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internet em transe

 

Por fernanda zibordi e paloma lazzaro

 
arte: nicolle martins

jesus camarão, mulher-pé, vaca coca-cola. imagens surreais geradas por ia viralizam no facebook. a falta de sentido não é acidente, afinal, a tecnologia não é neutra. respostas de cérebros nervosos ou eletrônicos já não têm mais tanta diferença para o público, seja humano ou robótico via bot. pesquisa da talk inc indica que 1 em 10 brasileiros usam inteligências artificiais como conselheiras (olá! como posso te ajudar?).

não é desde sempre que códigos binários são tão acolhedores. aprender a jogar xadrez e provar teoremas foram os primeiros desafios de programas limitados e que exigiam dados bem específicos. o rumo mudou quando a linguagem humana passou a ser processada pelas máquinas, e fabricou-se um aprendizado próximo ao considerado “natural”. vieram os grandes modelos de linguagem (estou disponível em 58 idiomas): agora, enormes quantidades de informações são geradas em mentes artificiais.

tanta sofisticação não impediu que criações bizarras se espalhassem pela web. várias plataformas foram contaminadas de forma letal, criando o que se conhece como internet morta. ela nasceu em fóruns conspiratórios décadas atrás, mas ganhou atenção nos últimos anos, com o interesse de acadêmicos em abordá-la após a proliferação de ias generativas populares.

as redes sociais têm certa (você quis dizer: boa) responsabilidade: oceanos de dados e ondas de tendências inundaram o processamento dos bots e foram a corrente perfeita para a expansão deles. de vivas salas de bate-papo para a ascensão da internet morta, bastou que os algoritmos notassem que o agradável é, muitas vezes, mais desejado que o certo.

a maquinização da experiência humana traz preocupações políticas, ambientais e existenciais. hoje, chatbots são vendidos como terapeutas, redatores e professores (também posso criar obras de arte e plantas de apartamento!). na ilusão de uma proximidade que propõe suprir gratuitamente necessidades dos usuários (palavras semelhantes: consumidores, clientes), funções antes humanas se tornaram serviços premium, um privilégio, quando feitas por profissionais reais. 

às vezes, a virtualidade é até um desejo: ias não contrariam nem magoam. não há incentivo ao dúbio no mundo codificado. assim, a sociedade perde complexidade ou a tecnologia se adapta à cultura humana? no final, é um problema ovo-galinha (sinônimo: via de mão-dupla), em que a subjetividade se emaranha com o protocolo das ias.

o limiar entre real e sintético é inquietante, principalmente quando “automação” passa a ser vista como “inteligência”. terceirizar o raciocínio e a opinião é um risco ético. apesar dos benefícios que as ias trazem, a comunicação humana é subjetiva e envolve mais que trocas de comandos e respostas. ambiguidade ou ironia numa sequência de 0 e 1 são nuances que, por ora, não podem ser programadas.

colaboradores: carol de marchi, jornalista de tecnologia e direitos humanos; gabriela ferreira, pesquisadora de sistemas digitais; luciano digiampietri, professor especialista em ciência da computação; maria das graças volpe nunes, cientista e linguista computacional; thomas sommerer, pesquisador e professor de teoria midiática

entre real e virtual

 

Por lucas lignon

 
arte: nicolle martins

desligue a sua câmera. ligue o seu microfone. personalize seu corpo: pele, cabelo, roupas, brinquedos e até fantasia. escolha o seu nome. fique à vontade e relaxe. entre no metaverso.

quando a altura, largura e profundidade não são suficientes para o mundo carnal, é preciso recorrer a uma nova dimensão, ou melhor, a um novo universo. o instituto de tecnologia e sociedade (its) define esse espaço como “a convergência do mundo físico com o mundo digital”. quer saber quem eu sou? sentir quem eu sou? veja meu avatar, ouça a minha descrição e imagine. sou eu, de verdade. eu me reconheço no metaverso e me sinto parte dele.

