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Vaca amarela

 

Por Paula Lepinski

 

Quando se nasce, o grito. É essa a nossa primeira expressão como seres vivos, e daí não paramos mais. Afinal, o que é a vida senão puro ruído entre dois silêncios, o antes de nascer e o após a morte? E com ele partimos sozinhos, pois dos outros um minuto de silêncio é tudo que se pode esperar – nem um segundo a mais, talvez muitos a menos. Na sociedade movida pelo som, o silêncio é crime hediondo, pois a cidade não fecha os olhos. O silêncio amedronta, incomoda e escancara a solidão inerente a toda mulher e a todo homem. Desde o momento em que o despertador toca, a rua propõe uma trilha sonora. E quando ela está longe demais para ser ouvida, um fone de ouvido, um rádio ou até mesmo a voz preenchem o vácuo tortuoso que parece capaz de sugar o próprio ser. Sugar, eu disse? Talvez a palavra certa seja expor. Sim, expor a si mesmo para si mesmo. Numa sala, vinte vozes se confundem – é um debate, eles dizem -, mas ninguém parece capaz de se ouvir antes de falar. Questão de sobrevivência, alguns diriam. O que não é dito e ouvido não existe. E qualquer ruído é melhor do que ficar sozinho e ouvir a si mesmo. Porque calar-se é ouvir a si mesmo. E aí me pergunto: quanto tempo você é capaz de se ouvir?

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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