher, mais autoras conseguiram colocar esses livros nas estantes”, explica Gabriela Tonelli, editora da Seguinte, selo jovem da Cia das Letras.
Outra coisa que não pode faltar é um romance para os fãs “shipparem”. E se for um romance proibido à la Shakespeare então? Aí é sucesso! Segundo o pesquisador e consultor de comunicação José Antônio Rosa, existem conteúdos que são arquetípicos, que estão dentro de nós e vão sendo passados de geração a geração. Em “A culpa é das estrelas”, o autor recria o amor shakespeariano usando um câncer como empecilho para os dois jovens amantes.
Mas então quer dizer que é só colocar uma mulher protagonista, um arquétipo e exagerar em verbos específicos que é garantia de vendas? Pois é, infelizmente não. Um livro pode ter todos os elementos de sucesso e mesmo assim não se transformar em um best-seller ou pode não ter nenhum deles e causar frenesi internacional.
Paula Pimenta, escritora da série “Fazendo Meu Filme”, que rendeu mais de 500 mil cópias, afirma que ela é sempre seu maior filtro: “Eu tenho que ser a primeira a gostar das minhas próprias histórias. Pensar em elementos que vendam é função das editoras”. O autor dos best-sellers “Eu me chamo Antônio” e “Segundo”, Pedro Gabriel, ratifica: “Se existisse uma fórmula de todo livro ser um sucesso comercial, o mundo só precisaria de um autor. E, ainda bem, isso nunca vai acontecer”.
Para Tales Gubes, escritor e criador do projeto Ninho de Escritores, que ajuda pessoas a melhorarem sua escrita, “há dois fatores essenciais para um best-seller: uma história bem contada e sorte”.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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