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No escurinho do cinema

 

Por Paloma Lazzaro

 
Arte: Diego Facundini e Lara Soares

Corpos entrelaçados, respiração pesada e closes estratégicos. Uma cena de sexo pronta deve ser imersiva ao espectador. Apesar disso, “a sensualidade cênica é toda coreografada. Ao contrário de outros tipos de cena, onde o improviso é comum, se você faz uma coisa fora do previsto, pode ficar falso, não vender para a câmera ou ultrapassar os limites dos seus colegas”, conta Guilherme Senna, ator e coordenador de intimidade.

“Consentimento” é a palavra imperativa da intimidade cênica. “A gente costuma ser bem recebido pelos atores. Às vezes alguns até mesmo percebem durante a nossa conversa inicial que passaram por situações que não deveriam”, conta Ariela Goldmann, também diretora e coordenadora de intimidade. Para Senna, “o exercício para o ator é entender o personagem, quem é aquela pessoa. Nós montamos a coreografia em conjunto, tudo combinado e conversado. Atuando, é melhor já ter essa parte física bem resolvida e poder concentrar em outros aspectos da verdade cênica”.

A coordenação de intimidade recebeu reconhecimento há aproximadamente dez anos com o movimento MeToo, conforme Ariela, que está na função desde 2000. “Diretores me pediam para organizar essas cenas. Então eu fui fazendo, achando um jeito próprio. Nós dirigimos e organizamos as cenas para que sirva à narrativa e o tom e a estética da obra, sempre garantindo a segurança dos atores.” Atualmente, já existem cursos e manuais de como se faz esse trabalho, mas Guilherme também teve que aprender com a mão na massa e revela que conhece pouquíssimos profissionais no Brasil.

Mesmo com crescente profissionalismo e cuidado por trás da produção do sexo nas telas, a reação cultural é menos receptiva. Na internet brasileira, um mero tweet de 2022 pedindo por um “botão de pular cenas de sexo” foi responsável pela popularização do debate e sua discussão na grande imprensa. O caso americano é mais acentuado, com um declínio de 40% da nudez e sexo em filmes produzidos em Hollywood. Desde então, é um tópico dentro do roda a roda de pautas recorrentes na mídia.

Goldmann considera o momento cultural neo-conservador “uma pena, mas acho que isso vai se agudizar. Também tem outro elemento muito rápido e muito forte, que é a rede social e a perda do corpo. Ou seja, a ideia do corpo e do rosto como uma imagem. Isso é o anti-erotismo total. E eu percebi até em alguns atores, que existe menor costume com o toque”. Essa tendência cria um obstáculo não apenas à possibilidade de haver cenas de sexo na tela, mas também à segurança e conforto no set. Senna diz que “quando é tudo pelo não dito é muito mais perigoso, pode trazer constrangimento”.

O fenômeno é, aliás, atípico no Brasil, que tem obras eróticas desde o início de sua história audiovisual. “Desde os anos 1920, a nudez feminina e o sexo são considerados um ‘valor de mercado’. Os filmes eróticos lotavam salas com o público masculino”,  diz Carlos Augusto Calil, cineasta e atual Secretário Municipal de Cultura de São Paulo. 

Porém, “os tempos mudaram, os jovens são muito menos interessados em conteúdo erótico do que a minha geração, por exemplo. O pornô é facilmente acessível, banalizou o erotismo. Ele não é mais um valor de mercado, nem na grande indústria nem no contexto brasileiro”, complementa Calil.

O Extraviado Limite

 

Por Livia Uchoa e Pedro Morani

 
Arte: Diego Facundini e Lara Soares

Roupas chamativas, beleza, horários flexíveis, e propagandas atrativas, são alguns dos elementos que envolvem a profissão escolhida por Deusa e Fabiana. Diurna, Deusa sempre trabalha juntamente com a luz do sol, o que lhe garante mais segurança e flexibilidade. Sua rotina matinal começa com a confirmação de seus atendimentos, marcados por meio de seu contato profissional. 

Antes mesmo de ouvir o que os clientes desejam, ela já estabelece rigorosamente seus limites, o que faz ou não – e todos eles são respeitados. Com uma lista preestabelecida, ela sintetiza seus serviços: trabalha apenas com dominação e nunca como dominada. A violência não faz parte do seu dia a dia, até mesmo suas amarrações são frouxas. Ela não beija ninguém, e, principalmente, não faz nada com o ânus.