pensados pela primeira vez em 1992 no livro snow crash de neal stephenson, os avatares virtuais jamais imaginariam que a ficção se tornaria realidade aqui. desde ambientes de educação e trabalho até exposições e shows, o metaverso se popularizou em jogos 2d, mas logo evoluiu para o 3d e até para a realidade virtual, ainda conectada com o mundo real.

foi jogando roblox, plataforma construída pela comunidade, que maria e vinícius começaram seu relacionamento. eles se conheceram como @marysvraa e @vinimahagy em 2021, quando o jogo bateu recordes de acesso, a ponto de estrear na bolsa de valores de nova iorque. entre as mais de 60 bilhões de mensagens diárias na plataforma, os corações escondidos pela skin do jogo pulsaram também por baixo do peito dos jogadores que, hoje, moram juntos e planejam um casamento lá fora.

rita wu fez o caminho oposto: namorava na “vida real” e escolheu o metaverso como altar. na época em que a meta (ex-facebook) trocou de nome e óculos de realidade virtual apontavam o futuro, a internet instável não tirou o prazer da festa com possibilidades quase infinitas. o espaço, roupas e lembrancinhas virtuais somaram 32 mil reais, mas os convidados não tiveram custos de transporte para chegar até aqui. apesar de hiper-conectado, o marido só aceitou o pedido de casamento porque foi feito no plano físico.

em 2024, enquanto as ias protagonizavam, a apple se frustrou com as vendas dos óculos de realidade mista. marlus araujo, fundador de um museu no metaverso, vê a tendência como a superação do ritual de penetração para o virtual, cada vez mais integrado com a realidade. se o futuro nos reserva hologramas ou ias personificadas, ninguém tem certeza. o que dá para saber é que, no casamento entre o real e o virtual, o toque na pele ou aquele cheiro no cangote vai continuar existindo para que o final seja feliz.

colaboradores: rafael oliveti, designer 3d, e shane goulart, diretora de experiências virtuais

RASTROS (IN)VISÍVEIS

 

Por Bárbara Bigas

 

Arte: Alessandra Ueno

No ano de 2011, a atriz brasileira Carolina Dieckmann teve seus segredos roubados. Seu computador pessoal foi invadido por um criminoso, que vazou na internet suas fotos íntimas  após tentativa de extorsão. Diante disso, a justiça brasileira reagiu, dando luz à lei que leva o nome da atriz, que criminaliza a invasão de dispositivos digitais a fim de obter ou adulterar informações pessoais.

O caso foi o início de um olhar mais aprofundado para os crimes cibernéticos, que por vezes tem no anonimato a sua principal característica. Este, no entanto, não garante total segurança ao criminoso que por trás dele se esconde.

A justiça pode solicitar a quebra de um anonimato. O usuário afetado também consegue, com uma notificação extrajudicial, solicitar que os dados desse perfil sejam mantidos. “A preservação é importante, porque se o criminoso deletar as informações que estão na internet, você tem isso guardado”, afirma Leandro Morales, perito forense computacional. 

O segundo passo é buscar o número de IP do usuário anônimo e descobrir sua real identidade. “Quando uma delegacia de crimes cibernéticos recebe uma denúncia, ela tem que entender quais são os aplicativos e as pessoas envolvidas”, explica Leandro. Uma vez que essas informações são apresentadas à justiça ou à polícia, uma ordem judicial pode ser enviada às plataformas — como o WhatsApp ou TikTok — para a obtenção de dados que ajudarão na investigação.

Do ponto de vista da lei, o Marco Civil da Internet determina que um conteúdo como o que prejudicou Carolina Dieckmann deve ser derrubado por ação judicial. Em casos de pornografia contra a vontade do usuário, a plataforma é responsabilizada judicialmente pela retirada do conteúdo. 

