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Superar a insegurança: o desafio nas mudanças organizacionais

 

Por Fernanda Pinotti

 

CapaFefa

 Arte: Mariana Arrudas; fotos: Pixabay

 

Todo dia você faz tudo sempre igual. Acorda às 6h da manhã, toma café e vai para o trabalho. Lá você senta na sua mesa e liga o seu computador, você sabe quem vai sentar ao seu lado e sabe exatamente o que fazer. Parece assustador pensar que toda a sua rotina pode ir por água abaixo, caso um software novo torne sua função desnecessária. Ou caso uma pandemia, do nada, force todo mundo a se adaptar a uma nova realidade no ambiente de trabalho.

 

Mudanças em uma organização afetam tanto o coletivo como cada um individualmente, e a  dificuldade em se adaptar está atrelada à insegurança perante o desconhecido. A psicóloga Valéria Marques explica: “Se antes a pessoa estava confiante, agora ela passa a se sentir uma iniciante, perdida.” E acrescenta que até nosso organismo tende a resistir. Como buscamos sempre economizar energia, é preferível para o corpo repetir comportamentos conhecidos, que exigem menos esforços neurológicos.

 

Além dos fatores individuais, a cultura e a estrutura da organização também definem a relação da empresa com o novo. O professor de administração empresarial no Ibmec, Fábio Affonso, explica: o primeiro diz respeito aos valores e comportamentos compartilhados pelos funcionários, e o segundo às regras e normas que a empresa deve seguir. “O setor de aviação, por exemplo, tem muitas normas internacionais, é uma restrição natural do setor à inovação”, ele completa.

 

Mesmo que a cultura de determinada organização seja pouco adaptável ao novo, em momentos de necessidade isso pode mudar. “Há restrições em transformar comportamentos que vem dando resultados positivos, por isso o momento de crise é um ambiente propício para a mudança acontecer”, o professor fala. A pandemia forçou a maior parte das empresas a adotar tecnologia como parte central de seu funcionamento, acelerando esse processo de modernização.

 

As adaptações no ambiente corporativo, no entanto, só funcionam quando todos sabem o seu propósito. Nisso concordam o professor Fábio Affonso e o Ronaldo Ferreira Jr., sócio-diretor de uma agência de marketing. “As pessoas têm que se sentir incluídas na mudança”, explica Ronaldo. Ao entender as novas direções, os contribuintes se sentem menos inseguros, e isso só é possível através do diálogo feito de forma horizontal. “As empresas são tocadas por pessoas, uma empresa não faz nada que não seja através de pessoas”, ele completa. 

 

Sorria, você está sendo observado

 

Por Carla Monteiro

 

Ah, não! Lá vem você com essa sua mania de roubar chocolates da sua irmã. Já vou avisando, ela vai ficar muuuuito brava! Mas é claro que você vai falar que não sabe de nada. Afinal, você acredita que ninguém está vendo. Mas eu já te digo: eu observo tudo. Sempre.

 

Olha só: ontem, o seu vizinho deixou a toalha molhada em cima da cama de novo! Impressionante. Parece que não aprende nunca. Meus amigos ácaros adoraram, né. Quarto quentinho, toalha úmida, resquícios de pele morta  para eles se alimentarem: voilà, um habitat perfeito. Mas quem não gostou nada, nada foi a esposa dele. Ela sempre tem nojinho de tudo e deu a maior bronca no marido. Mal ela sabe que os ácaros fazem a festa na casa dela. Naquele travesseiro, igual ao que você está usando há seis meses, por exemplo, vivem 300 mil  deles, acredita? Eles se divertem, observam a todos o tempo todo e ninguém nem percebe.

 

Eu conheço tudo. A hora que você chega, a hora que você sai, o que você come (aliás, estava muito boa aquela lasanha de domingo, hein. Aproveitei bastante os restinhos da travessa que estava em cima da pia), conheço até quando você vai para o futebol e volta com aquele chulé. E para sobreviver, passo despercebida. Eu prefiro ficar aqui, escondidinha, circulando pelos lados escuros.

 

Às vezes, eu me descuido e os gigantes humanos conseguem me enxergar. É sempre uma fuga. Eles tentam me acertar com qualquer coisa e eu fico toda dolorida. Numa dessas perdi uma antena e fraturei duas patinhas. Não sei porque fazem isso. Eles se acham superiores e maduros. Tão jovens! Mal sabem que estamos neste planeta há 320 milhões de anos. Mal sabem também que, só em São Paulo, somos 200 baratas para cada habitante da cidade. Assim fica fácil observá-los por todos os cantos.

 

É, pode ser que você não perceba, mas eu estou em todos os lugares, o tempo todo. Apenas observando. Eu sei de tudo que acontece por aqui. Na semana passada, eu presenciei a seguinte cen… PLAT! AHHHHHHH! UMA BARATA! QUE NOJOOOO!

 

Oh, não! Esse escândalo de novo não! Eu te disse que eu não podia me descuidar! PLAT! PLAT! MATA! MATAAA! Na próxima eu completo a história! Mas olhos abertos, eu estou por aí… a te observar. PLAT!

 

Fonte: André Guilherme Costa Vaz Alves, biólogo e professor efetivo da rede estadual de ensino

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

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