A relação com os limites é diferente para Fabiana, apelidada de “a Beata” por escutar louvor entre os atendimentos. Trabalhando por conta própria nas ruas de uma região abastada da cidade, ela fica dependente do movimento da noite. Sem programas marcados ou clientes fixos, ela não consegue prever o que vai acontecer e nem quanto vai receber no final da madrugada, o que abre brechas para situações desconfortáveis e até mesmo perigosas. 

Não beijar, não ter um vínculo amoroso com os clientes ou usar sempre preservativo são regras comuns a ela e suas colegas de ponto. Seu ambiente de trabalho, descrito por ela como hostil, também impacta no seu dia a dia. A Beata tem contato direto com ladrões, mendigos, drogados e todos aqueles que se aproximam em suas armaduras de aço sobre rodas.

Completando duas décadas de profissão, ela se lamenta em meio a lágrimas sobre como sente aversão a tudo aquilo. Sua filha, com recém completados 12 anos, é o que ainda a mantém firme. 

Apesar dos diferentes estilos, horários de trabalho e motivações, Deusa e Fabiana sofrem com o mesmo julgamento. Destruidoras de lares, vagabundas, pecadoras. Esses e outros xingamentos são dirigidos às profissionais do sexo diariamente, mas, claro, em proporções diferentes. A tela do celular protege Deusa, que nem responde pedidos diferentes de sua lista ou feitos com grosseria e arrogância. 

A brutalidade do concreto e das buzinas, porém, expõem Fabiana aos estereótipos da sociedade. Como uma porta-voz de suas colegas, ela conta experiências que revelam a falta de segurança nas esquinas e entre quatro paredes. Uma miserável que levou o golpe de um cliente após ter sido violentamente desrespeitada quanto ao uso do preservativo. Ou também a vítima de agressão física, que não conseguiu denunciar o crime as autoridades. 

Na face da tela ou no abafado cara a cara, os homens casados, que as procuram, conseguem, mais uma vez, estabelecerem seus limites. Contidos pelo receio da segurança digital, ou bem mais atrevidos por causa da fragilidade das leis das ruas para com essas mulheres, eles conseguem se deleitar todas as vezes, enquanto elas precisam diariamente reafirmar seus espaços nas esquinas físicas ou digitais. 

Colaboradoras: Cintia Sonale Rebonatto, autora da pesquisa “Moralidade e sentido do trabalho para profissionais do sexo”; Daiane; Deusa Artemis; Fabiana; e Sara Müller. 

Sexo é escolha, amor é sorte

 

Por Luana Benedito e Luana Franzao

 

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Arte por Bruna Irala e Mayara Prado

 

 

Mais da metade, ou 55,8%, dos estudantes brasileiros de 16 a 17 anos das redes pública e privada já tiveram relações sexuais, segundo dados do IBGE de 2019.  Na faixa etária de 13 a 15 anos, a porcentagem é de 24,3%, e, entre todos esses adolescentes, 36,6% transaram pela primeira vez com 13 anos ou menos. 

 

Embora possa parecer que os brasileiros têm pressa em começar os trabalhos, ainda há pessoas convictas que, contrariando o clichê de que no Brasil é “Carnaval” o tempo inteiro, escolhem esperar até o casamento antes de dar a primeira mordida na maçã. O que causa estranhamento, por diversos motivos. E se a lua de mel for horrível? E se não houver compatibilidade? Não é importante experimentar com pessoas diferentes? São algumas perguntas que rondam a mente dos jovens sexualmente ativos.

 

Só que os adeptos do celibato tendem a dar de ombros para esse tipo de questionamento. Para eles, o estranho não seria, justamente, se precipitar?

 

Saia da casa dos seus pais, arrume um cônjuge e só aí a vida sexual pode começar, diz Nelson Junior, pastor e fundador do movimento cristão Eu Escolhi Esperar, citando Gênesis 2:24 – isso, claro, se deseja viver fora do pecado. Se seguir a palavra divina, Deus colocará a pessoa certa no seu caminho, e, depois de unidos na saúde e na doença, o sexo consumará uma aliança eterna. 

 

Para a influenciadora digital cristã Duda Leal, 24, que escolheu esperar, o casamento é um espelho do que foi a relação de Cristo com a Igreja – um amor tão forte que um seria capaz de dar a vida pelo outro. “Eu quero ter isso com um companheiro”.

 

E não é apenas a fé que leva à tardança, mas também a busca pela alma gêmea ou a falta de parceiros. Tive alguns rolinhos sérios, mas não confiei em ninguém”, diz Letícia, 20, ao relatar que gostaria de escolher “alguém especial” para o ato e que sua espera “não tem nada a ver com motivos religiosos”.