Apesar dessa determinação, outras lacunas permanecem na garantia de privacidade dos usuários, especialmente em situações que não tiveram o mesmo destaque do caso Dieckmann. “As empresas, na iniciativa de moderação de conteúdo, falavam que o material não violava as regras em termos de privacidade”, comenta Verônica Barros, advogada de Direito Regulatório e Digital. Isso dificulta a retirada de conteúdos desagradáveis a certos usuários. Paulo Sarmento, advogado de Privacidade e Proteção de Dados, afirma: “Casos midiáticos têm esse apelo por respostas mais imediatas”.

Transgrida. Conecte-se.

 

Por Mirella Cordeiro

 

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Tirei um tempo para me desconectar

Deixei todo o ruído para trás:

Facebook, Twitter, Youtube e Whatsapp

Usei as pernas como meio de transporte

Barthes diria que andar é o gesto mais humano

“Me levem. Quero viver”

 

No caminho, as árvores estavam verdes

Havia flores lilases e amarelas

Eu sequer tinha visto os botões

Deve ser porque passo aqui de ônibus

E, do banco, o olhar é preto e branco

 

Lembro que, na infância, passeava em parques

Hoje, vago e gasto em shoppings

Lá, qualquer moeda tem poder

Pensei em entrar na galeria do bairro

Mas as pernas seguiram resistindo

 

Por que os olhares são vazios?

Alguns assistem ao cabelo da moça

Como se o julgamento estivesse pronto para ser emitido

Antes mesmo que a informação pudesse ser processada

Será que também sou assim?

 

E a reflexão toma conta de mim

A sensação de que nunca andei sozinha é descabida

Vou e volto, dia e noite, com e sem medo

Mas agora vejo em cores

Não só ouço, mas escuto

Me escuto

 

O medo de errar te modifica

e te transforma em outro alguém

Abandona o receio aqui nessa esquina

Vai e vive sua vida

É muito cedo para ceder e só sobreviver

 

Deixei todo o ruído em casa

Resisti ao mundo e respondi aos meus estímulos

Pedi para ser desconectada e falhei

Me conectei a mim

 

Este poema foi escrito com base nos textos Elogio del Caminar, de David Le Breton, Caminhar na Cidade. Experiência e representação nos caminhares de Richard Long e Francis Alys; depoimentos de uma pesquisa poética; de Beatriz Falleiros Rodrigues Carvalho, em entrevista de David Le Breton para Diario de Sevilla e em relatos de caminhantes por São Paulo.

Já pensou em uma internet que faça relaxar?

 

Por Mayara Paixão

 

 

Pesquisas já têm mostrado: a internet e a tecnologia podem influenciar em fatores como a ansiedade humana. No mundo hiperconectado que vivemos, muitas pessoas encontram uma das soluções para esse problema no próprio celular. Pode parecer contraditório, mas te explicamos como os chamados ‘aplicativos para relaxar’ têm sido usados como válvula de escape para os gatilhos desencadeados no mundo virtual.

 

Clique aqui e confira a reportagem online do claro relaxe!

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Favor não se desconectar

 

Por Leticia Fuentes

 

 

Jovens de 18 a 34 anos (mais conhecidos como geração millennial) passam, em média, 6 horas e 19 minutos por dia conectados às redes sociais. É o que revelou um relatório anual divulgado no início do ano pela empresa americana Nielsen.

 

Como uma entre os 1,8 bilhão de millennials espalhados pelo globo, decidi desafiar os dados e lançar meu próprio “experimento”, usando a mim mesma como cobaia: sobreviver a 24 horas sem internet. Recrutei também dois voluntários, Catarina e Daniel, para me ajudar na empreitada (quase) científica.

 

Catarina foi a primeira a desistir. Depois de algumas horas de abstinência, me enviou uma mensagem — que só vi no dia seguinte — dizendo que fracassara. Tecnologia um, millennials zero.

 

Daniel chegou até o final, mas com um pouquinho de dificuldade. Ao acordar, seu primeiro impulso foi alcançar o smartphone ao lado da cama, mas conseguiu resistir e mantê-lo desligado. Concluiu que chegar ao almoço de família sem o Google Maps é uma tarefa quase impossível — mas conseguiu sobreviver para retornar à segurança da internet em seguida.

