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Não, você não pensa como os aborígenes

 

Por Maria Clara Rossini

 

 

Ou como qualquer outro indivíduo que seja fluente em uma língua diferente da sua. É o que afirma a hipótese Sapir-Whorf, um conjunto de ideias dos pesquisadores Edward Sapir e Benjamin Whorf agrupadas em 1954 pelo linguista Harry Hoijer. Apesar do nome pomposo, ela representa uma ideia relativamente simples: pessoas que falam línguas diferentes também pensam ligeiramente diferente.

 
Isso não significa que exista uma diferença de raciocínio entre os povos. É exatamente o contrário. Culturas diferentes utilizam da mesma capacidade cognitiva para interpretar o mundo com diferentes recortes, o que acaba se refletindo em sua língua. Essa ideia se aproximaria da chamada “versão fraca” da hipótese.

 
Se algum dia nos encontrarmos com aliens, podemos começar a considerar a existência de uma hipótese “forte” É o que mostra o filme A Chegada (2017). A protagonista, uma renomada linguista, encontra extraterrestres e começa aprender sua linguagem. À medida em que avança, ela começa a compreender a realidade e o tempo de maneira não linear, sem início nem fim, da mesma forma que alienígenas representam sua linguagem escrita: um círculo.

 

 

Ilustração da linguagem escrita dos aliens. Créditos: Amanda Péchy
Ilustração da linguagem escrita dos aliens. Créditos: Amanda Péchy

 

 

Fora da ficção hollywoodiana, as evidências refutam a hipótese forte. As línguas humanas não são diferentes o suficiente para provocar tamanha mudança de pensamento. Os exemplos que temos na realidade são bem mais sutis.

 
Os falantes da língua aborígene kuuk thaayorre, habitantes de um assentamento ao norte da Austrália, utilizam os pontos cardeais para indicarem qualquer tipo de direção ou localização. É comum se referir ao seu braço norte, dependendo de para onde a pessoa está virada. Isso não significa que eles tenham uma bússola no cérebro para poderem se comunicar. Sua língua apenas propicia que eles deem mais atenção ao seu redor do que nós, falantes do português.

 
As ideias dos pesquisadores que dão nome à hipótese também eram mais sutis. A tese de Sapir estava mais relacionada a lembrar os linguistas que todos os povos têm um recorte sociocultural e que não é possível analisar uma língua tomando como base a sua própria. Como diz o professor de linguística da Faculdade de Letras da USP, Marcello Modesto, “talvez a hipótese forte só se concretize quando a gente aprender Klingon”, em referência à língua falada no universo de Star Trek.

 

Colaboraram: Adan Cunha e Marcello Modesto, linguistas e pesquisadores da FFLCH

 

“Is there anybody out there?”

 

Por Otávio Nadaleto

 

pluto
“O que é mais assustador? A idéia de extraterrestres em mundos estranhos, ou a idéia de que, em todo este imenso universo, nós estamos sozinhos?” – Carl Sagan

Contemplar a imensidão do céu noturno nos faz embarcar em uma série de divagações nem sempre agradáveis. O que existe além de toda essa escuridão? O quão pequeno somos perto da imensidão do universo? E, é claro… tem alguém aí? Cada vez mais cientistas e estudiosos se convencem da ideia de que podemos não estar sozinhos. Enquanto nada é efetivamente provado, carregamos o peso existencial da dúvida. Mas por que ainda nos assustamos com a possibilidade de haver vida em outros cantos da galáxia?

“A existência de vida fora da Terra inaugura uma série de questões teológicas difíceis de se lidar. Os alienígenas são filhos de Deus? Caso sim, eles também pecam? Caso não, eles são seres perfeitos? E por aí vai”, afirma o psicólogo Leonardo Breno Martins, que há anos estuda a relação entre humanos e supostos alienígenas. Além disso, a existência de vida em outros planetas exclui a humanidade do centro simbólico do universo. “Copérnico foi revolucionário ao tirar a Terra do centro do universo, mas boa parte da humanidade ainda se sente no centro dele enquanto a obra prima da existência”. Comparado a raças alienígenas, podemos ser meros primatas. Nossa insignificância cósmica é perturbadora.

1. Universo visível tem aproximadamente 92 bilhões de anos-luz de diâmetro.

2. Há pelo menos cem bilhões de galáxias no universo.

3. Só na Via Láctea, há 20 bilhões de estrelas similares ao sol. Pelo menos 5% têm um planeta habitável. O resultado é 1 bilhão de planetas parecidos com a Terra na galáxia.

4. A Via Láctea tem 13 bilhões de anos. A Terra, 4 bilhões de anos. Antes disso, outros planetas com condições habitáveis tiveram muito mais tempo para desenvolver vida inteligente.

5. Segundo a MUFON, rede colaborativa de investigações de UFOs, entre 90 e 95% dos avistamentos de ovnis são facilmente explicáveis. Em 2013, 6448 casos foram considerados “não resolvidos”.

6. A pesquisa do psicólogo Leonardo Breno Martins concluiu que pessoas que alegam terem avistado OVNIs são tão ou mais mentalmente sãs que a maioria das pessoas.

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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