 

Malu e Danilo, ambos 23, que são casados e esperaram a união, citam a vontade de ter uma conexão amorosa antes da física como um dos principais motivos da decisão: “Um relacionamento não depende do toque”. Eles relatam que foram questionados várias vezes e já sentiram resistência em falar sobre com opositores: “Tem gente que joga uma bomba em cima disso, mas é um propósito”.

 

Impressões externas à parte, a decisão de esperar deve ser tomada com cautela, alerta a sexóloga Bruna Fernandes. Muitas vezes, escolher esperar envolve a busca por uma pessoa perfeita, o que pode gerar frustração. Afinal, todos têm defeitos.

 

Ela também diz ser muito comum receber em seu consultório pacientes que, mergulhados em comunidades conservadoras, passaram a acreditar que seus desejos sexuais – puramente biológicos – são errados, o que pode levar a disfunções na “Hora H”.

 

Mas isso não significa que o celibato leva sempre a problemas, ressalta. O risco é o jovem não estar consciente do funcionamento de seu corpo e confundir seus impulsos sexuais com algo ruim.  “Não existe virada da chavinha depois que a pessoa casa; isso é algo que ela vai levando para a vida.”

 

Colaboraram:

Bruna C. Fernandes, sexóloga e psicóloga

Darci Vieira da Silva Bonetto, doutora e membro do Departamento Científico de Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)

Curso Básico disponibilizado pela organização Eu Escolhi Esperar, ministrado por Nelson Junior, pastor, e Angela Cristina, pastora

Maria Eduarda Leal, estudante e influenciadora

Letícia Anção, estudante

Malu Ponso, influenciadora

Danilo Cantieri, dreadmaker

Valentina W., estudante

Andressa F., estudante

Juliana R., estudante

Tantra: libertação, sexo e prazer

 

Por Vitor Garcia

 

TANTRA

 

Imaginado como sexo exótico, o Tantra vai além. Sua filosofia pode ser definida como estado de presença, no qual instintos mandam menos. Para seus adeptos, é respeitar e conhecer a própria natureza. Sem se castrar, sexualmente ou não, pelo controle moral. É, no fundo, um tesão pela vida. Uma vida orgástica.

 

O conjunto de preceitos é amplo. Sem uma data de origem definida, sabe-se apenas que seus princípios remontam uma sociedade que existiu onde hoje é o Paquistão e a Índia. Lá, florescia uma cultura onde o feminino era cultuado, a natureza era parte integrante da vida e a relação com a sexualidade e os corpos era outra. A energia sexual era vista como criativa e transformadora.

 

Hoje, a prática surge não apenas como forma de se ter mais prazer no sexo, pelo prolongamento e multiplicação dos orgasmos. A real intenção é levar a energia sexual, Kundalini, para todas as esferas da vida. Desvincular orgasmo de genitália e penetração. Afastar-se de modelos pornográficos e de prazer imediato. Tudo por meio de respiração, meditações ativas, mantras. E as famosas massagens.

 

No método Deva Nishok, os quatro níveis delas seguem uma ordem específica. Isso garante que a mente se afaste, aos poucos, da fantasia erótica. Na sensitive massagem, há o primeiro contato: um leve toque da mão por todo o corpo. Depois, parte-se para as genitais, sem se limitar a esse local: as massagens do Êxtase Total, do Yoni/Lingam (vagina e pênis, respectivamente) e de estímulo à glândula de Gräfenberg, o ponto G feminino, e à próstata, o ponto P masculino.

 

Para seus adeptos, as técnicas são meios para se ampliar a consciência. Com isso, nos valorizamos mais e passamos a compreender a fundo o eu e o outro. Daí um motivo pelo qual o Tantra age na cura de disfunções sexuais, transtornos psicológicos e na liberação de hormônios do prazer.

 

Ultrapassando visões de sexo como algo pecaminoso, busca-se viver o prazer em sua plenitude, com o uso dos cinco sentidos. O sexo torna-se mais natural, libertador. Empodera a vida em sua totalidade.

 

Ao mesmo tempo, há ressignificação de experiências traumáticas e derrubada de interdições impostas desde a infância por família e religião. Nesse sexo, ninguém existe para dar prazer ao outro. Prazer apenas se compartilha, pois está em nós.

 

Colaboraram as/os terapeutas Rosana Cidrão, Junior Ciuniti (que possui um projeto para homoafetivos) e Thais Kaveesha (que desenvolve um trabalho exclusivamente com mulheres).