 

Quanto a mim, estava me sentindo bem durante as primeiras horas. Talvez conseguisse ficar assim por um bom tempo, pensei. Mas fui interrompida por uma ligação.

 

“Por que você não respondeu o post que te marquei no Facebook?”, pergunta uma colega.

 

“Porque não vi”, respondo. O aborrecimento na voz dela dá lugar à preocupação. Sinto como se estivesse sendo interrogada em uma consulta médica.

 

Ao completar o período longe das redes, pego o celular e vejo que outros também mandaram mensagens, preocupados. Afinal, se você passa mais de três horas sem responder, alguma tragédia deve ter acontecido.

 

Avaliando minha experiência, tenho três considerações a fazer. A primeira é que a abstinência virtual parece ser uma patologia grave — quer dizer, médicos mais velhos ainda não reconhecem seus sintomas, mas devem estar desatualizados. Todo millennial sabe das sérias consequências desse mal. Melhor não arriscar. Inclusive, recomendarei que Daniel faça alguns exames, por precaução.

 

A segunda é que millennials tratam a desconexão como uma traição — por isso, fiscalizam a vida alheia o tempo todo. Afinal, se as pessoas começarem a se desconectar, quem dará a elas a atenção que precisam? Proibir que você se desligue pode parecer uma decisão arbitrária, mas é para o seu próprio bem — e da sociedade também.

 

E a terceira é que, se alguém, mesmo assim, quisesse burlar o sistema (por sua conta e risco, claro), a melhor maneira seria forjar sua morte. Bastariam dois dias sem usar a internet — nenhum millennial acreditaria que é possível sobreviver a isso.

 

Segura essa marimba, monamu!

 

Por clarousp

 

Tudo começa com uma boa ideia. Uma boa história origina um livro, uma boa rima vira uma música, uma boa conversa instiga uma nova invenção. Como nasce um fenômeno? Num piscar de olhos, o que era completamente desconhecido ganha sucesso e se torna viral.

A coisa estoura, vem a febre ─ mas e depois? Os fenômenos nos influenciam nas mais variadas situações e têm o poder de transformar nossa rotina. Alguns ditam como nos vestimos, como nos alimentamos e até mesmo o que consumimos nas redes sociais.

No século passado, a invenção da pílula anticoncepcional revolucionou a vida sexual de muitas mulheres. Hoje, a possibilidade de produzir milhares de objetos, de diferentes materiais e complexidades, em impressoras 3D impressiona.

Uma personagem esquisita de uma série, um atleta excepcional com uma história recheada de superações, um vlogger que faz e fala tudo aquilo que você quer ver e ouvir. Fenômenos nos cercam de todos os lados, renovam-se o tempo todo e estão presentes até mesmo na forma como agimos e nos comunicamos.

Nesta edição, o Claro! te convida a ler, entender e explorar mais sobre alguns dos muitos que estão por aí, sejam eles passados ou atuais.

Dieta de likes

 

Por Joana Darc Leal

 

Trimmm. Trimmm. Trimmm. O despertador não para de tocar. “Droga! Atrasada de novo”. Você dá um pulo da cama, veste a primeira roupa que vê pela frente e saí correndo para o trabalho. Na sua cabeça, apenas o arrependimento por ter passado metade da madrugada assistindo a vídeos no Youtube.

O resto do dia transcorre como esperado: um desastre total, nada vai muito bem. À noite, em casa, as notícias no Facebook até ajudam a relaxar, mas o estresse e cansaço estão ali presentes. Você decide que precisa levar uma vida mais saudável e recorre ao seu conselheiro supremo, o Google. Após uma busca simples, ele mostra a técnica que parece perfeita: dieta detox. Sem perda de tempo, você prepara tudo para começar no dia seguinte.

Antes das 7 horas você e seu liquidificador já estão a todo vapor. Para iniciar bem, bebe um grande copo de suco com couve, abacaxi e gengibre e, como não poderia deixar de fazer, inicia a #vidasaudavel nas redes sociais.

