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Um por todos ou todos por um: por quem viver

 

Por Beatriz Azevedo e Camila Paim

 

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Arte por Gabriella Sales e Mariana Catacci

 

É possível viver só para si ou só para outros? Ou existe um equilíbrio entre os dois? Nesse podcast nós discutimos esse dilema, analisando pessoas reais e personagens da ficção, como Anna Karenina e Atticus Finch, e a maneira que lidaram com ele.

 

 

 

Colaboraram:

Homero Silveira Santiago, professor de filosofia na USP

Marcelo Galuppo, professor de direito na UFMG e na PUC Minas

Franck Dagba, organizador da escolinha de futebol F7

Carminha

Apoio técnico:

Pedro Henrique de Sousa

Vinicius Garcia

 

Uma pitada de perguntas e criatividade a gosto

 

Por Mariah Lollato

 

“Deixa eu dar uma pancada na orelha do leitor.” É esse o objetivo de André Balbo, escritor e editor da revista literária Lavoura, ao iniciar um conto. Impactar quem está do outro lado também é o que desejam Edgar do Cavaco, compositor, e Lígia de Campos, atriz do grupo de teatro Esparrama. Perguntar para gerar reação os movimenta.

“Qual mensagem quero passar ao me sentar para escrever?”, se questiona Edgar, a cada nova canção. Compositor profissional, a música é, para ele, além de meio de vida, uma maneira de tocar o público. O mesmo acontece com o grupo de teatro de Lígia, que estuda conexões entre infância, cidade e arte. 

Para atingir seu objetivo, é preciso que Edgar se indague sobre a melhor maneira de construir uma história: “Em que formato ela será composta? Qual será seu fio condutor?” Como o compositor, André e Lígia também levantam questionamentos relacionados à narrativa. No caso dos romances, os personagens tem papel fundamental dentro dela. Por isso, o escritor se pergunta se quem surgirá primeiro será a história ou se a narrativa será construída para dar lugar a um personagem já idealizado. 

Além destes questionamentos, Lígia enxerga também vínculo entre dúvidas deixadas por um espetáculo e o surgimento de outro. É o caso de Navegar, obra criada com base em perguntas sobre o imaginário das crianças acerca de São Paulo, que o grupo se fez ao fim da peça anterior. Para respondê-las, uma pesquisa ouviu dos pequenos o que a metrópole significava para eles. O resultado foi transformado em espetáculo, e contou-se uma nova história. 

“A consequência de nossas peças tem sido perguntas. Outros questionamentos vem e isso é maravilhoso, porque alimenta o grupo”, conta a atriz. Na literatura, André também se depara com a tentativa de responder em novas obras questões deixadas pelas anteriores. Isso acontece no uso do humor em seus textos: o escritor busca que ele sirva à mensagem do conto, sem que se limite a apenas um vício.

Edgar, por outro lado, não vê conexão entre a jornada vivida em uma composição e o surgimento de outra. “Quando começo uma música, começo do zero”, diz. O que confirma: as dúvidas levantadas são distintas. Mas, entre os três autores, o que não falha em se repetir é o processo de fazer perguntas, combustível para continuarem criando

 

Guia (quase) definitivo para escrever um best-seller

 

Por Isadora Vitti

 

“Okay? Okay”. O pequeno diálogo do best-seller “A culpa é das estrelas”, de John Green, estampou colares, camisetas e capas de facebook de centenas de adolescentes por aí. O livro tinha todos os elementos para virar um best-seller.
O primeiro deles era, isso mesmo, a palavra “OK”. Segundo um programa criado por dois pesquisadores da Universidade de Stanford e Nebraska, essa palavrinha triplica as chances de um livro se tornar um best-seller. A pesquisa dos norte-americanos Jodie Archer e Matthew L. Jockers analisou 20 mil livros aleatoriamente, a partir de listas dos mais vendidos do The New York Times dos últimos 30 anos. O programa tem um algoritmo capaz de identificar os elementos que se repetem entre eles. Na pesquisa, eles também perceberam que os livros que usam muitas vezes os verbos “precisar”, “querer” e “fazer” têm o dobro de chance de se tornarem um sucesso de vendas.
Segundo elemento: ele é protagonizado por uma mulher forte. O consumo entre os jovens de livros com personagens femininas independentes em papéis principais foi um fenômeno que estourou com Harry Potter. Hermione, a mais esperta do grupo, virou uma inspiração. Mais tarde veio Katniss, protagonista de Jogos Vorazes. “Essa procura por livros protagonizados por mulheres sempre existiu, mas havia poucos com essa temática. Com esse aumento da discussão sobre o papel da mulher, mais autoras conseguiram colocar esses livros nas estantes”, explica Gabriela Tonelli, editora da Seguinte, selo jovem da Cia das Letras.
Outra coisa que não pode faltar é um romance para os fãs “shipparem”. E se for um romance proibido à la Shakespeare então? Aí é sucesso! Segundo o pesquisador e consultor de comunicação José Antônio Rosa, existem conteúdos que são arquetípicos, que estão dentro de nós e vão sendo passados de geração a geração. Em “A culpa é das estrelas”, o autor recria o amor shakespeariano usando um câncer como empecilho para os dois jovens amantes.
Mas então quer dizer que é só colocar uma mulher protagonista, um arquétipo e exagerar em verbos específicos que é garantia de vendas? Pois é, infelizmente não. Um livro pode ter todos os elementos de sucesso e mesmo assim não se transformar em um best-seller ou pode não ter nenhum deles e causar frenesi internacional.
Paula Pimenta, escritora da série “Fazendo Meu Filme”, que rendeu mais de 500 mil cópias, afirma que ela é sempre seu maior filtro: “Eu tenho que ser a primeira a gostar das minhas próprias histórias. Pensar em elementos que vendam é função das editoras”. O autor dos best-sellers “Eu me chamo Antônio” e “Segundo”, Pedro Gabriel, ratifica: “Se existisse uma fórmula de todo livro ser um sucesso comercial, o mundo só precisaria de um autor. E, ainda bem, isso nunca vai acontecer”.
Para Tales Gubes, escritor e criador do projeto Ninho de Escritores, que ajuda pessoas a melhorarem sua escrita, “há dois fatores essenciais para um best-seller: uma história bem contada e sorte”.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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