 

Livres para amar, gemer, gozar

 

Por Bianka Vieira

 

Amor é livre e sexo também!

Todos somos livres.

Livres para amar, gemer e gozar. Confira relatos de liberdade sexual no Claro! social.

8 ALTA

A nossa parte mais animal

 

Por Rafael Oliveira

 

O que nos mantém vivos? O que mantém as espécies longe da extinção?

 

Na primeira metade do século XX, algumas correntes da psicologia, como a behaviorista, negavam a existência de um comportamento inato inerente aos animais, e “dogmaticamente, declaravam que todo o comportamento era aprendido”*.

 

Em seu A Gaia Ciência, porém, Nietzsche —  intitulado pelo próprio Freud como “o primeiro psicanalista” — diz que “sem a associação conservadora dos instintos, se essa associação não fosse infinitamente mais poderosa que a consciência, não haveria regulador: a humanidade sucumbiria sob o peso de seus juízos absurdos, de suas divagações, seus juízos superficiais e de sua credulidade, numa palavra, de sua consciência: ou antes, não existiria mais há muito tempo!”.

 

Se há alguma divergência entre as correntes da psicologia sobre o funcionamento (e, de certa forma, até a existência) das ações instintivas, também não é difícil achar opiniões destoantes entre “cidadãos comuns”.

 

Fernanda Guillen e Júlia Moura têm basicamente a mesma idade e cursam a mesma graduação. Em um dos mais controversos instintos, pelo menos na análise do comportamento humano, elas se afastam.

 

A primeira nunca teve vontade de ser mãe. Não gosta muito de crianças e acredita que o que a sociedade entende como instinto maternal impõe que as mulheres tenham esse desejo. Aos 21 anos, não aguenta mais ouvir que é ingênua e que vai mudar de opinião sobre o assunto.

 

A segunda também não tinha essa vontade. Até perder sua mãe no meio da adolescência. Desde então, nutre o desejo de colocar um bebê no mundo e estabelecer o vínculo “insuperável e incondicional” entre mãe e filho. Para ela, a vontade é fruto tanto de uma construção psicológica e de certa forma imposta pela sociedade, quanto de um quê biológico, quase irracional.

 

A discrepância no comportamento das duas de certa forma se aproxima ao que pensa a psicóloga analítica Telma Chirosa. Para ela — seguidora da corrente junguiana, que inclui a atividade da reflexão e da espiritualidade no campo do instinto — há uma influência da civilidade e da sociedade na ativação ou não de um comportamento instintivo, que também é afetado pelo grau de individuação, de autoconhecimento e contato com o inconsciente de cada pessoa.

 

Na luta pela sobrevivência, no sexo ou na maternidade não há um padrão absoluto seguido pelos humanos, mas condicionais que afastam pessoas semelhantes e aproximam pessoas distintas.

 

 

[Fonte: *Artigo “Instinto, etologia e a teoria de Konrad Lorenz” de Átima Clemente Alves Zuanon]

 

Entre. Cabeça aberta

 

Por Guilherme Caetano

 

“A Devassa vem sempre aqui com o marido e o amante”, conta a crossdresser Pâmela*, enquanto nos leva para conhecer a casa de swing que frequenta, na zona leste de São Paulo. “O marido gosta de assistir [à esposa transar com o amante]. Ela vai para o quarto e arregaça. Às vezes, até nos atrapalha, porque os meninos vão todos para lá”.

 

Frequentadora assídua da casa, Pâmela descreve o estilo do local. Trata-se de uma espécie de clube liberal para casais que desejam praticar o swing –relacionamento sexual entre dois ou mais casais como forma de entretenimento. Liberal, sim, mas com limites.

 

A casa é composta por vários quartos (particulares ou compartilhados), cômodos escuros e preservativos à vontade. O objetivo é ser convidativo para que os clientes possam se divertir. Uma mesa cheia de comida está sempre servida e há diversos bancos do lado de fora, próximos ao bar em que as bebidas são vendidas, para incentivar o vendidas, para incentivar o bate-papo. A dona da casa, Vanessa*, conta que gosta quando os casais fazem amizade entre si antes das “brincadeiras”.
“Ninguém é obrigado a nada. Eu posso estar sentada ali no canto, assistindo a um casal transar. Se eles não permitirem, ninguém encosta. Fora isso, a gente assiste à distância, para respeitar o momento do casal. Há sempre regras”, afirma Pâmela, enquanto checa as mensagens no Whatsapp e traga seu cigarro.