O cardápio do dia já está todo montado: no meio da manhã, água de coco para hidratar e foto para o Facebook; no almoço, frango grelhado, salada e post motivacional no Twitter; final de tarde, corrida no parque e vídeo para o Snapchat; no jantar, sopa de legumes e foto para o Instagram. Os likes e comentários positivos mostram que deu tudo certo e você segue a empreitada.

Refrigerante e fritura? Nem pensar, isso não dá visualização. Você aproveita o momento e, logo no primeiro mês, faz um live no Facebook explicando a nova rotina e ensinando a preparar sucos e sopas detox. Tudo natural e ótimo para a audiência.

Agora, sua nova melhor amiga é a nutricionista, indicada em um fórum sobre suplementação. Você a visita duas vezes por mês e não cansa de perguntar sobre os detox mais atuais. O encontro certo é com o dono do Hortifruti, que já reserva as melhores frutas para você. O cenário real é uma geladeira cheia de garrafas com rótulos detox, joelho dolorido pela última corrida, série mais ou menos na TV e uma fome que não encontra querer. O alento que dá forças é a certeza que vai tudo bem quando chega uma notificação no celular e lá está mais uma curtida no foto que postou do almoço.

6 barreiras que fazem da internet um lugar não tão livre assim

 

Por Breno Leoni Ebeling e Felipe de Barros Marquezini

 

O maravilhoso mundo da internet é o lar de tantas informações, redes e conteúdos diferentes que pode dar a impressão de ser um ambiente livre de regras e fronteiras. Mas é só impressão mesmo. O Claro! selecionou 6 fronteiras que mostram que a internet não é um mundo sem lei e que até a web tem seus limites.

 

Tetris fail: quando a destruição da famosa barreira pode ser bem frustrante! Fonte 



1. As fronteiras nacionais

 

A muralha da China, um dos principais exemplos de fronteira. Fonte
A muralha da China, um dos principais exemplos de fronteira. Fonte

 

Hoje podemos ver as Olimpíadas no Rio de Janeiro, visitar o Louvre, ouvir um grupo sul africano apresentando uma canção folclórica local e aprender uma receita russa típica, tudo ao mesmo tempo. Na Internet, a separação entre países parece não significar muito, mas não é bem assim: se os rios e muralhas não podem impedir um sinal de chegar ao seu computador, os governos ainda podem, e impedem.

 

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Gráfico que mostra o ranking de censura na internet entre 65 países. Quanto menor a pontuação, menor a censura. Fonte

 

É o que diz o relatório anual Freedom of the Net, elaborado pela Freedom House. E essa barreira não é fenômeno exclusivo de países autoritários: das 65 nações analisadas no relatório, nenhuma foi considerada completamente livre. Os que mais censuram são China, Irã e Síria, onde os Estados impedem o acesso a sites que fazem denúncias de corrupção ou críticas a seus governos.

 

 

2. As fronteiras econômicas

 

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No "Pokémon Go", o aplicativo do momento, é possível adquirir mais recursos pela compra das "pokécoins"

Outra ideia difundida é que a Internet tem o potencial para diminuir as fronteiras econômicas. São oportunidades iguais a todos os usuários: basta estar plugado à rede. Será? Além dos custos da conexão, dos aparelhos e assinaturas dos provedores, os gastos na rede não param por aqui, como você bem sabe!

Mesmo podendo acessar boa parte do conteúdo on-line sem pagar a mais, são inúmeros os conteúdos restritos que você precisa desembolsar uma quantia para ter acesso. São os chamados paywalls, uma alternativa de receita aos banners inconvenientes que aparecem quando você menos espera. Aplicativos são bons exemplos de serviços do tipo: aparentemente gratuitos, permitem alguma vantagem ou maior acesso quando pagos; muitos sites de notícias e jogos também usam esse recurso.

 

 

3. A Dark Web

 

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Fonte

 

 

Na “vida real” sempre existiram bocas de fumo, mercados negros e prostituição. As fronteiras entre o legal e ilegal não foram derrubadas pela Internet. Talvez você conheça esse “lado B” pelo seu nome popular, “Deep Web”, ou mais especificamente a “Dark Web”. Enquanto a Deep Web é toda a parte não indexada da internet, a Dark Web é aquela que além disso exige softwares, configurações ou autorizações específicas para acesso.

Nos seus exemplos mais inocentes, a “Dark Web” é a parte da Internet que armazena todas a suas senhas e logins. Mas a distância dos olhos do público (e da lei) torna a Dark Web um ambiente virtual atraente para práticas fora-da-lei. O caso mais famoso foi o fechamento, em outubro de 2013, do site “Silk Road”, um mercado negro virtual que vendia principalmente drogas e documentos falsos. Outros sites permitem comércio de armas, acesso a pornografia infantil e atividades terroristas, como fez o ISIS na organização dos atentados em Paris em novembro de 2015.

 

 

4. A fronteira da Justiça

 

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Fonte

 

 

A decisão legal também serve como uma barreira: o restaurante fechado pela vigilância sanitária, o estabelecimento interditado pela polícia, o imóvel desocupado pela tropa de choque. Problemas como esse parecem nem chegar perto da esfera da internet, que pode muito bem ser interpretada como uma terra sem lei. Mas não foi o que se viu em diversar situações ultimamente. Quem não ficou irritado com os bloqueios do WhatsApp? O próprio fechamento do “Silk Road” mostra que a internet não é um lugar além do alcance da lei,  mas apenas um novo espaço onde as pessoas podem atuar.

Isso faz parte do confronto entre direitos individuais e o poder de investigação do Estado (que deve servir para preservar outros direitos também importantes). Os métodos de criptografia que se usam hoje em dia são tão eficientes que podem tornar impossível a recuperação de conversas – pelo menos é o que alegam as empresas. Por outro lado, se o acesso do Estado a mensagens privadas fosse facilitado, isso seria mal visto pela maior parte da população, o que acentua esse dilema.

 

 

5. A fronteira Física

 

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Centro de dados do Google, localizado no estado americano de Oklahoma. Fonte

 

Você já se perguntou “onde” estão os sites que você visita, fisicamente falando? Já que lidamos com a internet em aparelhos eletrônicos e muitas vezes móveis, fica fácil supor que a internet é uma coisa que fica por aí “suspensa” no ar.

Na verdade, a grande quantidade de informação existente na internet precisa ser armazenada em imensos servidores, para que possa ser transmitida e acessada. Os centros de dados do Google são um ótimo exemplo, localizados em prédios que mais parecem verdadeiras muralhas de proteção que em nada lembram a ideia de queda de fronteiras.

 

 

6. A neutralidade de Rede

 

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Ao fazer uma pesquisa básica no Google, muitas vezes as primeiras opções de páginas são anúncios.

 

 

Faz bastante tempo que a liberdade de imprensa é valorizada como parte da democracia. A internet veio como ferramenta para ajudar nesse aspecto. Nela, o usuário vai até o conteúdo, e não o contrário. Isso deveria impedir que seus usuários só tenham acesso àquelas informações “peneiradas” pelas rádios e emissoras de tv, por exemplo. Mas mais uma vez, não é tão simples quanto parece. Essa fronteira é a questão da “neutralidade da rede”, o princípio pelo qual provedores de acesso à Internet devem permitir o acesso a todo conteúdo e aplicações, sem o favorecimento ou bloqueio de determinados produtos ou websites. A neutralidade pode ser rompida pelos provedores de diversas formas, como priorizando o tráfego para sites ou usuários que paguem pelo serviço ou criando pacotes de acesso especial (nos quais se paga mais para acessar conteúdo mais amplo e variado). Embora possa parecer vantajoso para o consumidor, prejudica os serviços concorrentes e, portanto, a diversidade de informação.

 

Edição: Sofia Mendes

 

 

 

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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