 

O “não” tem que prevalecer sempre e os casais precisam estar à vontade para demonstrar sua vontade. É comum, segundo Pâmela, que o homem ou a mulher peça a permissão ou a opinião do outro para dar qualquer passo. A crossdresser diz que a pergunta mais frequente é “você quer, amor?”.
O público desse tipo de ambiente não é, no entanto, sempre tão resolvido. O consenso entre eles é que o casal precisa trabalhar muito bem essa ideia antes de experimentá-la. Não raramente há desacordo e até consenso entre eles é que o casal precisa trabalhar bem a ideia antes de experimentá-la. Não raramente há desacordo e arrependimento por conta de um ciúme imprevisto.

 

Há pessoas que extrapolam os limites. “Às vezes temos que dar uma podada em alguém. Eu sempre repito: a casa é liberal, desde que seja de comum acordo”, diz Vanessa. “Não é ‘gozou e vai embora’. Não precisa ter romance, mas não pode tratar ninguém como depósito de esperma”.

 

Questionadas sobre a palavra que melhor define o swing, ambas foram consensuais: respeito. O perfil dos frequentadores é múltiplo. “Aqui vem gente de todo o tipo, do ‘mamando’ ao ‘caducando’. Apareceu, a gente brinca. E não discriminamos, pois a pessoa não pode se sentir isolada, excluída”, afirma Pâmela. Ter cabeça aberta e saber que “não é não”. Sem isso, repete ela, não rola nada.

 

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Por Guilherme Caetano

As margens do sexo

 

Por Isabel Seta

 

 

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Baseado em depoimentos reais

Perdi a virgindade com um puta amigo da faculdade e, depois, só ficamos mais amigos. Hoje eu vejo o sexo como um complemento da amizade. Na maioria das vezes rolava como brincadeira mesmo, era uma demonstração de carinho entre duas pessoas. Como era minha primeira vez, eu tinha vontade que fosse algo a mais. Era só uma brincadeira para mim, sabe? Mas deu tudo errado. Estragou a amizade. Era para ser casual. Me apego muito fácil, eu diria que quase sempre o sexo é algo a mais para mim. Sempre separei amor de sexo. Sexo é sexo, só. A partir do momento que você normaliza o sexo, é possível manter a amizade. Olha, na verdade, hoje namoro o meu melhor amigo, nunca imaginei que fossemos ficar tão ligados. O sexo é prova de amor, sinal de confiança, de entrega de desejo. Mas o amor, para mim, é maior que tudo – definitivamente maior que sexo. Acho que o problema é que muita gente não sabe separar o sexo do emocional, o sexo não interfere na relação. O sexo é algo que pode alterar muitas coisas. Transei com um casal de amigos e nos dávamos muito bem, até que, de repente, nos afastamos muito. Quando eu me defino como bissexual, eu coloco o sexo como parte de quem eu sou. É confuso, porque o sexo é algo que sempre existiu e é estranho pensar que algo que sempre existiu possa ter mudado a minha vida depois de eu ter experimentado. Acho que o sexo deixa, de fato, duas pessoas mais próximas e cria uma nova tensão, um novo vínculo. Transei com uma super amiga e nossa reação foi “que porra é essa?”. Penso que, às vezes, tentamos fingir que conseguimos transar sem emoção nenhuma a mais – fora tesão –, mas acho que não funciona. Não entendo se transamos porque nos conhecemos muito bem e temos um laço muito forte ou se, em algum lugar, nos amamos. É um momento que ouço os barulhos do outro, toco o corpo do outro, tudo isso diz muito sobre mim – e sobre o outro. Pode ser uma fronteira facilmente transponível, que nos aproxima, ou uma barreira, que acaba nos afastando. Porque fazer sexo não é garantia de amor. Posso sentir atração ou repulsa – ou qualquer  combinação dessas duas coisas. Dois sexos, para mim, nunca vão ser iguais. O sexo vai muito além de você, de mim. É o meu momento mais íntimo. Parece que o primeiro contato com o sexo quebrou uma barreira nas formas de se relacionar. Mudou minha forma de ver algumas coisas, como se uma fronteira se diluísse e o sexo fosse mais uma maneira de se conectar, de se conhecer.

 

O claro! é produzido pelos alunos do 3º ano de graduação em Jornalismo, como parte da disciplina Laboratório de Jornalismo - Suplemento.

Tiragem impressa: 5.000 exemplares

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